setembro 06, 2002

Pensei que estava precisando ser apresentada a mim outra vez. Estive tão envolvida com a parte externa, tal qual um aro de uma roda de bicicleta, que segue girando na direção da onda. Essa bicicleta, me colocou como aqueles centenas de ciclistas chineses que aos montões circulam pela cidade. Fui aonde tinha que ir, aumentando ou diminuindo a velocidade, conforme a necessidade e, desviando para um lado e para o outro em função dos apelos. Pedalei, pedalei, pedalei. Tive boas paradas para momentos ótimos, abri muitas portas que nem sabia existirem. Uma e só uma fechou assim de chofre na minha cara e eu, na minha lerdeza, só fui sentir a fechada no dia seguinte, mas hoje é só mais uma porta que nunca existiu. Até que finalmente, larguei a tal bicicleta, pois afinal hoje é sexta-feira e resolvi andar a pé. E, andando, encontrei Mario Quintana, lá na Fernanda . E parei no pedaço que ele disse "(...) O amor é quando a gente mora um no outro. " (...)

E pensei: isso que eu chamei de pedaladas, nada mais foi do que viver também no e com o outro; projetar, cumpliciar; um saber comum, mesmo no meio da multidão. E não deixei de ser eu por estar no outro; acho que fui até mais eu mesma ou pelo menos a que quero ser. Há espaço para todas as gentes e, pelo menos dois, bem maiores e aconchegantes, para o dois em um ou o um em dois. Com quartos, salas, banheiros, varandas e cozinha; um apê completo, ainda que inexistente, pois estamos falando de uma morada de sentimentos que nem precisa desses cômodos todos. Nessa trama cúmplice, em que nada é verbalizado; simplesmente a vida é vivida, ambos andam livremente, mas sabendo e querendo saber, cada vez mais, um do outro. É estréia, mas leve, como nos ensaios; estréias diárias.

Upgrade I - Dê uma olhada lá nos comentários. Veja o que o Carpe Diem colocou lá. Onde afinal está a tranca?