janeiro 31, 2002

"Post achado não é roubado" Ana

"(...)Que esperança há para um homem que não carrega em sua alma uma paixão?". Está lá no Circulando.

"Dize-me poeta, que fazes? - Eu celebro!" Rilke

Então, ontem celebramos a futura ausência de uma amiga que se afasta, em busca de outras tintas ou outras especiarias de Provence. E, como sempre, a tal da urgência que dá em todos nós para comemorar, me faz concluir que só pode ser a maneira que encontramos de zoar com a saudade. Rir e zoar muito mesmo com ela, pois como disse o Mestre Drummond, "...a ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim".

Então comemoramos entre risos, falas e charutos. Fomos ao Esch Café. Meu Deus, que charme de lugar é aquele? Começa com a fachada maneiríssima naquela rua "eterno point", a Dias Ferreira. Aí você entra e parece ter entrado no show Tributo a Tom Jobim. Todos os rapazes que atendem às mesas usam um chapéus meio de lado, que parecem o do Tom. E os chapéus dão a eles uma dolência cubana que só quem fuma charuto vai entender. Ninguém é frenético nesse lugar. Ninguém tem pressa. Nenhum garçon fica rondando a sua mesa, naquela meia pressão insuportável para que outro cliente a ocupe. É só curtir, entre uma baforada e outra. E curtir a decoração, a música, as televisões, o ar do charuto no ar, a cerveja geladíssima, e nós, ontem, acrescentamos os amigos -- os bons e velhos amigos. Muito riso, amor, amor, amor, carinho e ternura. Precisa mais?

Mesmo sem precisar, teve mais e que mais...! Os bota-gosto: pãezinhos acompanhados de um patê maravilhoso, uma manteiga e um azeite quente. Entre os pães têm uns "joelhos" pequenininhos tipo "fala sério", recheados de queijo e presunto. Seguimos no embalo das comidas de quarta `a noite: presunto de parma enrolado com mussarela de búfalo, com umas folhinhas de rúcula; beiju com parmesão e beiju com carne seca e requeijão (essa é para o Julio -- a Bahia é aqui); pasteisinhos de queijo brie; carpaccio de carne e de salmão; queijo camembert (meio derretido) com geléia de damasco e nozes; um sanduíche enorme que o Dadum devorou em segundos, comendo inclusive a alface de enfeite; e um caldinho de feijão para arrematar.

E é claro, fumamos charuto. Quer dizer, eu pessoalmente, tirei fotos, fumando charuto. Vou mostrar a você, caso a minha cabeça tenha ficado direita, sem cair para um lado ou para o outro. Descobri que há uma técnica ainda desconhecida para mim sobre fumar charuto no ritmo da sua respiração. Não aprendi e só sei fazer pose. Tenho uns bons professores.

Bem, como você vê, @joyce "desce a lenha" quando o serviço é tipo quiosque, mas fala bem quando é bom. E olha, Cuba é no Leblon, pode acreditar. O máximo, como costuma dizer uma pessoa pobre de vocabulário, que nós conhecemos.

janeiro 30, 2002

"Post achado não é roubado" Ana

Pois então -- achei e adorei:

"não adianta fazer 40 graus, tem que ser Rio de Janeiro, não adianta ficar à sombra, tem que ser janeiro e fevereiro, não adianta qualquer refrigerante, tem que ser Coca-Cola Light, não adianta música gaúcha, tem que ser Adriana, Nei, Vitor ou Bebeto, não adianta qualquer nota, tem que ser "Desafinado", e também não adianta achar este mundo pequeno, se nunca ultrapassar a esquina, não adianta sentir medo, se não executar o plano, não adianta ficar triste, se não procurar a felicidade, assim como não adianta nada escrever um texto, para ser guardado..." (o grifo é meu)

Gênio, não é não? Lá do Porta Lateral. De lambuja, mais uns trechos de outro escrito de . E merece todo o grifo!

"é bom!
(...) ruas que não levam para lugar algum que não aquele que você deseja encontrar, na hora em que sentir vontade de parar,
(...) e a certeza de que nada do que se espera, nada do que se procura, é em vão.
agora, vou lá, me encontrar com o meu futuro, tenha ele a cor que tiver, azul, branco, negro, amarelo, verde-limão..."




janeiro 29, 2002

Fala sério: dá para não ser feliz lá na Polinésia?




BlogUpGrade I - "O pior é que dá... Quando a pessoa quer ser infeliz,tem disposição para tal, nem a Polinésia resolve...
Por isso que a gente se vira aqui mesmo, e ri de pouca coisa...:)) Claudia

BlogUpGrade II - é a primeira vez que eu vejo um barco flutuando no mar e fazendo sombra na areia embaixo dele... isso não é água! é sonho líquido! :) Stella

BlogUpGrade III - Eu tenho a capacidade de ser feliz em qualquer lugar. Fui feliz em todo canto que morei. Mas acho que uma paisagem dessa acrescentaria pontos para mais felicidade, hein? U-la-la!!!!! :-) Fer

BlogUpGrade Meu I - Alguém conhece uma Tia Estella que queira organizar uma excursão lá para a Polinésia, só para quem quiser ser feliz? Uma semaninha já estaria de bom tamanho. Se você conhecer, me fala? Inscrições abertas.

BlogUpGrade IV - Eu quero ir, eu quero ir, to dentro da lista. Voce pode ser a Tia Joyce, que tal? Aninha

BlogUpGrade Meu II - Sabia que alguém ia acabar me chamando de tia...

BlogUpGrade V - Quero ir junto! Rossana

BlogUpGrade VI - Penso que a Claudia está quase certa! Tem gente que consegue ser infeliz em qualquer lugar, mas é porque não sabem fazer diferente. Não é uma opção. Eu topo a excursão "Tia Joyce". Sol

BlogUpGrade Meu III - Só mulheres na excursão? Será que os homens não querem ser felizes? Ou será que já são? Ou acham que são? Hummmm..."Vamô" Bora-Bora!!!!

Começou 2002, finalmente!

Então, voltei à aula grátis de alongamento, pois já estava dando cãibra na mente. E cheguei, ganhando uma camiseta. Agora a turma está toda vestida igual e apesar de não ser o melhor outdoor para os dizeres da camiseta "RIO - Sarado de Corpo e Alma" -- adorei o presente. Aliás, esta iniciativa da Secretaria de Esportes e Lazer, da Prefeitura do Rio, é a cara do Rio. Já são 50 locais com ginástica localizada e alongamento. Eles fazem avaliação física, tem carteira, tudo muito organizado.

Que venha 2002, apesar da Adriana me perguntar muito espantada: Mas vai começar antes do Carnaval? É isso. Meu ano começou mais cedo -- antes do Carnaval.

