maio 31, 2002

Começo de uma nova história.

Pois então, um dia eles saíram do papel incômodo das histórias que viveram até então e juntaram-nas num novo roteiro. Nem pensaram que não fosse dar num final feliz. Aliás, se pensassem, era melhor nem começarem nada novo e permanecerem no final previsível que vislumbravam e que foi um dos motivos do surgimento do desejo de novo roteiro. Seria o máximo da falta de fome, com a vontade de não comer, não é não?

Acontece que às vezes, as engrenagens se juntam, que não há como mantê-las isoladas. Ainda assim, apesar de todo o óleo que lubrificava as juntas, os dois levaram anos pensando, se imaginando em seus novos papéis, decorando respostas, antes das perguntas serem feitas; enfim, pensaram, pensaram. Partiram.

Ela virou fazendeira. Logo ela que adorava o "frisson" / bochicho da cidade; se amarrava num shopping às vésperas do Natal ou do Dia das Mães. Ele fazendeiro? Só porque queria ter uma horta? Partiram mesmo.

Então, o novo roteiro, tinha os Oscars merecidos e protagonizados pelos personagens centrais e um monte de coadjuvantes. Ela ganhou mais três filhos, um genro, mais um neto. Ele ganhou mais duas filhas, dois netos e uma nora. Isso sem contar, os tios-mala, as tias-mala, dois pais e duas mães!

Atores principais que se garantem, mantêm os coadjuvantes como coadjuvantes, importantíssimos para comporem o cenário da história, mas sem nenhum direito a voto de concordo ou não com a sequência que os atores querem dar à história.

Então, os dois combinaram assim: há uma só ala - a dos coadjuvantes, que será sempre uma unanimidade: ou todos são lindos, ou todos são perfeitos, ou todos têm defeitos ou todos são umas gracinhas ou umas drogas que só trazem problemas. Agora, quando cada um estiver estiver só com a sua ala, com o sangue do seu sangue, aí pode falar mal à vontade, meter o pau, descer a lenha, bronquear.

E a fazenda tem permanecido aberta para as visitas, os almoços e os jantares. E os detentores do Oscar, nessa nova história, agradecem os aplausos, pois é o único retorno aceito por eles, atados pela química até hoje, nessa historinha inventada, mas tão bonitinha.

maio 30, 2002

O resultado da adição.

O Signo:
"Do alto da montanha azul

o capricórnio cuida da terra

mulheres com fibra de pedra

senhoras do norte e do sul"

+
O ascendente:
"As mulheres de câncer

são sonhos sob a forma de mulher

com seu abandono de água

se entregam como os rios para o mar.

---------------------------------------------------------------
Eu.


Lendo os dois, começo a vislumbrar o porquê das minhas incoerências: ora barro, ora tijolo.

maio 29, 2002

Para a Carol


Ela sabe os porquês.

Trabalho de Lena Menna Barreto. Nossa! Os detalhes desse trabalho... Um dia a gente conversa sobre isso.

Para a Meglindamenteinteligenteecadavezmaisamiga.


Escuta, a gente sabe o que vai encontrar atrás de uma porta, se batermos na porta certa.

E ela ainda diz que eu ensino a Viver.


Dois poemas de Carlos Drummond de Andrade. Só lendo, relendo e re-relendo, re-re-relendo...


Foto Ricardo Monteiro

maio 28, 2002

Pelos ares.

A Claudia achou e se lembrou de mim. Pipas, balões, asas-delta -- tudo voa. Como estou cansada da civilidade de viajar de avião, já tenho companhia, apesar dele não saber disso ainda, para subir num desses e descer lá naquela casinha de campo, onde as cabras não pastam solenes no meu jardim. Os outros estão livres, para quem quiser aventurar-se. Afinal, se palavras o vento leva, por que não pode dar uma mãozinha nos grandes amores, levando-os para um terreno fértil? Lá, com o céu por testemunha, abençoando e coroando amor tão lindo, dando corpo e forma ao sonho, realizando o procurado e acabando de vez com as malditas circunstâncias que aprisionam e impedem a plenitude?

