junho 23, 2001



Mas, sabiam-se lá

Recebi um poema escrito pelo Falabela sobre saudade. Não sabia que ele escrevia poemas. Tirei uns exertos que me interessaram.

"Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
...sem se verem, mas sabiam-se lá,
...mas sabiam-se onde,
...mas sabiam-se amanhã..."

Não é lindo? Entendi que fala da falta. E você pode colocar do outro lado quem você quiser.

Me lembra que quando o telefone está ok, às vezes, a gente não quer nem atender quando toca; mas basta ele não funcionar, para você querer falar com todo o mundo. Tudo bem, péssima comparação, mas onde quero chegar? Alguém vem, conserta o telefone e pronto. A criança com medo chama a mãe. O Chico chamou o ladrão na música. No caso da falta do poema -- a falta de alguém, a quem a gente chama?

O porquê da nossa estranheza com a falta? Ela só diz o que já sabemos. Mas sabiam-se amanhã. Não sabíamos nada. Nunca soubemos do amanhã. Vivemos ilusões que servem para nos dar a impressão de que temos algumas certezas. Eu adoro uma ilusão dessas! Acho o máximo ser otimista a ponto de negociar o amanhã. Vou em busca das minhas imprecisas certezas.