"O post da semana". Uauuuuu!

Pois então, o post Por que reveses da vida, a nossa vida anda? que está em algum lugar aí embaixo foi escolhido o melhor post da semana pelo Subrosa. Vale ir lá conferir os outros dois escolhidos nas semanas anteriores. Grande Meg das grandes idéias. E tem também a escolha do Afrodite na lista dos 10 mais do Gravatá. Estou me sentindo tão 1st. Class !

janeiro 28, 2002

A parte favorável do espelho

Pois então, quase tudo depende do ângulo que você olha, certo? Há pessoas que sempre descobrem, num céu azul, uma nuvem ameaçadora. Há quem, tendo um encontro às 4 e estando atrasada vê no relógio que são 3 h e 45 minutos; outras verão que faltam 15 minutos para as 4. E por aí vai... mas cadê o espelho do título?

Ah! estão lá, pendurados nas portas dos armários ou nas paredes. Não sei se com você é assim, mas tenho em casa, espelho que emagrece, outro que serve para examinar a maquiagem, outro que não mostra nada e um que fala a verdade. Esse espelho, sincero demais, pelo menos não piora as coisas como os espelhos das cabines das lojas. O que que é aquilo? Quem desenhou aquela luz de cima, que não favorece ninguém? Com certeza é alguém a fim de despencar com as vendas do estabelecimento e com toda a ala feminina.

Já pensou no aumento das vendas se esses espelhos tivessem uma luz meio que indireta? Não precisavam emagrecer ninguém, a fim de evitar-se qualquer processo por propaganda enganosa, mas se não derrubassem todas as mulheres já trariam lucro para o vendedor e mais ainda para as nós, homens e mulheres, que tentamos nos encontrar através da parte favorável do espelho.

"Certas coisas só acontecem comigo e com o Botafogo"

Este desabafo foi da Meg, tentando me assegurar que, com a saída dela do Fala Sério, o sistema de comentários vai funcionar perfeitamente, sem qualquer interrupção.

Das crendices mentirosas

Pois então, sempre me disseram que formiga era mudança. Do jeito que elas acamparam por aqui, acho que a família se muda para a Nova Zelândia. "Sempre Nova Zelândia..."

Da Série Ranzinza VIII

Aí na sua casa tem dessas formiguinhas que atravessam a nado a água do pires e alcançam a ilha-açucareiro? Aqui tem.

Da Série Ranzinza VII

Aí na sua casa tem essas formiguinhas que adoram tudo, seja doce ou salgado, até ração de cachorro? Aqui tem.

Da Série Ranzinza VI

Aí na sua casa tem aquelas formigas, bem pequenininhas que andam em fila, como uma caravana de camelos, como se a sua cozinha fosse o Saara? Aqui tem.

janeiro 26, 2002

Num quiosque da Lagoa

Eu fico revoltada diante da incapacidade que temos de tratar muitíssimo bem o que Deus nos dá de graça. Pois então, foram concedidas licenças para os quiosques comercializarem à vontade, num dos terrenos mais espetaculares que qualquer investidor poderia imaginar -- na Lagoa. Bem, ela continua linda, agora cercada de manguesais, que têm a responsabilidade de manter a oxigenação daquela água. Os orixás flutuando sobre as suas águas dão um aspecto místico àquela orla de babel, em que uns andam de skate, outros de bicicleta, outros de uns carrinhos, alguns correm e muitos andam. Conforme anoitece e as luzes são acesas, surge a Lagoa by Night, um outro cenário mágico em que os prédios à sua volta, iluminados de baixo para cima, ganham contornos novos e crescem. Refletidos nas águas, tornam-se cartões postais.

Então, ontem, naquela tarde gostosa de verão nada pelando, fomos para um quiosques tomar nosso chopp geladíssimo e comer as coisinhas gostosas só para acompanhar a caída da noite. Aí começamos a sentir os efeitos do nosso desleixo com o que nos é dado. Dizemos ao graçon que somos 8 pessoas e pedimos para ele juntar 3 mesas. Não pode: para 8 pessoas são 2 mesas. Raciocino rápido e percebo que por esse cálculo, dois infelizes ficarão com os pés da mesa entre as pernas -- muito pouco confortável, mas regras estúpidas são regras estúpidas. Vamos ao chopp. Só tinha daquela marca que acho amargo e não gosto. Vamos partir para a cerveja. Vem quente. "Em vez do rapaz tirar a de baixo, tirou a de cima". Sente o profissionalismo do ato e da explicação do garçon. Enfim, vem a gelada. Gelada porque ele quer, porque gelada para mim é aquela temperatura imediatamente abaixo de congelar, quando você pega na lata, sabe qual? A que ele trouxe estava longe disso. Bem, balde de gelo e afogamos as latas -- foi a saída que encontramos. Agora fala sério: COMO numa sexta-feira, tarde-noite, um bar não tem cerveja estupidamente gelada?

Bom, os garçons com uns chapéus de árabe fazem lembrar das delícias das comidas árabes. O mini-quibe do Rio Sul é muito melhor. O tabule tem pimentão, arghhh! O quibe cru salvou-se, se bem que com 3 folhinhas de hortelã. Aliás, acho que o dono não gosta de hortelã, pois não o senti por ali.

Enfim, saí antes do que eu queria, pois imaginei que não seria fácil pegar um táxi. Acertei. Apesar do garçon dizer que tinha um ponto de táxi, não tinha ou se tinha o ponto não tinha o táxi.

Esse meu desabafo é indignado porque não é admissível que pensem que a vista bonita compensa o péssimo atendimento. Eu não volto mais ali e tantos outras pessoas também não. Não é admissível que não haja, internamente, controle sobre os serviços. Por que será que os donos parecem não ter nenhum compromisso com a qualidade? E quem somos nós que não reclamamos? Você vai a um barzinho em Miami ao lado de um laguinho que parece uma poça perto da nossa Lagoa e é a maior atração, o melhor serviço, o maior interesse em atender ao cliente. E ainda querem falar em turismo? Isso me dá uma raiva!

janeiro 25, 2002

Um Poema sem Nome - George Miguel Pereira

Qualquer instante é eterno se lhe damos um sentido eterno.

O infinito se transmite ao objeto que para nós representa a suprema fé e a suprema esperança.

É infinito o momento em que se pode quebrar a solidão do corpo e da alma.

É infinito o momento em que se pode eternizar o que está limitado pelo tempo.

