junho 08, 2003

Capítulo I

E chegou a sua vez na fila e então, nasceu.

Eu e as minhas curtas idéias. Queria escrever um capítulo, tive a idéia e ela se acabou na primeira linha, de uma forma tão vaga e imprecisa, quanto possível. Quer dar uma mãozinha? Se estiver com vontade, vai em frente. Quem sabe conseguiremos?

Começamos a conseguir!

"em sua primeira tentativa, percebeu que estar vivo em um corpo, como nunca antes, provocava um certo desequilíbrio em seus movimentos.' Rogerio B.

"E manifestou a sua primeira discordância com o script genético determinista e não quis chorar; chorar por quê se viver era tudo o que queria? Resistiu o quanto pôde..." Joyce

"Não conseguiu segurar o choro por muito mais tempo... chorou. Mas era de alívio. Abria as comportas de uma espera impaciente, de um tempo de se fazer para poder nascer. O mundo todo estava ao seu alcance. Questão de tempo e de vontade." Claudia.

O tempo e a vontade parecem não conviver pacificamente, onde há movimentos ainda em desequilíbrio. Joyce

"E naquele dia de nostalgia sem fim, viu-se novamente procurando as asas, farejando abismos, mas resolveu que não, dessa vez a acusação de se lançar na vida de olhos fechados e coração aberto não cairia sobre ela...viu-se ali, pronta pra pular, já no ponto do equilíbrio instável, mas de olhos abertos e coração fechado...e então desistiu: que graça teria??? não haveria entrega, não existiria paixão, não seria vida!" Ana

"Os primeiros movimentos ainda eram tímidos... a temperatura ainda era estranha... as cores eram novas... o coração batia forte... olhou em volta e sorriu..." Margarida

"E sorrir passaria a ser a tônica da sua vida. Logo, logo, iria descobrir que há muitas coisas nessa vida que são motivo para isso. Novamente, contrariando... resolveu passar batido nas coisas que não merecem um sorriso. Sorrir, por exemplo, para... "

"essa mulher que me segura e que chama de Biana. Mas onde ela foi encontrar esse nome? Teria que passar a vida sorrindo para os comentários -- duas vezes Ana? e consertando os Bianca e os Diana, que virão substituir o Biana. Custei a entender o porquê de não ter um nomezinho bem comum. Ela, a minha mãe, bem que podia ter comprado no jornaleiro aqueles livrinhos que trazem a explicação de cada nome e que ajudam as mães indecisas. Acontece que ela não era indecisa; era de vanguarda; escultora famosa, fashion, que depois de alguns anos com o meu pai, achou que estava na hora de ter uma Biana. Pessoa interessante ela, apesar de não ter nenhuma indecisão. Desde cedo, achei que a indecisão fazia parte e (meu primeiro engano) que era muito importante ser indecisa. Detectei a primeira falha no código!" Joyce

"Não demorou muito e percebi outra." Margarida.

"...e outra e outra. Durante algum tempo pensei então que era diferente. Ao me perceber notava a cada dia uma nova falha no código, uma nova diferença. Foi quando de repente passei a observar o mundo que me cercava com mais atenção. Fiquei surpresa. Eu não era assim tão diferente. Na minha diferença eu era bem parecida com todos os outros, porque se cada pessoa é única, todos temos em comum o fato de sermos diferentes, numa combinação infinita de códigos." Roger

Eu não sei precisar, em que momento da minha vida, me esqueci disso e passei a buscar aquele que era igual a mim. Foi uma longa fase de enganos, em que tentei tornar iguais a mim, os desiguais. Custei muito a entender que não era tão boa assim para precisar inventar alguém tal qual minha imagem e semelhança. Joyce

"Desisti... passei a achar que o bom seriam as antíteses, iniciei assim a busca do que me é contrário. Foram, também, muito longos esses caminhos, que me trouxeram até aqui." Borboleto

"Agora já não sei mais para onde ir, talvez isto ou talvez aquilo, qual caminho tomar? Uma amiga me disse certa vez:" Borboleto

Olha, na capa da minha agenda está escrito: "Saber não basta; devemos aplicar. Desejar não basta; devemos fazer". Logo, essa história de ficar só pensando, não dá certo e não nos leva a lugar nenhum. Quando a gente nasce e vai crescendo, não ficamos parados, imóveis, nos desenvolvendo; é vivendo que o crescimento acontece e quanto mais entretidos em viver, nós estivermos, parece que a gente se desenvolve mais, não é mesmo? Então, parei de pensar se era para a esquerda ou para a direita ou ainda pelo centro que estava o caminho certo. Simplesmente andei, parei algumas vezes, tomei fôlego muitas outras e cresci. Fiz amigos. Amei, briguei, não cheguei a odiar, ri muito, sofri mais do que esperava; acho que cresci normal. Joyce