Espreitando o mundo.
Monika Sapek
O site com fotos excelentes é dica do Zamorim
Olhando para a foto da senhora na janela me bateu uma saudade daquelas que tinham parapeito para você ali se encostar e ver a rua. Os edifícios modernos, com suas janelas de vidro, têm apenas o espaço para o vidro correr de lá pra cá, abrindo ou fechando as casas para o mundo, deixando que você o olhe através delas.
Já reparou como hoje os edifícios têm varanda? E que raramente você vê alguém nelas? Eu sonho com uma varanda, mas talvez se tivesse, também pouco sentaria lá e olharia a vista, as pessoas ou tomasse o meu café por ali. É um hábito que está se acabando nas grandes cidades. Há edifícios que as janelas nem abrem, graças ao ar central.
Essa senhora aí de cima lembra o tempo em que você chagava na janela, gritava para a vizinha de cima e perguntava: Claudia, você tem farinha para me emprestar? Estou no meio de um bolo e vi que a que tenho não vai dar. Aqui na Urca ainda rolam esses diálogos. Mas a rua parece chamar as pessoas para fora e não dá mais para ver a banda passar da janela.
Mas nada acontece por acaso; como também não tem mais banda, para que ficar na janela?
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