fevereiro 27, 2003

Nelson Rodrigues era um sábio!

Poi então, não é que hoje a revista JB Ecológico (sempre o JB) publicou algumas máximas do Nelson Rodrigues, absolutamente ótimas. Detive-me numa, particularmente verdadeira e que retrata um lado mesquinho, mas densamente humano, desses seres que somos: "Qualquer amor há de sofrer uma perseguição concreta e assassina. Somos impotentes do sentimento e não perdoamos o amor alheio. Por isso, não deixe ninguém saber que você ama".

Adoro essa forma dramática que usava para dizer as coisas, mas elas batem bem certinho com o início da poesia da Adélia Prado, que está entre as minhas favoritas, aí num dos lados: "A multidão em volta, com seus olhos cediços, põe caco de vidro no muro para o amor desistir. O amor usa correio, o correio trapaceia, a carta não chega, o amor fica sem saber se é ou não é. O amor pega cavalo,
desembarca de trem, chega na porta cansado de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena, pede água, bebe café, dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã. Tudo manha, truque, engenho: É descuidar, o amor te pega, te come, te molha todo. Mas água o amor não é."

Resumindo: o amor sempre vence!!!! Oba!!!!

Pois então, é Carnaval novamente. E, como em todos os anos, a pergunta que rola entre os cariocas é: vai para onde? É a hora em que "abrimos" a cidade para o deleite alheio. Saímos.

Este ano, eu, na contramão dos meus outros carnavais, quero ver a festa. E, sem procurar muito, encontrei.

Entrando hoje à noite na Gustavo Sampaio, deparei com a rua fechada, para um carnaval de rua. Foi uma volta no tempo, pois era assim a Copacabana da minha adolescência. Duas ruas disputavam o melhor carnaval de rua: a Miguel Lemos e a Joaquim Nabuco. Nossa, como isso é antigo na minha cabeça. A Miguel era mais "cosmopolita" e nela se encontravam TODOS os homens bonitos de Copacabana. A Joaquim era mais fechada aos de fora, mas os homens igualmente bonitos. Mas, voltando ao dia de hoje, a receita da Gustavo foi a mesma. Um pedaço da rua cercada, batucada rolando, muita gente na rua, gente de todas as idades - do bebê às avós. E, atravessando a rua de carro, não me passou nenhum medo de assalto ou qualquer outra agressão. E vamos e venhamos, isso para quem teve uma semana de falatórios e acontecimentos fora do controle do Estado, é uma reação quase irresponsável. Ocorre, que havia um tal "deja vu" na sequência, que nem me passou pela cabeça que fosse ser diferente.

Aliás, li hoje o Conde dizendo que não queria voltar ao Rio de 50 anos atrás. Menos, Seu Conde, menos. Tudo bem que evoluímos em muitos pontos, mas faltam, por outro lado, dedos capazes de digitar tudo o que os cariocas perderam.

Por falar nisso, estou com vontade de lançar uma campanha ressucitando o carioca da gema. Figurinha apagada essa hoje em dia. Afinal, você não nasceu aqui, mas adotou essa casa como sua, certo? Então, tem que se indignar! Tem que reclamar! Tem que buscar a melhoria constante dessa terra linda. Não dá é para viver por aqui e manter-se alheio às brigas internas, como se não tivesse o direito e o dever de se meter, porque não nasceu aqui. Ajoelhou; tem que rezar. Adorei esse lema para a campanha.

fevereiro 22, 2003

Pois então, quem já tabalhou com pré-escola vai me entender; quem não trabalhou, não sei. Mas nas salas de Educação Infantil, se você trabalha com uma metodologia que incentive a iniciativa, autonomia e tomadas de decisão, desde cedo com as crianças, uma das opções é o trabalho com cantos diversificados. São os "cantos" da sala, onde estão os recursos que enfatizam uma ou outra habilidade. Assim, pode haver, o da pintura, o da colagem, o da leitura, o da informática... E uma das atividades da professora é gerenciar esses cantos, de modo que todos se mantenham interessantes para as crianças, a fim de que sejam utilizados.
Pulando para a vida adulta, isso também vale. E administrar bem a nossa vida é mantermos nossos diferentes "cantos" com interesses suficientes para que a gente tenha prazer em frequentá-los. É a disputa saudável que se dá entre os "cantos", que faz a nossa vida mais ou menos gostosa de ser vivida. Há uma pequena vantagem para um dos meus "cantos". Os outros que se cuidem.