É infinito o momento em que se pode ser feliz.
O primeiro logoff ninguém esquece

Pois então, a primeira vez que me desconectei de uma rede, foi uma vitória. Primeiro, uma vitória como usuário que nunca havia usado computador e que tendo ingressado numa empresa de tecnologia tinha que entrar na velocidade dos que já por ali trafegavam há anos. Entrar, circular e sair corretamente foi portanto, uma primeira tomada do pulso de tráfego que foi uma senhora vitória. E ultrapassar todos os outros primeiros logoff também são um sucesso, se soubermos aprender com eles. Daí o título.

Na verdade, a afirmação do título é falsa e verdadeira ao mesmo tempo. A gente esquece para lembrar. Ela fica esquecida, mas está lá, marcada. Ao memso tempo está presente em tudo o que você faz e pensa, pois agora você sabe que ela existe e que pode até acontecer. Que ele foi só o primeiro logoff da sua vida -- certamente terá um próximo. Nada de pessimismo nisso, pois é o logoff de um que permite o log em outro, seja esse outro um emprego, uma pessoa ou qualquer outro tipo de aliança.

Aliança, não dá para não brincar -- ali-lança: uma esperança, um desejo, um projeto, uma expectativa. Muito bom! Pensou que eu fosse dizer o máximo?

Pierre Bordieu

Com a morte do sociólogo, "renovador das ciências sociais" (JB. 25.01.02, B. p.1) me vem à cabeça a época em que varar a noite lendo textos acadêmicos era prática usual. Tempos meus de antigamente.

Um alô saudoso

Quem disse que longe dos olhos, perto do coração tinha lá as suas razões. Um telefonema do marido, que está lá fora, falando da saudade, confirma o ditado.

Muita areia para a minha "pickup"

A tia, 86, precisa de enfermeira 24x24h, por conta da esclerose; a mãe, 88, resolve fazer um desses exames médicos que requer internação; a Tina, 31, vai de endoscopia, para ver o que há com sua digestão.

Bem, com tudo resolvido, só mesmo indo a um dos quiosques da Lagoa para refletir sobre um chopp, olhando os orixás que desde ontem flutuam sobre as águas -- porque afinal, eu mereço.

janeiro 24, 2002

Esse seu olhar...

Estou há dias sendo fitada penetrantemente pela desorganização da minha mesa e tenho conseguido ignorá-la, com a maior desenvoltura. De qualquer modo, sinto aquele olho sobre mim...

Saltando para outro lado, já que não vou arrumar coisa nenhuma mesmo, ouvi uma música pura dor-de-cotovelo no táxi. Não sei porque, mas nos táxis o ibope é do Haroldo de Andrade, onde você fica sabendo que a Ponte e a Leopoldina estão engarrafadas, ao lado da discussão sobre qualquer assunto -- pois não há um assunto de que não sejam experts os debatedores do programa. Eu pessoalmente não acho que seja a melhor coisa a ser ouvida, enfim, o carro é deles...

A outra opção oferecida nos táxis é música de alguém falando de alguém que já era e que o compositor queria que aaainda fosse -- uma fossa só. Aí pensei, que letra linda! Agora, imagine a reação da pessoa-alvo da música, Ela deve pensar -- puxa, lá vem esse chato outra vez! Eu já não disse que acabou, escafedeu-se, parou?

E é mesmo. Há troço mais chato do que você ficar tentando terminar uma coisa e o outro ficar insistindo? Parece tele-marketing ou tal qual sua tentativa de cancelar cartão de crédito ou assinatura de jornal. Não é não?

janeiro 23, 2002

Eu sei onde andam as minhas brechas da vida

E sei de que são feitas as brechas -- das escolhas do coração. Está na hora de estornar.

Por que reveses da vida, a nossa vida anda?

Pois então, estou vivendo meus dias de alforria. Solteira, dona dos meus horários e programas, ainda que por um curto tempo. E sabe aquela indecisão que dá em você, quando entra num estacionamento vazio? Cheio de vagas para você escolher onde vai deixar o carro? É assim que estou. Bem, desde que não escolha a vaga pior, tudo bem. E achei que iria a todos os cinemas, bares e restaurantes e que me faltava muita coisa. E sabe só o que precisava recuperar e consegui? A liberdade de não fazer nada, desde que queira isso. Em quarentena o "tem que". Simplesmente, o máximo!

Falando com alguém, com ninguém em particular ou com a totalidade e, para além dela

Totalidade essa, tal qual a define Pierre Lévy --um fechamento semântico englobante.

Pois então, por que esse início erudito se quero mesmo é falar das coisas simples? Tão simples quanto é pensar em quem essa totalidade, a qual a gente pensa que vai ler o que se escreveu? Começou a "viagem":

É fechamento à medida em que eu a circunscrevo como existente e dispersa num espaço qualquer; portanto eu a demarco e defino -- ela existe.

Semântico pois entendo que me entendem e a pragmática da comunicação se dá sem ruídos, ou com eles não importa -- há mão dupla na comunicação.

Englobante por sua dispersão pelos aís do espaço; podem estar em qualquer lugar. Há, portanto a diversidade na totalidade circunscrita.

Mas há mais; muito mais do que pode supor a minha vã filosofia: As caras e bocas que fazem ao ler os escritos são diferentes. Os comentário que nunca são escritos também.

E aí está a riqueza: aumento da tolerância com as diferenças alheias; refinamento de suas escolhas; expansão do seu universo de conhecimento; ter chegado até você, quem quer que você seja, onde quer que esteja e mesmo que não tenha tido volta, eu reforço em mim a sua presença. Confuso isso, não é?

janeiro 22, 2002

A moça e a sua fala ruim

Ela devia ir a algum lugar, pois não é lá muito comum alguém ir à feira de meias pretas de seda, complementando o vestido também preto. Chamava a atenção. Mas chamou mesmo a atenção foi a construção da frase que usou, dirigindo-se ao feirante: "Já coisou?" Ela queria saber se suas compras já estavam prontas para que as levasse. Fala sério! Só criança muito pequena, naquela fase de inventar palavras, fala desse jeito. Estou muito impaciente...?

janeiro 21, 2002

Nem a medicina explica

Por que será que minha cabeça sempre cai para um lado ou para o outro, toda a vez que tiro foto? Só fico com a cabeça "direita" em fotos instantâneas. Falou em fazer pose, pronto, a cabeça vai para um dos lados.

A outra inexplicável caracteristica que me persegue é não conseguir ficar em pé parada. Sempre fico me balançando de um lado para o outro. Não um balanço de dançarina de discoteca, mas lentamente, mais como se estivesse ao som de um reggae. Acho que isso não é normal. Tem alguém que entende disso?

Essa gente tem cada uma...

Tem coisa mais irritante do que alguém que começa a contar uma piada e esquece o final? Agora triplica isso para um caso de não-piada, em que nem te fizeram a célebre pergunta -- sabe da última do cara que.... Então, essa que me aconteceu foi contada por um motorista de táxi que mais do que ganhar o dinheiro da corrida, pão-dele-de-cada-dia, queria mais é jogar nas minhas costas e na minha cabeça uma preocupação que, até então era só dele.

