é ouvir os passarinhos; alíás a zoada que eles fazem. Hoje, especialmente parece que a comunidade estava num congresso de babel -- cantorias em todos os tons. Como fui a pé para a aula grátis, onde fui chamada de atleta (!!!??), pude ver como o bairro acorda. As calçadas são varridas; algumas, lavadas. Os carros saem das garagens e recebem uma ducha de balde, como que para acordarem. Os moradores começam a deixar o bairro, a caminho do trabalho. Moradores de outros lugares chegam aqui para trabalhar. É o movimento migratório diário que movimenta as manhãs. E, mais que tudo, ou melhor dizendo, na minha rua, acordar na Urca é ouvir os primeiros sons do vozeirão do Antonio, o porteiro do meu prédio. Do meu prédio é exagero e puro egoísmo. Ele é porteiro de uns 5 prédios aqui na rua + lavador de um monte de carros + quebrador de galho número 1 + guardador da chave das casas + centro de recados + pagador de condomínio + etc. Eu, particularmente, sei da presença dele porque dificilmente consigo ler o jornal na minha sala, sem ser molhada. Ele molha o jardim, eu e a sala. Com tantos afazeres ele se desdobra. Sua primeira providência é colocar um balde ou uma vassoura ou algum outro indicador qualquer da sua presença, em cada um dos prédios. Feito isso, ele se concentra num prédio de cada vez -- mas todo mundo sabe que ele está na área. Nunca se sabe muito precisamente em que pedaço da área -- mas que está, está. Se de todo, você não o encontrar: tente a pracinha -- ele adora palpitar no jogo de damas que acontece por lá.
agosto 21, 2001
Acordar na Urca ...
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