fevereiro 11, 2002

Na dúvida -- pró réu.

Até hoje estou em dúvida entre os dois títulos: escrita fina ou tinta molhada. O primeiro, entendo como causa; o segundo, como a grande conseqüência. Pois esse é o meu grande objetivo: marcar tal qual tinta molhada. Marcar de forma que nenhum removedor retire; e manter a marca sempre com o mesmo brilho, comum à tinta molhada.

O por quê do espanto? Nunca me coloquei como one way; não na vida, menos nas relações. Afinal, qual essa de ser mata-borrão, que tirava da tinta o seu brilho, que garantia a certeza de nenhuma mancha sobre o papel, que tirava da tinta o viço e a tornava estátua indelével? Quero ser tinta fresca sempre, molhando a cada toque quem se encosta ou chega perto.

O que é que eu posso fazer se nunca tive a tendência às coisas secas, tipo esferográfica, que não brilham, nem quando escrevem? Seu único brilho vem de quando estouram e aí só causam estragos. Não quero estragos; não para mim, nem para quem chega junto. Quero ser tinta-molhada, tinta-mulher -- sempre.

BlogUpGrade I - do Claudio em resposta ao meu comentário de que complicado é conviver com a idéia de que se é tinta forte e descobrir-se tinta aquarela lavável, onde não queria ser. Mas os enganos fazem parte da vida, não é mesmo? "Ai, ai, ai... Se a gente descobre quem a gente realmente é, já é um grande passo, menina. De repente, vale como uma mudança:
- na parte da vida em que a gente viveu como tinta, pensou como tinta, achou que fosse tinta, pode acreditar: ali a gente era tinta.

- e a partir do momento em que a gente se descobre aquarela, dessa que se redesenha no movimento incontrolável da água, quase indomável mesmo para um pincel experiente, a gente não deixou de ser tinta, só ganhou o presente de poder ser, numa mesma vida, duas coisas diferentes. Olha o presente, menina! Nem todo mundo pode..."

Como sempre acontece, os comentários superam os escritos.