Era um homem muito bem informado. Assistia a todos os jornais na tv e lia diariamente o jornal que chegava pela manhã, porém não sabia de nada do que acontecia com as pessoas ao seu redor. Conclusão: é mais fácil lidar com as coisas à distância do que encará-las de perto.

Lugarzinho abandonado esse aqui, não é não? Tal qual um tamagoshi, precisa que eu venha aqui vez por outra para alimentá-lo com as minhas letras que o mantêm vivo, não sei como.

Às vezes eu me sinto como um tamagoshi cativo que fica quieto, esperando alimento; qualquer alimento. Eu detesto me sentir assim, então parto em busca de meus próprios reforços. Muito inteligente isso, mas não apaga de toda a sensação de ser mais um dos tantos brinquedinhos japoneses. Nada de tristeza nessa fala; só um desabafo que se vinga das circunstâncias.

Resolvi fazer a minha própria fonte para trabalhar ouvindo o barulhinho da água correndo. Afinal, como não tenho aquela casa de campo, com as cabras pastando solenes no meu jardim, vou criando o cenário que posso. Ficou horrível a tal da minha fonte e olha que tem motor, pedras e flores flutuantes. Bem, apesar de feia, o barulhinho da água está o máximo!

Hoje vi uma mareata -- uma passeata no mar. Os pescadores, em seus barcos pesqueiros, gritavam palavras de ordem, no melhor estilo da Candelária. Um distraído poderia pensar que fosse a procissão de S. Pedro, mas nada disso; são coisas do Rio.

Só para conferir: setembro acaba quando mesmo?

Que tempos astrológicos são esses em que a urgência dá as cartas? Tempos de decisão.

Fim de semana com chuva, bom mesmo é arrumar gavetas, rever retratos e se perguntar por que mesmo você guardou tanta tralha... E nessas tralhas reencontra coisas que já foram tão importantes e das quais só ficou um registro, agora considerado sem utilidade, do que um dia passou por sua vida.

Ilusão amorosa = só você pensa que é prá valer;

desilusão amorosa = você vê que não era.

Samba-enredo: Exaltação a mim mesma.

Pois então, já levei um suave questionamento, por conta das minhas anotações tão eventuais.

Num surto de nenhuma modéstia, me lembro daquela raposa (era raposa?) do Pequeno Príncipe (leitura da época em que fui Miss) que dizia que você é responsável por aquilo que cativa. O máximo a gente não ser falsa!

Li sobre amorte de Charles Bronson, que ao morrer, nem lembrava que foi ator. Aí pensei em como as coisas nessa vida são relativas. Afinal, deve ter sido uma luta firmar-se como ator na terra do cinema; quanta luta e sacrifício não devem ter sido feitos para chegar a se tornar conhecido... e morrer, sem se lembrar do que talvez tenha grande parte da sua vida.