dezembro 02, 2001

A última lá do Afrodite

Pego só um pedacinho e aponto você para ler completo .

"(...)Se você se trai e ainda assim
pensa que me engana,
se engana;
uso a sua culpa
para passear sem coleira (...)"

Há certas coisas que a gente lê e ri por dentro. Acho que essa reação é na verdade uma forma de oi, olá, tal qual você faz quando vê um conhecido seu. Ler o que, em algum lugar de você já estava escrito é se reconhecer no escrito e daí o sorriso.

Porque é impressionante como os apaixonados se traem. Engraçado o uso desse verbo trair aí nessa situação. Trai a quem? A si mesmo, a quem tentava se enganar não reconhecendo o sentimento.

Então, pensa no circuito: O sentimento está lá dentro, reprimido, escondido. Vem o ato que falha e dá cabo do esquema de segurança que guardava a emoção. Escapole então aquilo que era mantido escondido. Salta para fora, pipoca nos entornos, é visto, notado e comentado pela multidão à volta. E, ao perceber que os outros sabem; você o reconhece.

A "traição", nesse caso pelo menos, é o sentimento fazendo-se ato.

E aí, meu amigo, só muita patologia para continuar negando a explosão.

E, se a patologia vencer, você que é o outro na relação, sinta-se livre e saia "para passear sem coleira".