junho 15, 2001



Tirei e dei a você um dia de férias. Gostou?

Como foi de feriado? Bem, enquanto você pensa, vou contar como foi o meu. Saí para andar. É andar, nada de caminhar. Não sei porque as pessoas falam caminhar. Quer dizer, acho que sei sim. Diz-se caminhar para imprimir leveza e um certo ar de programa relaxante ao exercício de andar e suar ao sol. Ando todo dia, pois saí da minha hidroginástica e avó gorda, só nas historinhas infantis. Estou totalmente fora dessa. Como não/nunca sou/fui magra, tenho que fazer algum movimento. E consigo me divertir no calçadão da Urca.

É divertido você andar, desviando dos anzóis que insistem em te fisgar quando você passa. Sábados, domingos e feriados a muralha da Urca é o paraíso dos pescadores. Aliás deles e de boa parte das suas famílias. Parece que vêm todos, abandonando as suas casa e trazendo cadeiras, jornais, revistas, comida, bebida e, naturalmente os carros com os rádios com som bem alto, para que ninguém deixe de ouvir. Até concurso de pesca tem. Eles parecem se divertir e já fazem parte dessa parte do bairro. A convivência é legal, sem brigas ou qualquer confusão -- bem no espírito local. Nunca vi ninguém pescar nenhum peixe grande, mas dizem e até juram que pescam. Enfim, não acho graça no esporte.

Durante muito tempo, tive a impressão de ver a vida, em vez de vivê-la. E isso me incomodava. Hoje, continuo vendo a vida, mas me incluo no que vejo. Sabe, uma indicação de que você está deixando de viver a sua vida é quando você passa a viver a dos outros. Explico: ouça mães conversando. Elas passam a contar o que seus filhos fizeram e esquecem de falar o que elas estão fazendo. É a tal da abnegação materna levada às raias do exagero, mas que se constrói lentamente. Ouça você falando e se analise. É da sua vida que fala, ou a sua vida é viver a do outro, seja lá quem for esse outro. Não interessa.

Que legal é o Rio com 50% menos de sua população. Que cidade civilizada! Que trânsito normal! Nossa, usei duas exclamações seguidas. Graciliano Ramos. meu ídolo literário, dizia que praticamente não usava a exclamação, pois não era homem de se surpreender. Eu sou.

Não viajei e aproveitei para além da praia e das andadas por aí, aprender mais sobre o meu blog. Fiz uma boneca bem parecida comigo. Parece que já consegui colocá-la na página. Se ela não aparecer para você, me avisa? Meu foco de criar um link para os textos que sumiram da minha página foi alcançado. Que coisa tão descartável essa virtualidade. Já criei o título para o arquivo de textos: Vale a pena ler de novo? Estou ficando ótima em títulos. Eles estão agora disponíveis para quem perdeu os primeiros capítulos.