Pois vou fazer o mesmo com você. Ele começou dizendo que conhecia "de vista" um rapaz que morava perto dele. Rapaz novo, geralmente bem arrumado e foi fazendo a descrição lá do tal vizinho. Ele continuou: Ontem, eu estava na Rodoviária e ele passou por mim -- e era um mendigo. Todo sujo, com os pés pretos de andar descalço. Quando cruzou comigo, falou oi e eu perguntei o que ele estava fazendo ali. O rapaz seguiu em frente, não respondeu e nem olhou para trás.

Eu, sentada no banco de trás, mas já meio chegada para a frente, continuei calada, esperando o final ou a continuação da história. Não tem final! Você acredita? Ele não sabe nada mais do rapaz. E o que me deu mais raiva é que ele disse que, no final do dia, ia passar lá no bar onde o irmão do tal rapaz trabalha para saber o que aconteceu para, de uma hora para a outra, o rapaz ficar daquele jeito.

Eu aí não aguentei e dei uma pequena bronca no motorista -- Muito engraçado isso. O Sr. me conta uma história; eu fico preocupada, pensando no que terá acontecido com o rapaz e nunca vou saber. Recomendo ao Sr. que volta e meia passe na Urca, pois quem sabe assim me vê e me diz o que aconteceu.

Você já reparou como tem gente que adora "dividir" as preocupações e nunca "divide" as soluções que encontraram? Das duas uma; ou estão falando sozinhas, ou te consideram no papel de figurante sem fala, que não se envolve, não se preocupa e nem ouve o que ela está dizendo. É raro alguém que contou um problema para você, ligue e diga: Lembra daquele negócio que contei? Pois então, resolvi.

Palavra que assim que eu souber o que aconteceu com o rapaz, eu escrevo para você.

janeiro 20, 2002

A imensa população do Rio de Janeiro

Você só se dá conta da imensa população dessa cidade, quando tenta pegar um cineminha domingo num shopping. Pois então, eu e essa população resolvemos fazer isso hoje. Resumo, fiz parte da população que não conseguiu ingresso e teve que se contentar com um sorvete, por sua vez, comprado com certo sacrifício.

São famílias inteiras nos shoppings. Um total abandono dos seus lares para o recesso das ruas; melhor dizendo das escadas rolantes, dos corredores abarrotados, dos parques em que as recreadoras brincam com as crianças para o alívio dos pais. É um barulho ensurdecedor, crianças subindo as escadas que descem, os guardas mandando-as descer; enfim um diálogo de malucos.

Isso tudo porque tive a brilhante idéia de assistir ao Senhor dos Anéis. Pensei que, como hoje não chovia, como o filme já está em cartaz há certo tempo, o cinema estaria vazio e nem me preocupei em comprar o ingresso pela Internet. Me dei mal, pois esqueci que o brasileiro pensa adequadamente e toda aquela multidão pensou exatamente como a equilibrada criatura que escreve isso aqui.

janeiro 19, 2002

O clã dos destinos amorosos

Estive lendo uma crônica da Martha Medeiros. Ela é ótima, seu texto excelente e o assunto -- Amores Clandestinos -- de ruim não tem nada. A partir da leitura, invento.

Nota da relatora: Se prepara, pois novela mexicana é pinto diante da minha invenção. Para evitar que você, caro e assíduo leitor, abandone a novela no meio, eu a parti em pedacinhos, pois entendo que ninguém é de ferro. Vamos lá?

Clandestino = feito às ocultas; em segredo. Por quanto se consegue manter em segredo um sentimento que sai pelos poros tal qual o suor, que refresca o corpo do calor interno insuportável?

Tinha que ter uma vez...?

Por que aquela moça se enredou com o cara impossível, um daqueles comprometidos com escolhas do passado e que
assim permanece na inércia que imobiliza qualquer possibilidade? De onde vem essa idéia absurda de que temos a mágica capaz de mudar os outros?

A condição que define o destino das clãs...

O estado civil não seria impecilho para fazer o que era clandestino passar à legalidade; não hoje, com os instrumentos legais, postos disponíveis por aqueles que definem o destino das clãs.

Os Fatos - sua origem, causas e conseqüências.

A história tende a banalizar-se quando o cara gosta da acomodação da vida, que lhe confere toda a liberdade, toda a segurança da roupa lavada, da casa arrumada, de poder ser chato, de não precisar ser sedutor 24 horas, dos bens sem divisão, de nenhum sobressalto em relação àquela vida previsível, sem culpas, sem emoções mais fortes, sem assunto, com uma história de final fechado e que tal qual criança pequena, parece precisar que se repita sempre da mesma forma.

Desse jeito, ele vai muito bem obrigado, com uma paquera aqui, outra ali. Nada que comprometa ou interfira no recinto do seu santo refúgio, repouso do guerreiro.

Lá, onde pode usar suas meias para varizes, a bermuda surrada, o chinelo do Guga, sem vergonha de parecer ridículo e tão pouco a sedutor, deve existir uma esposa, namorada eventual ou que nome tiver. Você viu, não mereceu qualquer comentário ou referência.

Eu, como a relatora, a defino como personagem secundário, figurante sem fala. Ou se tem fala, ela não interessa nem um pouco na nossa narrativa. Eis a vantagem de você ser a relatora de qualquer história. Tal qual o dono da rede de volley, que joga pedra, mas está escalado; se não jogar, não tem jogo.

O céu não está para brigadeiro -- entrou urubu na turbina -- complicou...

Um dia, nosso personagem principal, cheio das falas e das manhas, encontra uma mulher-fêmea. Tinha se esquecido que as coisas podem rolar diferentes. O que foi? Pode ter sido, a beleza dela; digamos aquele choque inicial. Seu corpo talvez. Será? Pode ser, mas até aquele momento o que sabia ele daquele corpo? Nada.

Mas, droga, tinha mais alguma coisa, que fazia ele querer pular em cima dela, no mais impróprio dos lugares. A dificuldade da conquista? Há personagens que adoram escalar sacadas para encostar os olhos em suas amadas. Mas não, ela não era de fazer esse gênero assim tão elocubrado e conquistador. Era comum.

Havia acontecido alguma coisa antes, ele não sabia o que, mas quando a viu pela primeira vez, foi um susto de reconhecimento. Ela era bonita, mas não de causar essa surpresa toda.

Nossa, como dá trabalho não cair em tentação... Ops! como é fácil, corrijo a tempo.

Agora, num céu de brigadeiro ou num mar de almirante -- Os Melhores Momentos.