Agora vê só, o que fazem e dizem os apaixonados... Logo eu que sinto o maior frio, tremo só de imaginar o frio que iria sentir lá em cima nesse balão. Isso sem olhar para baixo, é claro, pois seria uma vertigem ininterrupta. Quando descesse, nem ia ligar para as cabras, comendo o meu jardim e talvez, de tão tonta e enjoada, não quisesse nem olhar para a cara do amado abençoado.

Resolvo continuar saindo no braço com as circunstâncias; vivendo os meus possíveis; de marreta na mão, abrindo espaços nas brechas da vida e com os pés bem plantados no chão. Menos romântico, mas faz mais o meu gênero.

De qualquer forma, vou deixar um reservado. De qualquer forma, ainda há três balões vagos...

maio 27, 2002

A vantagem das escrituras.

É você não ver as caras e bocas desaprovadoras, de quem lê. Pois então, ainda na história do tempo, hoje esqueci o relógio em casa. Isso é absolutamente denunciante, pois praticamente não o tiro do pulso. Algo me diz que eu não quero me dar conta de que ele está passando; que há um distanciamento chato; que tenho dois dias para terminar um projeto importantíssimo. Aí, a partir desse pensamento, saltei para a máxima do Ghandi, no post abaixo. E, sem medo dos acadêmicos de plantão, conclui sobre a incoerência contida nela e que justo nesta incoerência está a verdade do mistério que é essa vidinha nossa. Pois se aprendo como se fosse viver para sempre, aprendi que não sou eterno. Mas essa aprendizagem, em vez de ser a prisão, ela é a liberdade que você tem de transgredir as verdades absolutas, pelo menos enquanto tem tempo para isso. E fazer. E agir. E viver como se fosse eterno, mesmo sabendo que do amanhã, quem sabe? Ou eu estou muito inteligente hoje ou muito mais confusa do que sou normalmente.

maio 26, 2002

Mahatma Ghandi


"Viva como se fosse morrer amanhã.

Aprenda como se fosse viver para sempre."

Não tenho seguido a orientação da primeira frase. Eu esqueço que não sou para sempre; mas também se não fosse assim como conseguiria conviver com a lentidão das respostas que eu espero dessa vida?

maio 25, 2002

Da série alguém pode explicar?

Qual é a do tempo? Como medir esse tempo, que no período de entre safra do distanciamento é tão longo e é um célere bandido quando o amor reina absoluto sintético? Onipotência da impotência essa nossa de dominá-lo.

Alguém pode explicar?

Por que todo homem ao chegar num posto para colocar gasolina no seu carro, sai do carro?

Falando na estranha sensação de que estou me esquecendo de algo...

tenho que esclarecer que já melhorei muito. Quando me casei e saía para ir para a Escola Normal, pois me casei no 3o. ano, antes de me formar em professora, olhava se estava tudo direito no apartamento: verificava o gás, as luzes, enfim o que achava que oferecia perigo à integridade da casa. Saía, pegava o elevador e quando chegava lá em baixo, diversas vezes voltei para uma segunda verificação. Claro que nunca encontrei nada por fazer, pois acho que assim funciona a cabeça da gente -- quando esquece, nem se dá conta de que esqueceu. Foi assim com tantas coisas em minha vida. Até amores. Um dia, acordei e verifiquei que eles não existiam mais. É porque não eram amores de verdade.

maio 23, 2002

O exército de smileones

Na verdade queria fazer uma ilustração que mostrasse como cresceu o meu entorno. Então, coloquei um sorridente para cada um dos meus companheiros; alguns só virtuais, outros já presenciais. Estão aí a Claudia, a Rossana, a Meg, a Zel, a Quel, a Lu, a Fer, a CC, a Debora, a Ana de cá, a Ana de lá, a Carol e tantas outras bravas mulheres. Na ala masculina, o Cris, o Zamorim, o Rogerio, o João, o Raulzito, o Claudio, o Neodo, o Marcelo e tantos outros amigos, tão valentes cavalheiros, quanto as damas que os precederam. Agora, dizer com certeza, quem está carregando as bolas-bandeiras desse exercício diário de escrever junto, de se alegrar com os acertos e de se preocupar com as preocupações dos outros, é impossível! Principalmente, porque esse é um estandarte móvel, que passa de mão em mão. Quem estiver legal, segura a do outro. É assim numa comunidade-revezamento.

