maio 21, 2002

Profissão: "do lar".

Emancipada, independente, empresária -- mulher! Pois então, muito moderno isso tudo. Mas hoje, estou tão cansada, trabalhei tanto essas duas semanas, que me bateu uma saudade de arrumar as minhas gavetas; de re-descobrir quais são mesmo os meus sapatos de inverno; como andam as minhas roupas...Com tanto trabalho, você reparou que a mulher ficou lá pra trás? Ah! Vou dar um jeito nisso rápido. Não que para isso eu tenha que arrumar as gavetas -- isso merece muita inspiração; mas ganhar dinheiro e não ter físico para gastá-lo, tô fora! Para você ter uma idéia de a quantas eu ando, amanhã tem festa no Carioca da Gema, um lugar onde se dança e que dizem ser super legal. Além disso, podia ser o meu codinome. Você acredita, que apesar da promessa de me pegarem no aeroporto e me levarem para lá, eu ainda estou resistindo? Não é cansaço. O carioca, assim como o sertanejo, é antes de tudo, um forte. Saudade do tempo em que trabalhava meio expediente, na escolinha perto de casa, onde os filhos também estudavam. Saíamos e voltávamos juntos. Aí eu podia arrumar gavetas e sabia de cor os sapatos que estavam no armário. Agora, trabalhei muito, juntei um monte de sapatos e quando os redescubro, são gratas surpresas. Isso não quer dizer que quero voltar a ser a Joyce que eu era, principalmente porque nem sei mais como essa de lá era. Sou outra mulher: emancipada de um passado que passou; independente para escolher os meus melhores caminhos e com um monte de sapatos. E tudo isso, sempre com a maior ternura, que é a palavra mais terna que conheço.

O que quero dizer é: não importa quantos sapatos o dinheiro possa comprar: o que importa é aonde você pode ir com eles -- seja empresária ou do lar! Independência e emancipação é isso; claro que com uns trocadinhos na bolsa é ainda melhor!