janeiro 12, 2002

Já se sentiu como uma bóia?

Ah! Tomara que sim, para que eu não tenha a impressão de que sou uma completa idiota.

Essa idéia me veio à cabeça hoje, enquanto andava e via as pessoas na praia da Urca. E pensei na função da bóia, que impede que você afunde. Dando um enorme salto pensei em quantas vezes você serve de bóia para outras pessoas que recorrem a você, pois só com você é que conseguem manter na tona o que na verdade já está com rombo no casco faz tempo.

Assim, a água vai invadindo cada dia um pouco, até que chega num nível em que já quase não dá mais para respirar. Nessa situação asfixiante, tentando manter a cabeça acima da água, vem você-bóia e, aí aquela pessoa quase afogada renova pulmões e alma.

Refeita a respiração e com uma boa carga sobressalente de reserva, volta para o seu ambiente de ar rarefeito e começa, tal qual uma perfeita reprodução do mito de Sísifo, a tirar a água que novamente entra pelo casco furado, invadindo o convés. Bem, você-bóia é figurante secundário nessas histórias e não merece nenhum registro especial por aqui. O melhor que você faz é não atender o telefone, quando for um desses malas, pedindo bóia; pelo menos fuja deles um pouquinho.

Onde estão os meus alfinetes, pregos ou qualquer outra coisa para furar essa minha vocação para bóia. Só de raiva, de-se-nhei uma bóia. Aliás nem precisava avisar -- você vai notar logo que -- foi feita por mim! Talvez esse seja o escrito mais mal ilustrado que você já leu ou terá a oportunidade de ler, portanto, uma experiência quase inesquecível; por que não?