julho 26, 2001

Segundo Capítulo - O meio: A vida vai rolando...

Mesmo noivas, os rigores do horário vigoravam: às 10 horas, impreterivelmente tinham que estar em casa. Andar de carro sozinhas com os noivos, jantar fora, andar com eles de moto? Tudo isso nem pensar! E os porteiros? O que iriam dizer? Mesmo noivas os pais iam esperá-los nas saídas dos bailes; segundo eles, temendo os assaltos -- raríssimos à época, mas uma excelente desculpa. Os noivos, por sua vez, achavam natural o cuidado paterno e até o valorizavam.

Virgens todas elas. Sabia-se quem não era. O Rio era uma cidade menor, uma pracinha de bairro; agora é só uma praça. O branco vestido de noiva traduzia a inocência e a ignorância da maioria delas nas questões de sexo. As mães informavam às filhas por meios indiretos: eram livros estrategicamente abandonados à mão para serem lidos; era a tia amiga que falava sobre o que era a noite de núpcias; o livro do Fritz Kahn que lido deixava as mocinhas cheias de informações que misturavam palavras como coito, doenças venéreas, gravidez, criando um emaranhado sexual tão grande, que as assustava. Nenhuma palavra quanto ao prazer. Nunca. O prazer obtido nos beijos e abraços nas subidas de elevador eram seguidos de uma maldita culpa, ao mesmo tempo que enchia as suas cabeças de dúvidas: como os livros não falam disso? Então elas trocavam informações entre si. E saía cada asneira.

-----Está ouvindo o tema musical da novela? Então, é o fim do Segundo Capítulo.