dezembro 25, 2001

"Aprenda comigo, porque eu não sou eterno"

Ouvi isso na ceia e achei puro brilho --a frase, não necessariamente o contexto em que ela se deu.

Pois então, lembra daquele sobrinho que, uma vez contei para você da conversa que tivemos, durante a sua fossa e, no final quem me deu o maior gás foi ele? Sei lá se ajudei, se foi o tempo que ajudou mais do que eu, enfim ele emagreceu, está bonito, alegre e fazendo agora aquele gênero moderninho de bigode fino que junta com uma barba curta ou com o cavanhaque, não sei bem, mas não importa agora -- parecido com o ator do filme Don Juan De Marco.

Ele falava para o LF, o neto, que, desanimado, com febre na cama, ouvia ele falar de como era irresistível para as mulheres aquela meia-barba roçando no rosto das "minas". LF, dos seus 11 anos, ria daquilo que para ele, ainda é uma impossibilidade, pois falta-lhe a barba. Ricardo, para se fazer convincente sai com a máxima: Aprenda comigo, porque eu não sou eterno.

Gostei da cabotinice da frase. Da urgência que ela proclama. Da sua onipotência e de como, cada um de nós, acredita pelo menos na primeira oração do período.Se não, por que damos conselhos quando nos pedem ou mesmo quando não pedem? Por que achamos que podemos ajudar, quando nem os nossos nós conseguimos resolver? É marketing pessoal? Propaganda enganosa? Mas que é impactante a tal da frase, ah... lá isso é.

Agora, pense no mesmo período escrito assim: Aprenda comigo que não sou eterno. Aprenda comigo como é não ser eterno. Bem, acho que não há autor para esse livro.

Vou ficar mesmo com o Aprenda comigo, porque eu não sou eterno. Gostei e acho que daria um ótimo título para o livro. O que será que a Meg acha, se bem que ela já me saiu com uma sugestão perfeita? E a Claudia? E o João concordaria? E você?

Blogupgrade: Acho que você devia ler o texto completo, ali nos comentários. Extraio alguns exertos dos comentários brilhantes da Meg"(...) A frase é riquíssima em todos os desvelamentos. Há uma enorme sabedoria em quem reconhece que, justamente por não ser eterno, há urgência em ensinar o que sabe. (...) e aí a ênfase será na efemeridade do que se acha correto ensinar, digamos do prazo de validade que nossas opiniões têm... O que é grande sinal de inteligência pois tudo muda..mas é sempre bom saber *o que mudou* e *como mudou* (...)
Finalmente (aha se perdermos mais esses comments ) eu acho que a variação *que eu não sou eterno* é justamente um antídoto para quem pensa que pode tudo. E para quem pensa que é *dono do mundo. Tem muita gente, sim, que acha que só quem morre é o outro. :-)))"