Nesses tempos de muita falação e poucos ditos, muitas palavras perderam a força que tinham. Hoje tem gente que ama brigadeiro, adora sorvete. Agora me fala se o sorvete você ama, o que que você diz para o homem/mulher da sua vida? O que observo, com meu aguçado olho crítico é que as palavras continuam as mesmas, mas foram flexibilizadas pelo entorno. Então numa hora tal, em que se diz para aquele homem/mulher -- eu amo você; o momento te dá toda a garantia de que ele não é um sorvete. As palavras saíram das caixinhas onde estavam e rodam por qualquer parte que a ocasião as coloque. E você sempre sabe se é um sorvete ou a mulher da vida dele, certo?
E com os gestos? Antes um abraço apertado era um abraço apertado, quieto, mãos e braços cobrindo o outro. Hoje, como se isso não fosse suficiente e talvez não o seja por ter sido banalizado, há quem esfregue as costas do outro, parece que acrescentando algo que faltava. Será que o que falta não é o afeto? Pois há poucas coisas tão boas do que a troca de calor provocada por um abraço amoroso, tal qual acasalamento de WorkPad -- de infra-red em infra-red*, transfere-se o que se quiser.
*sei fazer, mas não sei se é assim que se diz
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