Há muito tempo não me baixava uma sensibilidade tão grande para o sentido de família como me aconteceu hoje. Curti cada engarrafamento, cada fila na churrascaria, cada disputa por um garçon, com uma complacência bem-aventurada. Não sei de que sentimento fui tomada, mas como valorizei a família. O espaço deixado pela ausência da mãe talvez tenha exacerbado essa vontade de preencher de alguma forma essa falta. Bem neurótico e humano, isso. Só sei que reinava desde ontem, esse ar familiar. No shopping, vi um grupo de adolescentes carregando uns pacotes e completei a história: foram juntos comprar os presentes. Em contraponto às famílias reunidas e aos garotos comprando presentes, vi em Copacabana uns outros garotos que moram nas ruas e para esses não pude arriscar um final; só pensei numa pergunta: E as mães? Onde estarão?
maio 11, 2003
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