Sei lá eu que forças cósmicas se juntam e te dão a garantia de que falar com elas é um monólogo com o seu espelho.
Será talvez a única miragem que irá encontrar na travessia desértica e solitária tão comum na tristeza.
Em análise fala-se no lugar do morto; aquele lugar em que o analista se instala, como um morto mesmo, não para apontar caminhos, mas para provocar você a se ouvir.
Para nós, humanos profissionais, gente comum, que quando muito tenta viver, é um lugar difícil de ser ocupado, pois no desejo de auxiliar o amigo, queremos palpitar, apontar saídas e assim, pensamos ajudar.
Muito mais complicado é você confiar de que o amigo, ao ser capaz de ouvir a si mesmo, pelas palavras que traduzem o seu desejo, encontrará a sua via de resposta. E, simplesmente, ouvir.
O grande gozo do bom ouvinte é solitário, pois quem o procurou, buscando uma solução, dificilmente reconhecerá a ajuda muda que recebeu.
Eu me orgulho de ter cruzado com gente que ouve e confia assim. Poucas, muito poucas, mas meu Deus, preciosas.
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