janeiro 31, 2002

"Dize-me poeta, que fazes? - Eu celebro!" Rilke

Então, ontem celebramos a futura ausência de uma amiga que se afasta, em busca de outras tintas ou outras especiarias de Provence. E, como sempre, a tal da urgência que dá em todos nós para comemorar, me faz concluir que só pode ser a maneira que encontramos de zoar com a saudade. Rir e zoar muito mesmo com ela, pois como disse o Mestre Drummond, "...a ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim".

Então comemoramos entre risos, falas e charutos. Fomos ao Esch Café. Meu Deus, que charme de lugar é aquele? Começa com a fachada maneiríssima naquela rua "eterno point", a Dias Ferreira. Aí você entra e parece ter entrado no show Tributo a Tom Jobim. Todos os rapazes que atendem às mesas usam um chapéus meio de lado, que parecem o do Tom. E os chapéus dão a eles uma dolência cubana que só quem fuma charuto vai entender. Ninguém é frenético nesse lugar. Ninguém tem pressa. Nenhum garçon fica rondando a sua mesa, naquela meia pressão insuportável para que outro cliente a ocupe. É só curtir, entre uma baforada e outra. E curtir a decoração, a música, as televisões, o ar do charuto no ar, a cerveja geladíssima, e nós, ontem, acrescentamos os amigos -- os bons e velhos amigos. Muito riso, amor, amor, amor, carinho e ternura. Precisa mais?

Mesmo sem precisar, teve mais e que mais...! Os bota-gosto: pãezinhos acompanhados de um patê maravilhoso, uma manteiga e um azeite quente. Entre os pães têm uns "joelhos" pequenininhos tipo "fala sério", recheados de queijo e presunto. Seguimos no embalo das comidas de quarta `a noite: presunto de parma enrolado com mussarela de búfalo, com umas folhinhas de rúcula; beiju com parmesão e beiju com carne seca e requeijão (essa é para o Julio -- a Bahia é aqui); pasteisinhos de queijo brie; carpaccio de carne e de salmão; queijo camembert (meio derretido) com geléia de damasco e nozes; um sanduíche enorme que o Dadum devorou em segundos, comendo inclusive a alface de enfeite; e um caldinho de feijão para arrematar.

E é claro, fumamos charuto. Quer dizer, eu pessoalmente, tirei fotos, fumando charuto. Vou mostrar a você, caso a minha cabeça tenha ficado direita, sem cair para um lado ou para o outro. Descobri que há uma técnica ainda desconhecida para mim sobre fumar charuto no ritmo da sua respiração. Não aprendi e só sei fazer pose. Tenho uns bons professores.

Bem, como você vê, @joyce "desce a lenha" quando o serviço é tipo quiosque, mas fala bem quando é bom. E olha, Cuba é no Leblon, pode acreditar. O máximo, como costuma dizer uma pessoa pobre de vocabulário, que nós conhecemos.