janeiro 04, 2002

A cabeçada familiar foi à praia

A sobrinha que mora em Miguel Pereira veio passar uma semana no Rio. Hoje, ávida pela vida no nível do mar e mais fissurada ainda por um banho nas límpidas águas (muito menos) dessa linda cidade, veio aqui para irmos à praia.

Normalmente, vamos à praia do Forte, mas diante da multidão composta do filho, da irmã e da mãe dela, além da Tina, LF, o neto, e eu fomos para a praia da Urca, onde a entrada é franca.

Bem, moro há anos aqui e quando muito essa praia, para mim, é só para fazer a aula grátis. Mas vá lá. Tudo por uma boa causa.

Nossa, que farofa. Nada mais do que de repente, saiu da bolsa da Tina pastéisinhos daqueles bem gordurosos. Andréia sacou uns biscoitinhos de feira; foram comprados côcos, biscoitos de polvilho, coca light e comum. Nunca vi uma capacidade de aclimatação tão instantânea.

Foi tanta a confraternização que um grupo de rapazes atrás de nós, perguntou: - Colega, quer uma cerveja? Não, péra aí, colega é demais. O grupo que saiu com essa pérola jogava baralho em cima da geladeira de isopor, agora servindo de mesa.

Some a esse quadro tão espontâneo, uma criança de 4 anos que mora na serra e ainda está na fase de achar a areia o máximo, além de imaginar que todo mundo também acha. Só a minha canga foi sacudida umas três vezes, pois já se confundia com a areia.

A areia pós-reveillon é uma cantiga à parte, além dos ossos de galinha! Essa história de levar frango para a praia existe mesmo; não é ficção. Ficção mesmo é o desaparecimento dos outros ossos do frango, porque só se vê aquelas coxinhas pequenas, os drumetes.

Como rescaldo das festas de final do ano o Bruno, a criança do amor às areias, achou um colar e queria que a mãe o aceitasse. Vá tentar explicar a alguém de 4 anos, quem é Iemanjá. Experimente. Melhor; não tente jamais. O neto encontra uma moeda de 25 centavos e já no espírito mistico-familiar joga de volta para o mar, junto com um pedido.

Fiquei tão cheia de areia, mas tão cheia de areia grudada no pescoço, que não houve mergulho que desse jeito. Só mesmo com uma bucha, mas também já seria demais.

Essa aventura assim tão popular tem lá as suas vantagens. Por exemplo, você não precisa ficar preocupada se estiver com umas gordurinhas a mais, pois gente acima do peso tem aos montes. Não precisa ficar encolhendo a barriga até formar aquele buraco no estômago, porque ninguém está nem aí para você. O importante é o frango, o biscoito de polvilho e ficar muito contente por estar na praia, colega.