março 20, 2003

Estava pensando nas sombras; em como elas passam para a nossa frente ou ficam compridas, espichadas atrás de nós. Tudo em função da luz que nos ilumina. Imagino, então que a sombra é o passado e não sei o porquê de colocar a idéia do passado na sombra, como que escondido. Meu passado fui eu e porque ele não volta, o escureço por pura raiva. Pois o que passou, passou e não volta mais porque não sou mais aquela lá de trás. Queria ser algumas vezes aquela que ia para a escola com os filhos. Que se arrumava toda e aos filhos para levá-los à pracinha. O máximo que consigo hoje é dar uma voltinha, bem voltinha mesmo, com o neto menor pelo quarteirão.
Invento uma nova sombra para o futuro, a que ainda não é, mas que meus passos e ações vão pouco a pouco lhe dando contorno. Só que quando ganha o tal do contorno e passa a ter forma, vira sombra comum, pois já é passado. Creio que estou especialmente confusa, mas bem inteligente.