Aquele ditado "o melhor da festa é esperar por ela" deve ter sido inventado por alguém que adorava o trabalho que elas dão, mas não ligava a mínima para a diversão que elas podem trazer; se duvidar um deprê de carteirinha. Bem, rola papo daqui, gracinhas de lá e, um dia acontece. E ele, como todo personagem principal vaidoso que se preza, quer mostrar serviço, provar-se magnífico.

Ela, simplesmente, se assusta. Não quer provar nada a ninguém. E contar a quem? À sua mãe? Vai dizer-lhe que está enrolada com um cara impossível de ser aquele pretendente que ela sempre sonhara? A moça só quer provar do encontro.Assim, silenciosamente conclui que foi bom, que ótimo, ainda bem, ponto.

Pois então, o susto dela foi um nada diante do dele. Que explosão foi essa que deu/aconteceu por dentro? Pergunta o ex-vencedor e sedutor, totalmente pateta diante dessa força que lhe subiu tal qual um rojão e sobre a qual ele não tem domínio ou o menor controle. Vîu-se de repente naquela mesma gaiola em que se acostumou a ver as suas seduzidas.

Que coisa mais antiga, não é não, essa de cair no próprio alçapão? Estava frágil e ele que pensava que não era, passa dos melhores para os seus piores momentos numa fração de suores, que intermitentemente se intercalam no seu corpo como ondas, ora de calor, ora de frio bem no meio da espinha.

O negócio é que são de planetas diferentes, lembra da história do masculino Marte e da feminina Vênus?

Pois então, dizem que a visão masculina e feminina vêem caminhos diferentes. Taí um negócio que ninguém, é capaz de afirmar, a não ser os animais hermafroditas, caso eles falassem e quisessem se meter nessa polêmica.

Só sei que, como relatora resolvi que nesse momento, as visões se bifurcam. E, apesar das visões diferentes os dois formam a engrenagem perfeita. Se tivesse sido ruim, parava por aí. Como não foi, entra-se no dificilímo livre arbítrio -- a possibilidade de escolher um caminho ou outro ou ainda mais um outro.

Quem disse que escolher livremente é fácil? É ótimo, agora dizer que é fácil? Não é não.

Para ela tudo é natural. Pombas, ele não é o seu homem? Então? Controlar o quê?

Ser mulher é se dar inteira, sem medo de ser e de parecer frágil. No amor, não tem essa de querer ser forte; é o que gira em sua cabeça.

Ainda em sua cabeça e só ali, conclui que, se encontrou o seu homem, quer ficar ao seu lado e sair dos quartos escuros para a luz, para o café da manhã, para a própria casa; sair do conto de fadas e estornar esse amor para a vida real.

Do lado dele, a administração dessa mulher, que não pode ser perdida, tem que considerar algumas das vantagens já conquistadas e que também não podem ser perdidas(?). Todo o marketing investido, o cultivo daquele domínio absoluto sobre a própria vida, tão bem feito...

A platéia em volta não vai acreditar que não era para sempre; que acabou o patrocínio e que não existe mais. Os amigos vão ficar furiosos por terem que optar por um ou pelo outro, enfim por serem desalojados da não-escolha para o tal do livre-arbítrio novamente. Desfez-se um grupo chato, mas já acostumado a essa chatice.

Como é difícil convencer os outros que o amor é lindo, quando eles não amam como você. E, além do mais, ele não chorou uma única vez! O homem que não chora numa hora dessas, ganha o desprezo das mulheres em torno e se enquadra como uma luva na categoria dos sem-qualquer coisa: sensibilidade, caráter...

Eu, como relatora discordo do choro puxado feito samba-enredo só para criar o clima de "está difícil para mim também". Ainda como relatora, acredito naquele olho triste, mesmo seco.

Enfim, nosso herói-vilão, simplesmente um homem apaixonado, não chorou.

Você decide se vale a pena... ter, ler ou ver de novo.

O capítulo final de qualquer uma das histórias desse tipo é o que, quem e quanto cada um aceita perder para ganhar o outro.

A resposta a essa questão algumas vezes se arrasta por anos. Como relatora, não tenho tempo, nem vontade de arriscar um palpite.

Para ser sincera, fui meio leviana, contando isso tudo, sem saber o final e nem tendo a mínima certeza de que precisa de um final.

Aliás, nem sei como anda, e se ainda anda, a história da tal da moça que quando encontrou o seu impossível, ele já estava meio-fechado-meio-aberto com suas escolhas passadas.

Mas, certas coisas não dá para a gente perguntar, não é mesmo? A gente só fica sabendo, quando as pessoas contam ou quando se é uma relatora muito da autoritária que define qual vai ser o final.

Mas quem disse que eu não sou autoritária? Dou o final:

Ele não era um principezinho qualquer, assim com minúscula; era um Homem-Rei ou Rei-Homem, como tantos escondidos sob o disfarce de sapos, só para se protegerem e não deixarem vir à tona a sua condição mais de homem do que de rei -- assim com minúsculas, muito comum e densamente humano.

Pois então, ele está agora nesse momento dizendo lá para a tal da moça que ele é possível sim e impossível seria resistir a tanto amor. O máximo!

Essa não é uma história para céticos ou diabéticos.

janeiro 18, 2002

Uma péssima mania

Você já reparou na mania que certas pessoas têm de fazer suas bolsas e sacolas ocuparem cadeiras, enquanto você, pobre mortal, procura um lugar para sentar?

Pois então, hoje o máximo que consegui foi um sanduíche no MacDonald's. Na hora daqueles apressados como eu hoje, busco um lugar para conseguir equilibrar bandeja, batatas-fritas que já rolavam, a coca ameaçando esparramar-se e, enfim comer aquela refeição que parece muito consistente, mas que tem uma imensa capacidade de desintegração, o que faz com que pelo menos umas 2 horas depois, você pense que está em jejum desde que acordou.

Bem, lá naquele ambiente em que o excitante é o marketing de movimento que rola atrás do balcão, acho uma mesa de dois lugares. Um virado para a parede e o outro virado para o movimento da loja, "de frente". Pois então, a moça da mesa ao lado tinha acomodado suas sacolas e bolsa na cadeira "de frente" da minha mesa. Não é um desaforo? E sabe qual foi o maior desaforo? A capricorniana aqui comeu, olhando para a parede e não pediu para a moça desocupar a cadeira "de frente", horário nobre.