fevereiro 20, 2003

"Rainha do lar"

Expressão antiga essa e meio que em desuso, por falta de adeptas convictas. Eu, particularmente, estou em pleno exercício desse "ofício" não pela sua forma braçal de trabalho de lavar, passar e cozinhar, mas naquela que fala do direito às tomadas de decisão. A rainha de um reino sem súditos, pois não quero mandar em ninguém; mandar em mim mesma, ser líder de si mesma, já é uma façanha de bom tamanho e tem requerido muito empenho.

Assim, na minha Passárgada, sou amiga do rei, ou melhor: "L'Etat c'est moi"; lá tenho o lado da cama que eu quero, na cama que escolhi.

É um espaço já cheio de novas marcas, simplesmente ma-ra-vi-lho-sas. O território está marcado com o que há de mais precioso na minha vida.

Claro que nem tudo se resume aos pratos indianos ou às xícaras chinesas. Há muito fio ainda a ser preso, mas vamos em frente, pois Mãos, só as que dizem: Vamos!

fevereiro 16, 2003

Novo leme.

Nada nesse mundo de Deus é por acaso. Assim, não foi por acaso, que hoje, ocupo mais um espaço nessa Cidade Maravilhosa: no Leme. Agora vivo num bairro, Urca, que dizem, teve seu nome como resultado das siglas de uma empresa responsável pelos aterros na cidade e em outro, novo, o Leme, que quer dizer: direção ou instrumento que serve para dar orientação às navegações.

fevereiro 11, 2003

Como num jogo, temos várias cartas na mão. Não há uma carta melhor do que a outra. Quem as torna boas ou ruins, são o entorno que as encaixa na perfeição ou as faz sobrar sem qualquer serventia. Como num jogo, viciados que somos nesse joga de viver, às vezes ganhamos e outras vezes perdemos feio. Dizem até que perdemos o jeito de andar. Hoje perdi muito e ganhei uma tristeza funda, tão funda como há muito não sentia, Perdi um amigo. Morreu o meu amigo Padre. Era o único amigo Padre que eu tinha. Amo nele a coragem com que enfrentou um cancer, numa guerra, como ele me disse, na última vez que nos vimos. Fui a Belo Horizonte a negócios e consegui montar uma agenda de forma que pudesse almoçar com ele. E nesse almoço até vinho ele tomou e me disse, estou 80% hoje. Não havia nada além de um homem muito corajoso, objetivo, prático e um religioso -- uma pessoa densamente humana. Muita saudade ainda está para vir e só me resta atravessar esse luto, pois o sentimento de perda tem que ser peitado, sentido, chorado e atravessado.

fevereiro 09, 2003

"Open Office"

Sabe aqueles dias em que você consegue reunir quase todas as amigas de quem mais gosta numa só tarde/noite? Pois então, foi assim hoje na inauguração do novo espaço de trabalho. O máximo essas minhas amigas!

fevereiro 08, 2003

Construir/curtir o sonho.

Nossa! Que saudade de vir aqui! Pois então, passou o medo, pois tornar um sonho realidade, não tem nada de sonho; tem é de trabalho!

Quando tive a minha primeira casa, até opinei nos móveis, na cor do sofá e da poltrona, mas acho que estava mais envolvida com o vestido de noiva, a escolha da igreja e essas coisas das quais me lembro muito vagamente hoje em dia. O fato é que não tive que acompanhar o dia-a-dia da dedetização, das instalações elétricas, de mudar de DVI para Velox, de acompanhar a colocação dos ventiladores de teto, de me frustrar com o cara que diz que vai fazer um serviço e não faz, de descobrir uma janela quebrada, que não estava no contrato, como estive fazendo por esses dias. Enfim, uma gestação! E eu acho que por conta disso, quando olho tudo pronto do jeito que eu queria, acho mais bonito do que possivelmente está, porque me afeiçoei inteiramente. E tal qual numa gravidez, você sente e curte cada momento, pois, mudando o que disse um famoso, tudo vale a pena, quando o sonho não é pequeno. E olha, nenhum sonho é pequeno. Sonho é adimensional (inventei). Acredite!