junho 30, 2001

"Dize-me, Poeta, que fazes? - Eu Celebro"

escreveu Rilke. Assim, de forma intransitiva, na dispensa de objeto. O celebrar total, completo. E foi o que fizemos ontem -- celebramos! Da forma transitiva mais esquisita, celebramos, no afastamento de um amigo, a sua competência. É bombática essa mistura de dor da saudade antecipada com a necessidade de aproveitar os últimos minutos juntos e se divertir muito e muito.
E, sobrenatural! Encontramos no Rio um lugar em que dez pessoas puderam rir, cantar, beber, dançar, chorar, falar, ser ouvido e comer -- na maior tranquilidade. Manobristas, vista linda, um pianista, lugar não saturado de gente, ótimo serviço. O máximo!

Não sei quem lembra, mas num ano de eleição, dois candidatos disputavam o segundo turno para Presidente. Ganhou o que nem chegou ao fim do mandato. A cidade, no dia seguinte, amanheceu calada, sendo apenas ouvido o barulho do vento que varria das calçadas os últimos panfletos eleitorais, que como que numa premonição, quisesse nos fazer esquecer.

Hoje não havia o vento, pois não há vento que varra o que está no coração da gente. Só senti o silêncio. Amanhã melhora. Cada dia melhor -- não é o que me diz o celular? Será que devo mudar a frase e escrever uma ainda mais otimista? Amanhã penso nisso.


junho 28, 2001



Vou poupá-lo hoje
Tanta consideração da minha parte deve-se ao meu cansaço hoje. Tive um dia de grandes decisões internas e externas. Umas boas, outras dolorosas, outras antecipatórias, outras surpreendentes. Como vê, nada morno o meu dia.

Recebi uma sugestão para o espaço aqui: indicar o que estou lendo, ouvindo e frequentando. Vou tratar de pensar nisso. Ah! Deixa eu contar um programa delicioso que fiz hoje. Entrei numa papelaria. Não uma papelaria qualquer, a Papel Craft de Ipanema. Taí uma coisa que eu não posso fazer, se o dinheiro estiver curto. Não tenho o menor controle. Queria ter um escritório, não para trabalhar nele, mas para colocar sobre a mesa todas aquelas miniaturas de carrinhos, poltroninhas, porta qualquer coisa. Sabia que tem um sapato altíssimo, para apoiar o celular? Demais! E as caixas, os papéis, os sacos em tom pastel, amarrados com ráfia? Demais novamente.

Isso me ajudou a não atinar que amanhã é o meu último dia de trabalho, nos termos do contrato atual; parece que mudarão as circunstâncias(?). Vamos deixar rolar. O que eu tinha que fazer, fiz. E emprego sempre pinta. Adoro o otimismo -- cada dia melhor, como me diz o meu celular.
Tsi! A Fernandinha deu uma nova entortada no pé. Ela que sempre torce pelas vitórias do marido, , gritando OBA! cada vez que ele ganha uma causa, agora torceu foi o pé. Amanhã melhora e volta a torcer por ele!

Paro para esfriar o dia de vez.


junho 27, 2001



Setor de reclamações -- Fechado!!
Tenho certeza de que a função principal de qualquer um que se coloque como cliente é reclamar. Constatei isso hoje. Como não escrevi ontem, vários leitores (na verdade dois) me disseram com um ar de velada censura: você não colocou nada novo. Fiquei radiante com a certeza de dois leitores assíduos! Você lembra que era um só? Vou dizer o porquê de não ter escrito ontem, se bem que talvez ninguém queira saber, mas essa é uma das vantagens de você ter um blog. Você escreve assim mesmo.

Bem, ontem comprei o Cd da Dido - no angel. Sabe aquelas músicas que te dão uma leseira? Aquela relaxada, como só as boas coisas da vida nos dão? Não tem nada a ver com deprê; tem a ver com se dar um tempo e ouvir. É um transporte a como as coisas na sua vida poderiam ser, e aí, você pára e pensa. Meu analista (outra vez ele!) me disse uma vez: Já se perguntou por que não? Foi nisso que pensei. Por que não?

Aparentemente há um determinismo vital, fruto de decisões anteriormente tomadas, que não sei porque motivo, cremos imutáveis. Como eu disse certa vez a uma amiga, disseram para nós e nós acreditamos!

