agosto 22, 2001

Guarda-tralha

Nunca fiz teste vocacional, mas se tivesse feito e se não desse esta minha compulsiva mania de guardar coisas, eu iria desacreditar no teste. Estou me dando conta desse aspecto da minha personalidade, agora que descupinizei o armário do mini-escritório que tenho em casa. Nada daquela casinha de boneca de uns escritos atrás, nem tampouco o novo. Enfim é um espacinho, que agora concluo ser elástico. Cheio, cheíssimo de papéis em branco, que nunca lembro que tenho e acabo, escrevendo em qualquer lugar e depois não sei onde escrevi; textos que sei que são ótimos, mesmo que não os tenha lido -- ainda; revistas enormes, onde tem 1 único artigo que eu vou ler um dia; imâs bonitinhos; bonequinhas Fofolete; 2 bichos de pelúcia; relógio de mesa; a minha magnífica arroba; uma fonte seca, por conta da dengue. Descobri um monte de LPs; álbum de casamento; trabalhinhos da Tina e do LF, o neto, da pré-escola; o som velho e escangalhado do LF, o filho; contratos de trabalho; projetos e por aí vai.
E então, o que jogar fora? Na maioria das vezes -- nada, mas agora estou me esforçando tanto, que faz uma semana que o técnico aplicou o remédio e tudo continua exatamente como ele deixou. Me dei um mês para colocar ordem no pedaço.
Mas sei que não estou sozinha. Tenho um amigo, que mora sozinho e que inutilizou a mesa de jantar de 6 lugares: ela está coberta de escritos que ele vai ler um dia. Só quem mora sozinho pode fazer isso, não é mesmo? Quem sabe um dia a gente, junto, lê tudo isso? É só combinar.