BolgUpdate: Estou com aquela sensação esquisita, que me ataca quando acho que estou esquecendo de alguma coisa importante. Uma das pessoas que não relacionei foi a Ro. Incluo, com minhas desculpas, agora. Você lembra de mais alguém para compor as linhas desse exercício?

O conforto de viajar de avião.

Pois então, uma viagem a São Paulo dura no máximo 45 min., certo? Mais ou menos. Dentro do avião, lá em cima, você pode levar esse tempo, mas até chegar lá... Ontem, na ida o vôo atrasou 1 h e meia. Na volta, após 2 horas de sala de embarque, em que não foi cogitado que as pessoas gostam de ficar sentadas, depois de um dia de trabalho, nos colocaram num ônibus, mais parecido com o 455, o metrô, o trem da Central às 6 horas da tarde. Éramos sardinhas. Fiquei esperando entrar um menino vendendo bala de tamarino ou então alguém pedir: um passinho à frente, por favor. Será que alguém me explica como duas cidades como Rio e SP, que têm um fluxo aéreo diário enorme, têm dois aeroportos como o Santos Dumont e Congonhas? Não precisa chover muito; o que não pode é as nuvens baixarem demais. Pára tudo! Então, você gasta um dinheiro, para ter um vizinho estressado por conta da reunião que já perdeu; para ouvir a conversa da moça que falava incessantemente ao celular; para assistir três vezes -- prestatenção! -- três vezes ao mesmo clip! E sabe o que é pior, vão dizer que a culpa é da natureza, que armou um tempo tão impróprio.

Foto: Subway (http://www.cinemagia.hpg.ig.com.br/fantasia_2000.htm)

maio 21, 2002

Profissão: "do lar".

Emancipada, independente, empresária -- mulher! Pois então, muito moderno isso tudo. Mas hoje, estou tão cansada, trabalhei tanto essas duas semanas, que me bateu uma saudade de arrumar as minhas gavetas; de re-descobrir quais são mesmo os meus sapatos de inverno; como andam as minhas roupas...Com tanto trabalho, você reparou que a mulher ficou lá pra trás? Ah! Vou dar um jeito nisso rápido. Não que para isso eu tenha que arrumar as gavetas -- isso merece muita inspiração; mas ganhar dinheiro e não ter físico para gastá-lo, tô fora! Para você ter uma idéia de a quantas eu ando, amanhã tem festa no Carioca da Gema, um lugar onde se dança e que dizem ser super legal. Além disso, podia ser o meu codinome. Você acredita, que apesar da promessa de me pegarem no aeroporto e me levarem para lá, eu ainda estou resistindo? Não é cansaço. O carioca, assim como o sertanejo, é antes de tudo, um forte. Saudade do tempo em que trabalhava meio expediente, na escolinha perto de casa, onde os filhos também estudavam. Saíamos e voltávamos juntos. Aí eu podia arrumar gavetas e sabia de cor os sapatos que estavam no armário. Agora, trabalhei muito, juntei um monte de sapatos e quando os redescubro, são gratas surpresas. Isso não quer dizer que quero voltar a ser a Joyce que eu era, principalmente porque nem sei mais como essa de lá era. Sou outra mulher: emancipada de um passado que passou; independente para escolher os meus melhores caminhos e com um monte de sapatos. E tudo isso, sempre com a maior ternura, que é a palavra mais terna que conheço.

O que quero dizer é: não importa quantos sapatos o dinheiro possa comprar: o que importa é aonde você pode ir com eles -- seja empresária ou do lar! Independência e emancipação é isso; claro que com uns trocadinhos na bolsa é ainda melhor!

maio 20, 2002




Para todos vocês, obrigada!

maio 19, 2002

Entendi o que a Lua quer me dizer ao piscar assim para mim. Não preciso saber o que há do outro lado da Lua.