E isso acontece nos aeroportos e em qualquer lugar público. Acho que o responsável por essa má educação é a crendice de que bolsa no chão -- dinheiro vai embora. Esta aí uma das poucas em que não acredito; ainda acredito mais na boa educação. Será que sou só eu? Ou isso é efeito mal humor astral atrasado?

janeiro 17, 2002

O dia em que você se sente especial; isto é, se você tem amigos de fé

É meu aniversário e eu não conheço ninguém que curta tanto aniversário quanto eu. Sabe o que é? Os amigos reunidos fazem você acreditar que você é especial -- e você acredita! Não é o máximo acreditar, ainda que por um dia que é mesmo? Então, as palavras do cartão não mentem e a Aninha me diz que me ama; a Lu espera que eu continue conquistando espaços e sorrisos; a Marcia me obriga a conquistar toda a felicidade do mundo; a Rosa diz que eu irradio inspiração e alegria; a Dri deseja que eu continue a pessoa sincera e sensível; a Fernandinha renova o contrato da amizade eterna; a Liana me fala da felicidade para hoje e sempre; o beijo da Patricia; o Marco me lembra de todo o brilho e sinceridade que flui de mim hoje; o Lincoln impõe que eu permaneça sempre essa pessoa especial e maravilhosa; a Tina me diz que mereço tudo, LF vai até lá, dar um beijo na Joyce, que por acaso é sua mãe e o Plínio, lá dos States, me fala das saudades e do amor. Não são uns amores essas pessoas? Enfim, estou cheia de compromissos com a felicidade.

Estou longe de ser do tipo que fala: "Ah! não ligo mais para aniversário..."; "Depois dos 30, a gente conta tempo..." Tô fora! Paciência se me afasto dos 30. Estou vivendo e quer coisa melhor, fala sério? Viver assim, cercada dos amores da minha vida.

E ainda por cima, ganho essa linda cara nova: cor nova, pipa nova -- tudo isso de uma pessoa muito boa e prá lá de amiga, que mora lá longe; que eu só conheço por fotos que me falam de como ela é especial, mesmo fora do dia do aniversário -- é a Fer. Muito obrigada pelo presentão, minha amiga.

Incentivando ainda mais a minha fase narcisista-bloguista acrescento o Blogupdate colocando o que está lá no Afrodite. Vou recitá-lo como uma oração!

"...dúzias e dúzias de pipas prá você. Que cada uma delas traga - ou libere - um desejo seu. E que o desejo mais especial tenha a ousadia de uma asa delta..." Muito bom!

Blogupdate II - E vocês nem imaginam o que ganhei do subrosa . Você tem 007 chances para tentar acertar. Tenho muita sorte!

Blogupdate III> - E ainda de , ganhei mais esse. Pode arriscar um Paulpite.

Blogupdate IV - E ganhei uma mandala, que parece esconder pipas coloridas. Ganhei dessa moça-muito-moça-que-já-é-avó. Muito bom.

Blogupdate V - E leia os Comentários. Eles são uma festa à parte. Aliás, algumas vezes, funciona como a "cozinha" da casa no dia de festa, sabe como? Aquele lugar em que as coisas fervilham sem formalidade. O máximo!

janeiro 16, 2002

"...Meus quereres se misturam e se atracam..."

Está lá no Baticum.

janeiro 15, 2002

A pesquisa do subrosa

A Meg, poderosa luz lá dessa comunidade blogueira, tem perguntado como é que cada um escreve os seus posts. Como sempre, vou responder de primeira, sem ficar parada pensando na sequência adequada das frases ou das palavras. Esse meu pensamento não linear que me guia e me desvia com a mesma facilidade é o responsável por essa forma que sempre parece precisar de uns acertos aqui e ali. Assim eu escrevo. Às vezes tenho uma idéia, muito longínqua sobre o que quero falar. Depois, ao reler, não consigo encontrá-la. Enveredei por outro caminho que me atraiu e por ali fui eu. Portanto, vou escrevendo e as idéias vão se juntando, às vezes de bem e às vezes de mal umas com as outras. E, algumas vezes acho o resultado o máximo -- isto até eu ler alguma coisa muito boa que alguém escreveu.

Aí é o momento daquele diálogo interno mudo (joycexjoyce), composto só de perguntas dispostas a me arrasarem de vez, num longo instante de auto-flagelo. As perguntas surgem rápidas numa sequência lógica pouco habitual: POR QUE VOCÊ NÃO PENSOU MAIS? POR QUE NÃO RELEU? COMO É QUE ESCREVE UMA COISA TÃO BOBINHA ASSIM? Até que parece se cansar de gritar tantas perguntas e acaba com aquela conclusão que não deixa brecha para nenhuma futura melhora --- parece que bebe!

Last Dance

O que será que me deu? Desencavei os anos 70 e comprei um cd da Donna Summer. Sempre me encanta a capacidade que a música tem de recriar épocas, fatos e pessoas. Em algum lugar por aqui já falei sobre isso.

A sessão "revival" começou durante um jantar em que quatro amigos reunidos em torno de uma massa ruim começaram a lembrar coisas. Fernandinha, a mais nova do grupo concluiu que nasceu na época errada, pois tudo o que ela gosta começou nos 70 ou nos 80. Pois posso concluir que nasci na época certa. Nasci ouvindo música clássica do meu pai que tinha coleções de Brailowisck (é claro que escrevi do jeito que ouvi, portanto, possivelmente está errado), um pianista magro e magistral que enchia a sala da nossa casa. E olha que na época, não tinhamos a pureza dos aparelhos de som de que dispomos hoje.

Sempre os discos do meu pai de Araci de Almeida a Nat King Cole. O único estilo musical que nunca me pegou foi o samba-canção, hoje reduzido às cuecas masculinas. Eu nunca confiei no nome composto. Depois, começamos a era das danças e dançávamos tudo, menos samba no pé que não era coisa de classe média. Muito tempo depois, fiz uns três anos de dança de salão.
Coincidentemente ao mesmo tempo em que entrei na análise -- tudo a ver, cuidar do corpo e da mente. Os dois tratamentos foram um
absoluto sucesso para mim. Mas então, na análise aprendi a fazer da minha vida, o ato. Na dança, aprendi a dançar de tudo o que se
dançava: bolero, samba, com algumas presepadas que nunca consegui, valsa, cha-cha-cha (quem lembra disso?), tango, swing,
"soltinho" e por aí ia. Volta e meia vejo uns dos meus professores de dança na tv. Agora mesmo na novela das 8, Janey, a irmã já viu
dois deles, dançando parece que numa gafieira global marroquina, que acontece por lá.
Pois então, dá para perceber que de cada tempo se pode tirar coisas boas. Se por um lado, às 10 da noite eu tinha que estar em casa dormindo, enquanto que hoje, é a hora em que a noite começa a se agitar; tivemos as discotecas, as Frenéticas, o início daquelas luzes coloridas rodando nas festas, o espírito de Dancin' days. Não tinhamos trenzinho do tigrão, popozudas, Casa dos Artistas... O nosso No Limite era outro -- nem melhor, nem pior; simplesmente, coisas que meio de antigamente.

janeiro 14, 2002

Vi, na porta de um hotel, um negócio que serve para enrolar o guarda-chuva molhado. Você acredita que quando eu vi isso chovia e eu não tinha um santo guarda-chuva para enrolar na engenhoca? Tentei pedir o do porteiro do hotel emprestado, mas aí, como é que ele ficaria? No mínimo, despedido! As oportunidades que a gente perde na vida..., não é não?

janeiro 13, 2002

Adorei a pipa

Assim no ar, solta, colorida e indo e vindo ao sabor do vento; como os sonhos. Sem perigo de escapar das mãos, pois os pés estão bem plantados no chão, garantindo o vôo. Agora, sem vento, não há negócio e fica tudo parado, imóvel e perpétuo. Portanto, sempre que for preciso, sopre.