Viajei certa vez com um americano que saiu de lá e nunca mais quis ser outra coisa em seu país a não ser turista. Uma pessoa interessantíssima, pianista e afinador de piano dos grandes mestres brasileiros. Estávamos vindo de Nova York. Foram 8 horas de vôo, conversa e conhecimento. Que aliás acabou ali, pois depois vi que no cartão que eu lhe dei, constava apenas um email que eu já desativara há muito tempo. Ato falho? Freud talvez explicasse, mas mesmo que ele não soubesse, eu sei o porquê da falha.

Bem, voltando ao determinismo vital. Você vê, uma pessoa sai de seu país, parte para outro, começa tudo outra vez. Segundo ele, por causa da mulher brasileira -- isso eu achei que fosse gracinha dele e não considerei, é claro. Aí você vai dizer, mas ele é um artista e artista é aventureiro. E aí? Quem não é artista? Todo dia, toda hora? As concessões, dissimulações e sapos engolidos; aquele esgar nervoso, que coloca o falso sorriso em seus lábios; o se segurar para não dizer o que sente; o riso preso, numa hora em que rir seria imperdoável; a cara séria e o pensamento a quilômetros de distância de tudo aquilo; o estar com um e pensar no outro e por aí iríamos se eu e você tivéssemos paciência.

O importante em tudo isso é que amanheci, com uma vontade danada de viver. John Lenon (será que foi ele?) disse que vida é aquele momento em que você está planejando o futuro. Não sei se eram exatamente essas palavras, mas a frase é o máximo! Sabe até uma tarefa para lá de rotineira que eu tinha que fazer no trabalho saiu legal.

É chato. É restritivo. É limitado você ser feliz somente dentro do que é possível? É. É chatérrimo. Mas enquanto você não consegue ampliar esse possível para ser mais feliz, e se você não lutar para essa ampliação nem precisa ler mais o meu blog (menos), por que não ouvir pelo menos bons cds?

E ser feliz, muito, muito feliz, assim que for possível? E correr para que esse possível seja logo. Por que não??? Estou muito inteligente hoje!


junho 25, 2001



Vou adorar saber de você. Me fala? Estou no joyceprado@attglobal.net







E disseram que estamos no inverno.

E eu acreditei. Sabe aquele casaco? Nem a menor chance de usá-lo. Dois turistas no Aterro, andando de bermudas e sem camisa, acabaram de vez com a minha tênue ilusão dos fondues e os bries derretidos com geléia de damasco. Também o brie só fica legal feito no microondas e como ele, nessa época de racionamento, tornou-se um grande vilão -- que continue o império do sol, dos churrascos e do chop.
Ops! Esqueci. Viu como minha página está ficando a cada dia com mais efeitos? Continue aguardando. Vou surpreendê-lo!




Como foi a sua segunda?

Muito dementador?

Inventei uma expressão: se morre, uma expressão absurda e impossível. Na verdade, a tradução da expressão é bem menos terrível do que pode parecer à primeira vista. Ela serve para aqueles que estão tão fora do que está rolando que o melhor é ficar de fora para não irritar ainda mais.

Em algum lugar aqui neste espaço eu já disse que, como a Fernandinha, não tenho a menor paciência com a falta de ritmo de certas pessoas. Os lamurientos então, meu Deus, são um peso. Oh dia! Oh vida! Eu sabia que não ia dar certo. Nossa, como isso me irrita. Ou então, ouvir a expressão, "a culpa é minha / eu sou sempre o errado" e coisas do gênero.
Estou rabugentíssima, não é? Só falta a verruga no nariz adunco, um grande caldeirão fumacento e por que não uma vassoura, encostadinha na parede, pronta para o vôo?

Cada um com o seu cada um. Esse é o meu cada um. Tolerância baixa --eufemismo para evitar dizer -- alto grau de intolerância! Ninguém acredita como fui professora tanto tempo e, de crianças pequenas. Ocorre uma grande diferença, quando você lida com elas: se você joga franco, não finge o que não é, elas respondem da mesma forma.
Mas certos adultos, cristalizaram obsessivamente uma maneira de ver o mundo que, por mais que você tente irradiar para eles confiança, a resposta é a mesma: a aprendida, a repetida. Não têm muito jeito de mudar. "Se morre!"


junho 24, 2001



Acho que estou atacada
Disparei a escrever. Lembre-se: se não é meu amigo, não é obrigado a ler, mas, como vivemos numa comunidade fraterna, sei que irá continuar.