O que quero está aqui, bem perto. Valeu!

maio 18, 2002

Começou!!!! RRRRRRRRRRRRRRRonaldiiiiiiiiiiiinho!!!!!
Que vontade que dá!
Ricardo Monteiro
A vida como ele é (ou está sendo pelo menos para mim)

Não a vida toda; apenas uma parte dela. Pois a nossa vida é assim. É feita de uma porção de partes. Umas você atua como protagonista; noutras é coadjuvante; em outras , figurante sem fala. Não sei o que eu fui na que vivi hoje. Experiência estranha. Fui ficar com a minha mãe; que não se lembrou do meu nome, mas dormiu segurando a minha mão. Creio que há um momento da vida em que você está noutra e as pessoas ao largo são apenas figurantes sem fala, coadjuvantes de uma história que não tem protagonista. Dei o jantar dela. Ela comeu tudo. Tentou completar uma frase diversas vezes sem conseguir, até que conseguiu me dizer que não tinha nada. Não sei de onde puxei uma conversa tola, em que lhe relacionei tudo o que tinha, como se falasse com uma criança: você tem uma cama, um armário, monte de santinhos, filhas, bisnetos, uma cobertor, uma televisão... e por aí fui, colocando num mesmo saco, filhos e armários. E ela ficou ouvindo, como que entendendo que tinha muita coisa, apesar de não haver, aprentemente nenhuma hierarquia nesses bens. Ela tinha alguma coisa. Pareceu confortada. O estranho disso tudo é que você sabe que ela é a sua mãe, mas não a mãe que você teve e que quer guardar como eterna lembrança. Ela é a mãe que eu tenho agora, apesar dela não saber bem o meu nome. E sei que a amo pelo que foi, apesar de nesse momento, fosse eu ou qualquer outra pessoa carinhosa que estivesse ao seu lado, ela seguraria a mão. Esse não é uma escrita triste; é estranha; é mais uma faceta da vida que aprendo.

Bom qualquer coisa!

Colhi aqui essa flor para desejar um ótimo qualquer coisa! Era para ser colocada pela manhã, mas me distrai e só agora a entrego. E sabe para quem ela é? Para todos aqueles a quem ela traga algum tipo de prazer.

Foto Red Bouquet, de Ricardo Monteiro.

maio 16, 2002


Estou esperando na torcida pela volta de todos vocês!!!!! Se não for assim, não há jogo! Em time que está ganhando, não se mexe, certo?

maio 14, 2002

Atrasada como sempre

não falei do cd "new age" Secret Garden que ganhei do genro-futuro quem sabe? Umas músicas lindas, relaxantes, nada tristes. Nem da vela aromática que LF, o filho, me deu. Creio que parte dos homens da casa está me induzindo a ser mais zen. E estou embarcando nessa com o maior prazer.

Eu sempre me surpreendo!

quando encontro escritos bonitos, nas visitas a novas casas. Como esse aqui que encontrei no Imagina. Quem assina é Chapeleiro Maluco, aliás, que viagem me traz esse nome. Esse nome não era de um daqueles lá da Alice no País das Maravilhas que comemorava os desaniversários? Mas, sem digressão, veja que sensibilidade no post ANTES QUE A LUA DESÇA.

Vou escrever com essa letrinha só para implicar com você que nem ligou para o post aí de baixo e que eu achei tão lindo. Aliás, eu não acerto nunca. Se acho ruim, gostam. Se acho o máximo, é sempre um achar solitário.

maio 11, 2002

A pergunta do Epifanias Imperfeitas ou da série-- pena que está grande e ninguém vai ler.

Como todo leitor de blog já sabe, aqui nesse pedaço é sempre aconselhável ler os escritos de baixo para cima, sob o risco de algumas vezes não entender nada. Pois então, continuando o post de baixo, a pergunta ficou na cabeça.

"(...)Não esquecer tem cura?" Eu pensei e pensei e concluo que não tem cura, porque lembrança não é doença medicável.


Como esquecer de quem foi na minha vida a minha mãe? Aquela que costurou para ajudar o meu pai a comprar a casa; para colocar as filhas no melhor colégio; que aprendeu a costurar sozinha, por pura necessidade, sem nunca ter gostado de costurar; que nunca conseguiu ou se interessou em aprender uma única frase em inglês, apesar de estar casada com um?

Como esquecer aquele inglês que foi o meu pai e que, a qualquer hora do dia ou da noite, te convidava para um chá? Aquele homem educado como o que, funcionário federal, que trabalhava no Cais do Porto e tratava os estivadores, chefes, exportadores do mesmo modo respeitoso? O seu ar de David Niven, cultivado com esmero, que com um salário bem médio peitou comprar um apartamento na Zona Sul, educou as filhas e lhes ensinou tanta coisa, que se elas não aprenderam o problema é delas.

