Andei na praia, antes dos peixes acordarem. Pisei na areia e marquei, por segundos os meus passos. Logo vinha o mar e desmanchava tudo e ficava a areia à espera das novas marcas.
Enquanto a areia-terra aceita as marcas impostas, as pedras, colocadas à beira do mar para refrear a sua força e fúria, parecem ser indissolúveis e nada vulneráveis à ação das águas.
Lá ficam elas, paradas e assim, recebem e deixam que o mar as banhe e afague, sem nada dar em troca, numa atitude de total indiferença, comum aos que se sentem superiores.
O mar, porém, silenciosamente, dia após dia, tempo após tempo, vai corroendo a pensada invencível barreira, até o dia em que mais pedras têm que ser colocadas para manter a barreira protetora.
Já a areia, que aceita as águas sem se encharcar, que aceita as marcas e a sua retirada, vai vivendo em paz com o turbulento mar, e cria, silenciosamente, em seu interior, a vida.
Meio parecido com as gentes; uns mais para pedra e outros mais para areia.
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