Domingo é um dia esquisito. A TV é horrível; é dia de feira; dia de andar; de colocar as coisas em ordem para a segunda e, para mim é o dia em que mais converso com a minha irmã. Eu tenho uma irmã, e quando éramos crianças, disputávamos o pai e a mãe como qualquer irmão. Agora somos grandes aliadas. Sempre. Sei da vida dela e ela sabe da minha. É detentora do mau humor mais engraçado que eu conheço. Ele é tão usual que ninguém mais leva a sério. Ela, mais do que eu, é uma educadora. Deu aula 25 anos e ainda dá. É uma amiga para conversas particulares. Isso porque detesta barzinhos. Bebida então, nem se fala. Apesar de -- sangue do mesmo sangue -- somos muito diferentes. Ela é muito mais corajosa do que eu. Nossas vidas tomaram rumos diferentes, mas temos em comum o que aquele poeta mineiro Bartolomeu .. escreveu certa vez: ambas nascemos com a soma das idades dos nossos pais. Isso é um elo que não se destrói.




@joyce também é cultura

Viram que eu dei uma moscada ontem e não escrevi nada? Pois é, estou às voltas com o quarto livro do Harry Potter. Você acha que eu estou meio crescidinha para esse tipo de leitura. Tolinho! Já deu para perceber como eu me amarro numa fantasia mágica, não é mesmo? É de que trata o livro. Eu e o amigo do Luiz Felipe temos tido longas conversas sobre o que lemos. LF, o filho, comentou que um dos dois está fora de esquadro. Creio que senti uma certa insinuação de que seria eu. Não importa. Afinal, encarar um livro infanto-juvenil com 600 e tantas páginas não é para qualquer infanto-juvenil.

O livro cria umas figuras legais, tipo os dementadores -- criaturas que vivem de sugar a energia dos outros e a sua alma. Para se livrar deles chame o seu patrono, outra figura criada pela autora e que representa aquela coisa boa que ocupa a sua mente e não permite a ação do dementador. Não é o máximo?

Olha, amanhã é segunda; e sempre há dementadores de plantão, rondando... Chame o seu patrono e vá em frente! Você não tem um?

Inventa.


junho 23, 2001



Mas, sabiam-se lá

Recebi um poema escrito pelo Falabela sobre saudade. Não sabia que ele escrevia poemas. Tirei uns exertos que me interessaram.

"Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
...sem se verem, mas sabiam-se lá,
...mas sabiam-se onde,
...mas sabiam-se amanhã..."

Não é lindo? Entendi que fala da falta. E você pode colocar do outro lado quem você quiser.

Me lembra que quando o telefone está ok, às vezes, a gente não quer nem atender quando toca; mas basta ele não funcionar, para você querer falar com todo o mundo. Tudo bem, péssima comparação, mas onde quero chegar? Alguém vem, conserta o telefone e pronto. A criança com medo chama a mãe. O Chico chamou o ladrão na música. No caso da falta do poema -- a falta de alguém, a quem a gente chama?

O porquê da nossa estranheza com a falta? Ela só diz o que já sabemos. Mas sabiam-se amanhã. Não sabíamos nada. Nunca soubemos do amanhã. Vivemos ilusões que servem para nos dar a impressão de que temos algumas certezas. Eu adoro uma ilusão dessas! Acho o máximo ser otimista a ponto de negociar o amanhã. Vou em busca das minhas imprecisas certezas.


junho 21, 2001



Assisti a um Seminário... o máximo!
Fala sério, olha que sorte a minha! Fui convidada a assistir ao seminário "A Liderança Feminina a Serviço da Inclusão Social: Compartindo Energias, Competências e Recursos". A chamada para compartir energia, já me interessou muito, mas depois gostei mais ainda. Parece que acham que de alguma forma eu tenho as competências para exercer uma ação de liderança feminina. Oba! O encontro estava cheio de mulheres que, como eu, trabalham e querem participar de ações que tenham relevância social. Hoje estou muito séria? Estou, mas sem perder a ternura; pelo contrário, estou repleta de amor ao próximo. Isso pode ser um pequeno indício do término da minha fase narcisista.