Os meus filhos pequenininhos, nos seus carrinhos, seus tombos, suas alegrias e suas primeiras decepções?

Como esquecer as pessoas legais que cruzaram a minha vida e me surpreenderam com sua amizade?

O primeiro namorado, não ele, pois nem me lembro mais com nitidez, que cara tinha. Mas o lugar de primeiro namorado está aqui, em algum lugar guardado. As decepções amorosas, já agora esmaecidas pela distância e de sem importância no atual estágio, mas aqui, num pequeno espaço dessa cabeça.

O pedido de noivado, o casamento, o nascimento dos filhos, os chefes chatos, os insuportáveis, os do coração. Todos eles, esquecíveis ou inesquecíveis por mérito, também estão aqui.

O homem da sua vida esteja ainda junto ou não de você, como esquecer?

Aliás meu analista sempre me perguntava: Já encontrou o homem da sua vida? E eu, apesar de casada há muitos anos com o mesmo homem, nunca entendia a pergunta, pois nunca soube se nessa categoria antiguidade é posto. Como nunca tive essa certeza, creio que neuroticamente negava a resposta afirmativa, pois acho que sempre se espera mais do que já se tem.

E hoje imagino que estava certa. De repente, concluo que há o de fato e o de direito. Antiguidade só é posto na história da vida e do mundo; é boa para definir e identificar eras, séculos e períodos por que a vida da gente passa. Só isso.

O homem da vida da gente é atemporal; transverso, ele corta você das suas circunstâncias terrenas e são os dois transportados a um outro lugar, feliz parêntese, pois só se quer aquele que abre; o outro que fique lá nas expressões matemáticas em que 1+1=2. Aqui a continha é outra e o todo é muito, muito mais do que a simples soma das partes.

Se esse lugar for amiguinho das suas circunstâncias temporais, muito bom; se não for, não é isso que vai fazer você esquecer-se dele ou torná-lo temporário. Isso é marca indelével no coração. Você pode até tentar tingir com uma tinta parecida; mas você sabe que essa é só uma forma de fingir que está tudo igual.

Uma coisa que eu não quero lembrar nunca é de ter sido covarde diante dos presentes que a vida dá. Recusar presente é falta de educação, conforme o Lord pai me ensinou.

maio 09, 2002

Lá do Epifanias Imperfeitas

Pois então, lá está a escritura "Adicto". Não dou conselhos; mas aposto no que me encanta e você já sabe disso; portanto vai até lá. So para provocar, sabe como termina?

"(...)Não esquecer tem cura?(...)"




Tenho saudade de poucas coisas na vida, mas saudade de umas gentes...

Por exemplo das coisas da infância; não sinto saudade. São boas lembranças o que guardo. Agora de algumas pessoas me bate uma saudade, que não é necessariamente ligada somente às boas lembranças; é falta mesmo. É tristeza de não estar com elas; de não estar aproveitando para usar o meu tempo com elas. E por saber que elas se ressentem dessa distância, tanto ou mais até do que eu.

Saudade que bate no corpo, além de na alma. É a falta da mão, do abraço, do silêncio, da cumplicidade, do querer ficar junto e, de lamentar não ter, nessa hora, o poder de esticar o tempo.

Achei lá na Rossana "pescado nas cinzas da Língua de Fel", como ela mesma disse. Olha só se você já viu uma descrição tão perfeita e visceral da tal da saudade das brechas-encantos dessa vida.

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Clarice Lispector




Emoção é o seu nome! (sempre lembrando que post achado não é roubado)

"(...)Emoção é querer compartilhar, querer apenas estar... estar ao lado, estar junto, participar...

Não importa como, não importa onde, não importa por onde, importa é estar lá.(...)" Garota Marota



maio 08, 2002

Achei!

Achei o lugar que eu quero. Ali, bem no meio daquela grama. E o carro também cruzei com ele na rua hoje. Um Land Rover verde. Bem, o terreno é meio longe; é na Inglaterra. E não deu tempo para negociar com o dono do Land Rover. Hoje não deu para abrir nada. Quem sabe amanhã encontro a chave?

