outubro 20, 2001

Como sempre com um certo atraso

Bem, já passou o Dia do Professor --mas este aqui é um espaço atemporal. Pois então, as coisas vêm à cabeça e baixam por aqui. E me perguntei o porquê de, apesar de ter sido , professora toda a minha vida, não falei no dia antes. Primeiro, porque ser professor é estar sendo professor. Uma turma, olhos curiosos, atentos e desatentos, barulho, silêncio, cumplicidade, troca, compreensão. incompreensão, mandos e desmandos, certezas e incertezas -- pessoas que caminham lado a lado, cada um dando conta pro outro da sua experiência. Gostaria de ter sabido disso desde o primeiro dia em que pisei numa sala de aula, então aos 17 anos. A classe média, então ia aos subúrbios, mostrar a sua cara e, deixar por lá os seus valores. Era assim naqueles tempos. Porém, nunca desconsiderei o que o aluno sabia e o quanto aquele saber era útil -- mas ele era ---- o ponto de partida, não a almejada chegada estacionária. Certo ou errado levávamos informações não acessíveis aos alunos. O que se considerava é que todos pertencíamos e estávamos inseridos num mesmo universo de conhecimento. Os valores eram descontextualizados da realidade próxima dos alunos? Muitas vezes sim, pois falávamos de fatos de que os alunos nunca tinham vivenciado. Vi acontecer o inverso, muitos anos depois já Supervisora em escolas particulares. O professor sabia o que contavam os livros; os alunos já haviam vivido a experiência. Assim, lugares nunca pisados pelos professores, eram bem conhecidos dos alunos.
Nada de acadêmico nestas observações. Apenas reflexões picotadas e escondidas aqui e ali na minha cabeça.