fevereiro 27, 2003

Pois então, é Carnaval novamente. E, como em todos os anos, a pergunta que rola entre os cariocas é: vai para onde? É a hora em que "abrimos" a cidade para o deleite alheio. Saímos.

Este ano, eu, na contramão dos meus outros carnavais, quero ver a festa. E, sem procurar muito, encontrei.

Entrando hoje à noite na Gustavo Sampaio, deparei com a rua fechada, para um carnaval de rua. Foi uma volta no tempo, pois era assim a Copacabana da minha adolescência. Duas ruas disputavam o melhor carnaval de rua: a Miguel Lemos e a Joaquim Nabuco. Nossa, como isso é antigo na minha cabeça. A Miguel era mais "cosmopolita" e nela se encontravam TODOS os homens bonitos de Copacabana. A Joaquim era mais fechada aos de fora, mas os homens igualmente bonitos. Mas, voltando ao dia de hoje, a receita da Gustavo foi a mesma. Um pedaço da rua cercada, batucada rolando, muita gente na rua, gente de todas as idades - do bebê às avós. E, atravessando a rua de carro, não me passou nenhum medo de assalto ou qualquer outra agressão. E vamos e venhamos, isso para quem teve uma semana de falatórios e acontecimentos fora do controle do Estado, é uma reação quase irresponsável. Ocorre, que havia um tal "deja vu" na sequência, que nem me passou pela cabeça que fosse ser diferente.

Aliás, li hoje o Conde dizendo que não queria voltar ao Rio de 50 anos atrás. Menos, Seu Conde, menos. Tudo bem que evoluímos em muitos pontos, mas faltam, por outro lado, dedos capazes de digitar tudo o que os cariocas perderam.

Por falar nisso, estou com vontade de lançar uma campanha ressucitando o carioca da gema. Figurinha apagada essa hoje em dia. Afinal, você não nasceu aqui, mas adotou essa casa como sua, certo? Então, tem que se indignar! Tem que reclamar! Tem que buscar a melhoria constante dessa terra linda. Não dá é para viver por aqui e manter-se alheio às brigas internas, como se não tivesse o direito e o dever de se meter, porque não nasceu aqui. Ajoelhou; tem que rezar. Adorei esse lema para a campanha.