Foto:http://flood.nhm.ac.uk/

Desmistificar!

desfazer a mistificação; não abusar da credulidade. Essas definições têm me servido. E aprendi a desmistificar as coisas, os cargos e as pessoas. Procuro vê-los com são. Assim, me aproximo de todo o mundo do mesmo jeito e falo com cada um de acordo com o seu jeito. Não há nada de Madre Tereza nessa posição; ela é somente bem mais simples. Não imponho meu jeito de ser; só não abro mão dele. E como disse para uma amiga, de promessas estou bem surtida. Agora é: Luz! Câmera! Ação!

maio 07, 2002

Para uma pessoa querida

Conheço um pouco dele por conta da imagem refletida lá no Espelho. Não sei como é fisicamente. Só sei que é muito querido e que tem uma sensibilidade densamente humana. Eu digo que é o meu amigo caçula, pois é um conhecimento recente. Mas é tão espontâneo, ao externar o que sente, que parece que eu o conheço. E o conheço; só que não o reconheceria se cruzasse com ele numa das ruas dessa vida. Ele é o Raulzito. Aquele que presta uma homenagem linda e inclui toda a família blogueira do Brasil. Isso não é bonito? Uma pessoa despojada de vaidade; que agradece e que fala de peito aberto, puro e livre, com o coração.

Você não vai acreditar no presente que ele me deu! Só indo e conferindo rápido que coisa mais bonita.

ObrigadaO máximo!Obrigada.O máximo!Obrigada.O máximo!Obrigada.O máximo!Obrigada.O máximo!Obrigada.
O máximo, você meu amigo caçula.

Cada vez mais implicante

Nesses tempos de muita falação e poucos ditos, muitas palavras perderam a força que tinham. Hoje tem gente que ama brigadeiro, adora sorvete. Agora me fala se o sorvete você ama, o que que você diz para o homem/mulher da sua vida? O que observo, com meu aguçado olho crítico é que as palavras continuam as mesmas, mas foram flexibilizadas pelo entorno. Então numa hora tal, em que se diz para aquele homem/mulher -- eu amo você; o momento te dá toda a garantia de que ele não é um sorvete. As palavras saíram das caixinhas onde estavam e rodam por qualquer parte que a ocasião as coloque. E você sempre sabe se é um sorvete ou a mulher da vida dele, certo?

E com os gestos? Antes um abraço apertado era um abraço apertado, quieto, mãos e braços cobrindo o outro. Hoje, como se isso não fosse suficiente e talvez não o seja por ter sido banalizado, há quem esfregue as costas do outro, parece que acrescentando algo que faltava. Será que o que falta não é o afeto? Pois há poucas coisas tão boas do que a troca de calor provocada por um abraço amoroso, tal qual acasalamento de WorkPad -- de infra-red em infra-red*, transfere-se o que se quiser.
*sei fazer, mas não sei se é assim que se diz

maio 06, 2002

Você meu leitor assíduo...(observe que a frase está no singular)
que me deu a maior força nos dias em que andei down legal por conta da minha mãe: Ela voltou para casa! Uma vitória a cada dia. É assim que se vai. Às vezes o motor pode dar uma rateada, mas a gente vai no tranco, empurra, larga ele, pega táxi, ônibus ou metrô, mas vai. Há sempre tanto a ser feito e a ser dito, que não podemos deixar de ir, não é não?

Obrigada a você; só não vou dizer um beijo no coração, pois detesto essa expressão, além do que eu não consigo imaginar como é que é isso. Minha imaginação não acompanha a idéia.

Você conhece coisa mais antiga do que "tirar um cochilo"?

