Quem já teve uma casa de veraneio vai me entender. Esse pedacnho está ficando tal qual. No início, a euforia que faz com que você vá para lá todos os fins de semana, sozinha ou com uma galera, não importa. A casa, em si, é o programa. Enfeites novos, acabar com as formigas, sentar e ver a vista da varanda, tudo é bom. Passa o tempo e você percebe que os filhos não querem mais subir com vocês. A volta torna-se cansativa e arrumar as tralhas que você traz de lá para cá, um suplício. Enfim, pouco a pouco, desfaz-se o encanto. Cria-se uma dívida com a casa, cada vez que você não vai lá. E você acaba, vendendo a casa. Pois então, para não vender esse espacinho aqui, ainda mais que ele não é comercializado, estou com o espanador na mão, dando uma espanada para expiar a minha culpa pelo abandono. Continuo achando a vista daqui muito bonita. Os amigos são sempre bem-vindos e afinal, o verão está chegando e o amanhecer aqui está prometendo. Não vendo, mas quem sabe pinto ou reformo ou troco os móveis de lugar? O negócio é criar o movimento e não desmanchar o vínculo.
dezembro 06, 2002
Casa "fora".
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