janeiro 21, 2002

Essa gente tem cada uma...

Tem coisa mais irritante do que alguém que começa a contar uma piada e esquece o final? Agora triplica isso para um caso de não-piada, em que nem te fizeram a célebre pergunta -- sabe da última do cara que.... Então, essa que me aconteceu foi contada por um motorista de táxi que mais do que ganhar o dinheiro da corrida, pão-dele-de-cada-dia, queria mais é jogar nas minhas costas e na minha cabeça uma preocupação que, até então era só dele.

Pois vou fazer o mesmo com você. Ele começou dizendo que conhecia "de vista" um rapaz que morava perto dele. Rapaz novo, geralmente bem arrumado e foi fazendo a descrição lá do tal vizinho. Ele continuou: Ontem, eu estava na Rodoviária e ele passou por mim -- e era um mendigo. Todo sujo, com os pés pretos de andar descalço. Quando cruzou comigo, falou oi e eu perguntei o que ele estava fazendo ali. O rapaz seguiu em frente, não respondeu e nem olhou para trás.

Eu, sentada no banco de trás, mas já meio chegada para a frente, continuei calada, esperando o final ou a continuação da história. Não tem final! Você acredita? Ele não sabe nada mais do rapaz. E o que me deu mais raiva é que ele disse que, no final do dia, ia passar lá no bar onde o irmão do tal rapaz trabalha para saber o que aconteceu para, de uma hora para a outra, o rapaz ficar daquele jeito.

Eu aí não aguentei e dei uma pequena bronca no motorista -- Muito engraçado isso. O Sr. me conta uma história; eu fico preocupada, pensando no que terá acontecido com o rapaz e nunca vou saber. Recomendo ao Sr. que volta e meia passe na Urca, pois quem sabe assim me vê e me diz o que aconteceu.

Você já reparou como tem gente que adora "dividir" as preocupações e nunca "divide" as soluções que encontraram? Das duas uma; ou estão falando sozinhas, ou te consideram no papel de figurante sem fala, que não se envolve, não se preocupa e nem ouve o que ela está dizendo. É raro alguém que contou um problema para você, ligue e diga: Lembra daquele negócio que contei? Pois então, resolvi.

Palavra que assim que eu souber o que aconteceu com o rapaz, eu escrevo para você.