Nada contra cair na cama chapado, sábado ou domingo à tarde, ou antes de sair para a noite. Agora tirar um cochilo me vem à cabeça, uma televisão ligada, alguém na poltrona sen-ta-do, se assustando diversas vezes com a caída da cabeça e tentando assumir que não estava dormindo. Experimente desligar a televisão. Acaba com a graça do cochilo. Acho que são almas gêmeas.

maio 04, 2002

Pena que ninguém vai ler porque está grande, mas como eu sou uma "menina" obediente...

acato a sugestão da amiga e passo ou repasso a questão dos encantos e dos des-encantos. A frase construída com o encanto à frente é justo porque ele é a origem; o outro é a desanimadora consequência. Pensei em usar triste, mas não é triste o desencanto; ele é chato; você se acha uma burra de ter embarcado em canoa tão colada com durepox e pensa: puxa, preciso trocar de óculos. O desencanto traz de volta à sua lembrança, as besteiras bem intencionadas que você fez: a comida guardada quentinha; o perfume novo para uma noite que prometia, mas em que o Santo faltou ao serviço e ainda assim você perdoou; aquelas inúmeras atrações que você sentiu e reprimiu, e que, mais tarde você vem a descobrir que a repressão foi só sua. E o maior desencanto é você descobrir que o outro está em outra. Não necessariamente outra mulher/homem. O outra aí pode ser outra vida, outra vontade, outro sonho. E você que foi encantado por viver um projeto comum, de repente, puf! Taí uma coisa ruim esse tal do desencanto. Consegue ser tão ruim, quanto é bom o encanto. Mas, como só existe um, porque existe o outro, vale sempre correr o risco; afinal, para mim os encantos valem qualquer aposta. Eles são a vida! Ah... o encanto, o amor, a proximidade do sonho realizado, o sentimento indefinível de tanta felicidade que você não quer repartir com ninguém. Ela é sua. É para ficar quieta e pensar, repensar, repassar ela na sua cabeça muitas e muitas vezes. Viver o encanto, peitá-lo é coisa para gente macha; que acredita. Isso às vezes custa caro, mas ofertas é com as Lojas Americanas. E os dados estão rolando sempre. E a gente sempre tem sorte naquele pano verde.

BlogUpGrade"lindo isto! mas ainda sou partidária de o que mais doi é aquele momento de desencanto consigo mesmo. o outro existe para podermos dividir o encanto, não seria possivel manter toda a energia do encanto dentro de um corpo so'." Dela que aos poucos se aproxima.


maio 03, 2002

Represada na tabela das 24 horas














Uma homenagem ao meu dia.
De onde esperava apoio, um oi, um alô, não soou nada; o oi se calou. Agora vê, eu que já sou ruim de pedir ajuda, quando peço, nada. Onde está a brecha para emprestar a mão? Para fechar-me no abraço e dizer --estou aqui. Esta outrora rapadura está mais para rachadura?

Onde decidi sobre situações absolutamente inesperadas de forma mais inesperada ainda, surpreendendo a mim mesma.

Onde o abraço que esperava de um, veio de outro, do qual já pouco esperava.

Onde senti uma raiva que não sabia que tinha e um certo desencanto pintou.

Onde uma grande alegria aconteceu.

Em que dei uma aula com um ânimo que pensara acabado.

Que fortaleci idéias sobre o caráter forte de uns e sobre a tremenda fraqueza, cuidadosamente camuflada de outros. Um dia como os outros. Cheio de impressões tornadas falsas e de impressões que se fizeram verdadeiras. Mas nada disso é para sempre. Foi só hoje. Amanhã, quem sabe quem estará de um lado ou do outro?

E, finalmente foi o dia em que descobri que fazer tabela dá um trabalho danado e não compensa tanto esforço para represar umas poucas horinhas que daqui a 10 anos não terão a menor importância.

maio 01, 2002

Sabe daquela história de que cada dia é uma vitória?

Pois então, venho acompanhando cada grande vitória represada nas 24 horas de um dia. Acompanhando a vitória da minha mãe, dia a dia, fico imaginando que deve ser a mesma sensação vivida por quem luta para se libertar de algo que o aprisiona: seja essa causa o vício que for. Então vejo agora que a meta é a mesma: a vitória diária. Nada de se pensar em finais apoteóticos ou poéticos. É uma rotina dura. É construído tijolo a tijolo o tal do muro saudável que nos livra das doenças, nos liberta e resgata a vida que queremos voltar a ter.

E que os Anjos digam Amém!
E eles sempre dizem!

Mesmo quando as nuvens insistirem em esconder o nosso Cristo


vou manter a promessa de viver "ao vivo e em cores" O máximo esse desejo de não fugir à luta!

Foto: David De Nicolais