julho 13, 2002

Da série "Pena que ninguém vai ler, porque está grande"; aliás, desde o título: Saudáveis representações ou das brechas possíveis, que cá entre nós, não é título; é quase um parágrafo.

Mas quem diria, falou-me um amigo... Quando é que poderia imaginar que não acharia hipócrita toda uma situação criada? Sabe aquela situação em que os valores se recriam e se criam dentro das novas circunstâncias?
(Continuei ouvindo, pois raramente pergunto alguma coisa e ele continuou...).

Então, aí não adianta você querer carregar os seus antigos valores lá para dentro pois não vai dar certo. É tal qual mudança de temperatura. Não vá querer se enfiar naquele casaco que disseram a você que era para usar no frio, se você não está com frio. Ele vai te sufocar, incomodar e o melhor a fazer é criar uma nova combinação de peças que resulte numa roupa adequada à temperatura externa.

Cont. da conversa comprida...que deu muitos parágrafos.

Não há bom que sempre dure, nem mau que pra sempre perdure. Tudo é relativo e contextualizado a um momento que só quem está envolvido sabe qual é a melhor resposta. E se a única forma de saber do outro é ir passando por cada continha do terço, então vamos lá, até chegar ao santo e cumplicimente conversar por metáforas, que é falar como se fosse uma coisa sendo outra.


Cont. da conversa tão comprida...que acabou com a minha paciência e que quase leva junto uma amizade de anos.

Um dia, a conversa direta, profunda, em que se misturam as peles, os cheiros, as respirações, enquanto almas se fundem e tornam-se uma, tal qual frações aparentes ( mesmo sem querer, já me colocava nessa situação de brecha estreita, que mal deixa passar a mínima quantidade de ar, necessária aos ávidos pulmões, que descobrem logo quando o ar é pouco).

No outro, conversas verdadeiras, escondidas nas metáforas, tal qual nas igrejas barrocas, em que com tanto anjinho, pra esconder os santos, quem é que acha o santo?
Certo? Errado? Nem um, nem outro. Entre o certo e o errado há uma palavra de peso: amor, (concluiu com uma voz triste, mas com um certo brilho nos olhos, talvez efeito do deciframento tardio de uma das metáforas trocadas no diálogo)