O que será que me deu? Desencavei os anos 70 e comprei um cd da Donna Summer. Sempre me encanta a capacidade que a música tem de recriar épocas, fatos e pessoas. Em algum lugar por aqui já falei sobre isso.
A sessão "revival" começou durante um jantar em que quatro amigos reunidos em torno de uma massa ruim começaram a lembrar coisas. Fernandinha, a mais nova do grupo concluiu que nasceu na época errada, pois tudo o que ela gosta começou nos 70 ou nos 80. Pois posso concluir que nasci na época certa. Nasci ouvindo música clássica do meu pai que tinha coleções de Brailowisck (é claro que escrevi do jeito que ouvi, portanto, possivelmente está errado), um pianista magro e magistral que enchia a sala da nossa casa. E olha que na época, não tinhamos a pureza dos aparelhos de som de que dispomos hoje.
Sempre os discos do meu pai de Araci de Almeida a Nat King Cole. O único estilo musical que nunca me pegou foi o samba-canção, hoje reduzido às cuecas masculinas. Eu nunca confiei no nome composto. Depois, começamos a era das danças e dançávamos tudo, menos samba no pé que não era coisa de classe média. Muito tempo depois, fiz uns três anos de dança de salão.
Coincidentemente ao mesmo tempo em que entrei na análise -- tudo a ver, cuidar do corpo e da mente. Os dois tratamentos foram um
absoluto sucesso para mim. Mas então, na análise aprendi a fazer da minha vida, o ato. Na dança, aprendi a dançar de tudo o que se
dançava: bolero, samba, com algumas presepadas que nunca consegui, valsa, cha-cha-cha (quem lembra disso?), tango, swing,
"soltinho" e por aí ia. Volta e meia vejo uns dos meus professores de dança na tv. Agora mesmo na novela das 8, Janey, a irmã já viu
dois deles, dançando parece que numa gafieira global marroquina, que acontece por lá.
Pois então, dá para perceber que de cada tempo se pode tirar coisas boas. Se por um lado, às 10 da noite eu tinha que estar em casa dormindo, enquanto que hoje, é a hora em que a noite começa a se agitar; tivemos as discotecas, as Frenéticas, o início daquelas luzes coloridas rodando nas festas, o espírito de Dancin' days. Não tinhamos trenzinho do tigrão, popozudas, Casa dos Artistas... O nosso No Limite era outro -- nem melhor, nem pior; simplesmente, coisas que meio de antigamente.
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