Blogupdate I - "Linda a pipa... mas porque não trocá-la por uma asa delta, se manejada com habilidade e sabedoria pode-se ir onde quiser... Radical"

As brechas da vida

Quer coisa melhor do que o carinho repentino daquele pé buscando o seu? Afinal, o amor sai pelos poros, dos pés também. O máximo!

janeiro 12, 2002

@joyce - escrita fina

Pois então, criei um sub-título para o @joyce. Para contar a verdade por inteiro, Escrita Fina ou Tinta Molhada são os dois candidatos ao título do livro que estou querendo escrever. E com textos tirados daqui. Bem pretensiosa, a moça, não é? Mas, como não posso ver seu riso ou espanto e, como somos amigos, ainda conto mais. Eu tenho uns amigos maravilhosos escritores e entendidos nas literaturas me dando o maior suporte, selecionando escritos. Quem sabe você também arrisca um palpite e me dá uma sugestão, se é que você algum dia encontrou algum legal por aqui. Pode escolher entre os dois títulos e, além disso, o mais difícil, selecionar croniquetas, aliviando um pouco os meus três queridos amigos. Ah! Se eu pudesse roubar umas coisas desse moço de lá.

Façam o jogo, senhoras e cavalheiros; a roleta está começando a girar!

Já se sentiu como uma bóia?

Ah! Tomara que sim, para que eu não tenha a impressão de que sou uma completa idiota.

Essa idéia me veio à cabeça hoje, enquanto andava e via as pessoas na praia da Urca. E pensei na função da bóia, que impede que você afunde. Dando um enorme salto pensei em quantas vezes você serve de bóia para outras pessoas que recorrem a você, pois só com você é que conseguem manter na tona o que na verdade já está com rombo no casco faz tempo.

Assim, a água vai invadindo cada dia um pouco, até que chega num nível em que já quase não dá mais para respirar. Nessa situação asfixiante, tentando manter a cabeça acima da água, vem você-bóia e, aí aquela pessoa quase afogada renova pulmões e alma.

Refeita a respiração e com uma boa carga sobressalente de reserva, volta para o seu ambiente de ar rarefeito e começa, tal qual uma perfeita reprodução do mito de Sísifo, a tirar a água que novamente entra pelo casco furado, invadindo o convés. Bem, você-bóia é figurante secundário nessas histórias e não merece nenhum registro especial por aqui. O melhor que você faz é não atender o telefone, quando for um desses malas, pedindo bóia; pelo menos fuja deles um pouquinho.

Onde estão os meus alfinetes, pregos ou qualquer outra coisa para furar essa minha vocação para bóia. Só de raiva, de-se-nhei uma bóia. Aliás nem precisava avisar -- você vai notar logo que -- foi feita por mim! Talvez esse seja o escrito mais mal ilustrado que você já leu ou terá a oportunidade de ler, portanto, uma experiência quase inesquecível; por que não?

Já reparou no fenômeno que é esse homem? Que perfil é esse? E que voz é aquela? O que será que há nos gens de homens como ele, o Sean Connery e o Paul Newman?
O formal informal

Lá vinha ele em minha direção, sorridente nos seus 40 ou 50, não importa. O terno impecável, a gravata discreta e chiquérrima, sapatos de acordo e, nas costas, presa como se fosse acampar, a mochila vermelha. O máximo. Parti para o abraço.

janeiro 10, 2002

A volta

Dei um grande descanso a você, não foi? Por outro lado, quer coisa mais chata do que você ir a um dos pontos do seu circuito blogueiro e encontrar sempre o mesmo escrito? É igual a quando o seu horóscopo repete as previsões do dia anterior, como se os astros tivessem se congelado numa data.

Pois então, voltei à minha terra; ao meu calor natal; ao conhecido. Conheci gente nova, interessante; me conheci um pouco mais. Achei que seria bom para nós umas férias. Fiz isso sem avisar, eu sei. E, gracinha, meus assíduos amigos-visitantes permaneceram fiéis. Há certas previsibilidades que a gente tem dificuldade em aceitar que terminaram. Tipo o merthiolate. Quando correu o boato que fazia isso ou aquilo, fiquei absolutamente revoltada. Era meu, eu usava com confiança e, assim, sem mais nem menos, um dia me dizem que faz isso ou aquilo. Reviram e liberaram, ainda bem. Assim é com esses pedacinhos virtuais os quais a gente incorpora, nem que seja para passar de vez em quando. Estava com saudade de ser lida por você. E não aguento mais a cara dessa praia daqui. Vou mudar o layout, mas isso não é tarefa fácil; portanto me aguente mais um pouco rindo eternamente para você. Pelo menos de novo, esse sorriso tem voz, ou letra, ou escrita fina.

janeiro 06, 2002

Existe pior?

Com certeza existe, mas me fala se você conhece alguém que ADORE desmanchar árvore de Natal e cia ltda.? Como amanhã será impossível fazer isso e para evitar que no Carnaval essa casa continue com ares de ho ho ho, resolvi peitar essa tarefa. E, quando a gente arruma não se tem a menor idéia de como estamos embaraçando as lâmpadas. Que, no dia 6 de janeiro, elas parecem ter adorado ficar juntas e se embolam num nó sem ponta. Hoje, o desespero me fez cortar com a tesoura uma série. Também, possivelmente em dezembro desse ano eu terei que comprar outro kit, pois sempre tem uma infeliz no meio que não acende e corta o circuito todo. Bem, finalmente posso dizer que 2002 começou nessa casa. Acabou o Natal! Oba! Que venha 2002!

"Versos Apetitosos" Álvaro de Campos

Publicado no JB de hoje, p.7, Viagem, da obra de Fernando Pessoa.

Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante,
Fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.



Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta.
E vim passear para toda a rua.



Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).



Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me troxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-no frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

janeiro 05, 2002

Alguém acende a luz aí, por favor?

No início, essa comunidade blogueira era só a tal da virtualidade. Lia-se uma coisa ali, gostava-se de outra aqui e, todos protegidos pela distância e pelos rostos inventados no nosso imaginário seguíamos, tateando meio que às tontas o que weblog-isso era. Aos poucos, um email vem e te diz que aquelas letras sabem falar a linguagem das coisas particulares e ela vem e fala com você; só com você. Aquele rosto fake passa a ter contornos mais nítidos; não feições, mas um jeito de ser que começa a corporificar-se. Aí você, um dia, encontra a pessoa, gosta dela e sente uma falta danada quanto ela se afasta. Pois então, estamos num tremendo racionamento de luz, por conta do afastamento -- temporário da Meg, mas que breve estará de volta, acendendo a tal da luz que fez um pacto com ela e só acende quando ela retornar. Portanto, moça, sare logo todos os amigos blogueiros dessa saudade. Esse é o risco do gostar, mas também sem ele, cadê a graça? Quem quer a proteção da distância? Quem quer saber de gente inventada? O máximo é a oportunidade de conhecer gente de verdade. Como ela.

janeiro 04, 2002

A cabeçada familiar foi à praia

A sobrinha que mora em Miguel Pereira veio passar uma semana no Rio. Hoje, ávida pela vida no nível do mar e mais fissurada ainda por um banho nas límpidas águas (muito menos) dessa linda cidade, veio aqui para irmos à praia.

Normalmente, vamos à praia do Forte, mas diante da multidão composta do filho, da irmã e da mãe dela, além da Tina, LF, o neto, e eu fomos para a praia da Urca, onde a entrada é franca.

Bem, moro há anos aqui e quando muito essa praia, para mim, é só para fazer a aula grátis. Mas vá lá. Tudo por uma boa causa.

Nossa, que farofa. Nada mais do que de repente, saiu da bolsa da Tina pastéisinhos daqueles bem gordurosos. Andréia sacou uns biscoitinhos de feira; foram comprados côcos, biscoitos de polvilho, coca light e comum. Nunca vi uma capacidade de aclimatação tão instantânea.

Foi tanta a confraternização que um grupo de rapazes atrás de nós, perguntou: - Colega, quer uma cerveja? Não, péra aí, colega é demais. O grupo que saiu com essa pérola jogava baralho em cima da geladeira de isopor, agora servindo de mesa.

Some a esse quadro tão espontâneo, uma criança de 4 anos que mora na serra e ainda está na fase de achar a areia o máximo, além de imaginar que todo mundo também acha. Só a minha canga foi sacudida umas três vezes, pois já se confundia com a areia.

A areia pós-reveillon é uma cantiga à parte, além dos ossos de galinha! Essa história de levar frango para a praia existe mesmo; não é ficção. Ficção mesmo é o desaparecimento dos outros ossos do frango, porque só se vê aquelas coxinhas pequenas, os drumetes.

Como rescaldo das festas de final do ano o Bruno, a criança do amor às areias, achou um colar e queria que a mãe o aceitasse. Vá tentar explicar a alguém de 4 anos, quem é Iemanjá. Experimente. Melhor; não tente jamais. O neto encontra uma moeda de 25 centavos e já no espírito mistico-familiar joga de volta para o mar, junto com um pedido.

Fiquei tão cheia de areia, mas tão cheia de areia grudada no pescoço, que não houve mergulho que desse jeito. Só mesmo com uma bucha, mas também já seria demais.

Essa aventura assim tão popular tem lá as suas vantagens. Por exemplo, você não precisa ficar preocupada se estiver com umas gordurinhas a mais, pois gente acima do peso tem aos montes. Não precisa ficar encolhendo a barriga até formar aquele buraco no estômago, porque ninguém está nem aí para você. O importante é o frango, o biscoito de polvilho e ficar muito contente por estar na praia, colega.

janeiro 03, 2002

É tempo de gerenciar o tempo.
E sempre que estou mais folgada, começo mexendo nas minhas coisas, nos meus papéis, roupas, uma vistoria nos sapatos, tomando pé no território abandonado.

Revendo nossas coisas lembramos de passagens esquecidas.

De quando comprei aquela blusa; do porquê de ter comprado aquele papel de carta hiper brega, se nem mando carta para ninguém; daquele perfume que usei uma vez; de como ele se ligou a uma lembrança e, como a lembrança foi esquecida, o perfume foi na roda. Daquele cd, que traz os embalos de sábado à noite de volta; do outro que, extremamente deprê, fica guardado embaixo de todos, que ouvi uma vez, mas não dou para ninguém, pois não se dá presente deprê, nem para os pouco-amigos.

Uma vez, fui para a Argentina, sem ter vontade. O que eu queria estava aqui, mas fui. Como não me reconhecia naquela pessoa que estava naquela terra do tango, querendo estar em outro lugar, volta e meia pegava a minha carteira de identidade e olhava para ela, como para me certificar de que eu era eu mesma. Divisão do caramba essa; uma droga. Passou há muito tempo, mas volta e meia não custa uma conferida tipo, qual é afinal a sua? São muitas, hoje eu sei. E oba!!
Não que eu tenha adorado 2001, mas quando é que vou entrar no ritmo de 2002 e me convencer que acabaram-se as festas? Será que é só comigo?

janeiro 02, 2002

Mais contrato ou contato?

Tempo de arriscar -- colocar ar no que está(?) riscado. E aí vai uma que eu descobri: a melhor coisa do fim do ano é você falar com os eleitos amigos. É tipo assim aquela urgência de conferir se aqueles de quem você gosta estão por aí. E então, você conclui que vai dar certo - tudo, qualquer coisa. Vem seguido de buscar desafios, em vez de cultuar o conhecido.Segue o item de mandar os sonhos já tão aquecidos, direto para o forno; mas mandá-los fora de formas, para que cresçam livremente. Depois de prontos, dividi-los com os escolhidos, enquanto misturo a massa do próximo.

Acho que baixou um espírito celidônico por aqui, mas viver é meio que tecer e cozinhar -- é a alquimia da mistura dos temperos e a dos fios que dá o prazer da vida. Só depende do apetite, não é mesmo?

janeiro 01, 2002

Por aí.
Já aconteceu de você ser turista num outro país e ser entrevistado na tv, só porque é turista? Acho que isso só acontece por aqui.

Mudando completamente de assunto: nesses tempos de enchentes, chuvas e desabrigados, ouvi na tv a recomendação para que a população evite o contacto com as águas das enchentes, pois elas transmitem doenças. Ah é????????????? Lembre-se: em caso de ruas alagadas, cascatas saindo dos bueiros; voe. Simples assim.