junho 03, 2001



Moro no Rio

Mais exatamente aos pés do Pão de Açucar. Apesar do morro não ser, em minha opinião, o ponto mais bonito da cidade -- ele é batido de longe pelo Cristo, é um excelente lugar para se morar. O bairro é a Urca, um local esquecido da turbulência urbana. Temos um único restaurante, 1 supermercado, dois mercadinhos e 1 sacolão. Farmácias são duas, e fregueses não faltam. É que é um bairro que convive com as extremidades da espécie humana: há crianças e idosos. Na minha faixa etária, do meio, da meia idade, somos poucos. Acho que estou aqui, guardando o meu lugar para daqui a pouco. Exagero. O legal é você ter uma vista linda, estar quase toda cercada pelo mar e o melhor, de vez em quando ouvir o apito dos navios entrando na barra. Parece filme o som forte e longínquo do navio. Muito melhor que o de trem, que só me lembra a pressa e a Central do Brasil.

Há outras rotinas. Moramos no final do ponto do ônibus e conhecemos o despachante e boa parte dos motoristas. O cachorro do meu filho -- o cachorro que é do meu filho, melhor dizendo, é o mascote da linha. É um labrador creme, lindo, carente, que não late, amigo de todo mundo. Sua rotina é passear pela manhã, ir comer um pãozinho com os motoristas e depois voltar para casa, comer a sua ração. É o retrato de um dia-a-dia.