maio 28, 2002

Pelos ares.

A Claudia achou e se lembrou de mim. Pipas, balões, asas-delta -- tudo voa. Como estou cansada da civilidade de viajar de avião, já tenho companhia, apesar dele não saber disso ainda, para subir num desses e descer lá naquela casinha de campo, onde as cabras não pastam solenes no meu jardim. Os outros estão livres, para quem quiser aventurar-se. Afinal, se palavras o vento leva, por que não pode dar uma mãozinha nos grandes amores, levando-os para um terreno fértil? Lá, com o céu por testemunha, abençoando e coroando amor tão lindo, dando corpo e forma ao sonho, realizando o procurado e acabando de vez com as malditas circunstâncias que aprisionam e impedem a plenitude?

Agora vê só, o que fazem e dizem os apaixonados... Logo eu que sinto o maior frio, tremo só de imaginar o frio que iria sentir lá em cima nesse balão. Isso sem olhar para baixo, é claro, pois seria uma vertigem ininterrupta. Quando descesse, nem ia ligar para as cabras, comendo o meu jardim e talvez, de tão tonta e enjoada, não quisesse nem olhar para a cara do amado abençoado.

Resolvo continuar saindo no braço com as circunstâncias; vivendo os meus possíveis; de marreta na mão, abrindo espaços nas brechas da vida e com os pés bem plantados no chão. Menos romântico, mas faz mais o meu gênero.

De qualquer forma, vou deixar um reservado. De qualquer forma, ainda há três balões vagos...