julho 07, 2002

Retrospectiva dos três últimos dias; longe de ser um diário, parecido mais com uma reflexão

Um telefonema que transmite uma notícia triste, mas ao mesmo tempo, renova e confirma uma volta. E uma volta que diz, sem dizer, que muita coisa aconteceu no período da distância, perdas foram vividas e sentidas, mas a saudade aí está a confirmar o amor.

Uma viagem em que ponho à prova o meu profissionalismo e numa situação que tinha tudo para não dar certo; tudo dá certo, certíssimo, graças à experiência, cabeça fria e coração quente.

Um sonho em que me convidam para trabalhar em outro lugar, estado ou país, e que eu aceito, como uma grande solução; afinal, sou toda razão, embrulhada de emoção.

Um desencanto com uma amiga que, em parte, justificava a minha atuação de "cola", cimento ou patê, que une as partes da estrutura que até então achava que era a grande razão da vida e de minha total responsabilidade.

Um imenso desalento por me sentir assim desfocada. A total consciência do quanto estou deslocada nesse papel. A satisfação de ter o motivo para sair dele. A certeza de quem sem o cimento, talvez toda a estrutura fique mais flexível.

Uma festa junina que costuma ser ótima, abarrotada de gente, que não dava nem para andar. Três crianças vestidas de caipira, um recorde em relação aos outros anos. Uma quadrilha alegre e gostosa de se ver. Uma "puxadora" de quadrilha para lá de boa, que animava a festa. Nem sinal da canjica.

Um sol fez ir embora o amarelo-pálido do corpo e me devolveu uma energia meio que escorrida pelos caminhos daí e daqui.

O meu amigo, bananeiro da feira, levou no seu caminhão, duas camas velhas que dei para ele; estou à espera das novas.

Coloquei a poesia da Claudia, ali à esquerda, o lado coração desse pedacinho.

Um colo de mãe. Fui buscar e achei. Lembra que houve um tempo em que ela não se lembrava do meu nome? Pois então, pude conversar com ela como sempre fiz -- uma mulher falando a outra mulher. Pude encostar a minha testa na dela e abraçá-la, como só se faz com aquelas pessoas que a gente ama muito e abraça na tentativa de que essa união se perpetue em presença, quando a ausência assustar.

Li e aconselho você a fazer o mesmo: Nessa noite ainda do Porta Lateral. Já perguntei se posso roubar e, descaradamente mudar o gênero do escrito, por uma questão absolutamente necessária. Rogerio já deixou.

Foi um saldo bom, pois êta continha boa essa tal de viver o + viver.