Mas, voltando ao seminário. Sabe aquele estereótipo antigo de papo feminista? Isso não existe mais. Existe é muita gente fazendo coisas super maneiras e elas vêm fazendo isso desde os anos oitenta/noventa -- quando nem se falava em responsabilidade social ou Ano Internacional do Voluntário. Elas fizeram tocadas pela miséria que ronda os altos picos das mais rigorosas estatísticas no nosso país. Assim, projetos como o Renascer, o Pró-Saber, o Banco da Providência, o Banco de Horas são iniciativas tocadas por pessoas comuns -- mulheres com força e coragem.

Aprendi que o grande lance é o afeto nas iniciativas de ajuda ao próximo. O cara quer ser ajudado, mas com respeito. Tem que haver transparência nas intenções, tanto quanto na gerência dos recursos. Quando se fala em melhoria da auto-estima está se falando em dar ao outro um aval que lhe diz: olha cara, estão aí os recursos para você começar e estamos aqui para lhe dar forças para continuar. É um crer para ver, como disse a Diretora do Pró-saber.

Aí me incluo. Mais um sentido para a minha vida. Estou crendo para ver. Gostei muito disso.


junho 20, 2001



OBA!!! Amanhã começa o inverno!!!
Nossa, que bom, amanhã vou poder usar aquele casaco que comprei como se morasse em Nova York e, é claro, nunca consegui estrear. Concluo que este final de semana terei que ir para Petrópolis, Itaipava ou Friburgo e dormir ao relento, para justificar a compra. Se tiver dinheiro e disposição, por que não Campos do Jordão ou São Joaquim, nossas maiores referências geladas?

Vi, no blog/site do Cris uma foto dos americanos espichados ao sol na hora do almoço, felicíssimos com a pontinha de sol que se anunciava. Deveríamos tirar uma foto, nós, os cariocas, usando tudo o que compramos, para esperar o frio.

Para ser sincera, apesar de adorar o inverno, sinto frio prá caramba. Este ano, em plena NY, saí sozinha para andar e coloquei meu gorro ninja, luvas, casacos, calça de lã -- uma perfeita cebola, e voltei para o hotel para me restabelecer. Você acredita que eu fiquei tonta de frio? Quem manda ser morena, nascida nos trópicos, com um dos pés mais na África do que na Inglaterra? Falo isso como uma descendente direta de inglês! Meu pai. Ocorre que ele conheceu a minha mãe, morena, "cabocla". É o que ela diz. O pai dela era bem escurinho nas fotos em que eu o conheci. Sabe aquele negócio das Leis de Mendel? Recessivo e dominante? Pelo menos, na etnia parece que a África venceu a Inglaterra.

Enfim, bem-vindo os vinhos, os fondues, o brie e as 3.500 calorias que vêm com o inverno. E muito mais bem-vindo ainda, ao aconchego, ao ficar abraçadinho, ao dormir com o pé enroscado. É hora de dividir o cobertor, que, de preferência seja bem estreitinho, para a gente procurar aquele cobertor humano que esquenta mais do que tudo. Ah! Está sozinha? Sabe aquele ursinho de pelúcia? Não é a mesma coisa, mas também esquenta. Brincadeirinha! Não desanime; com certeza vai aparecer alguém nesse inverno. Sabe, eu sou meio sensitiva. Acredite. Estou tão inteligente hoje!

junho 19, 2001



Conheço uma pessoa...

Muitos também conhecem. Conheci-a em 92. Numa entrevista que não sei nem porque fui fazer, mas cujo resultado mudou muito a minha vida.

Ela foge a qualquer "caixinha" em que costumamos enquadrar as pessoas. Ela é anti-enquadro. Isso é bom e não é. Quem sabe pudéssemos falar numa caixinha de surpresas? Não uma caixa preta, em que só se sabe qual é, depois de acidentes. É surpresa mesmo! A maior delas é que ela se acha completamente previsível. Ledo engano (expressão moderníssima)! Ela também se engana... Mas é interessante conviver com ela. Não é comum. Não é usual. Mas é bom. Ela é engraçada. Eu não diria autêntica, pois o autêntico, na maioria das vezes não tem objetivos. Ela tem. Eles mudam, mas tem. É obstinada, sem ser turrona. É ambiciosa, sem escamotear essa ambição. É amiga e fiel aos amigos.

É interessante. Atualmente esse é um grande elogio que faço a uma pessoa. A gente se conhece bem. Mas não aprofundamos nunca esse conhecer. É sempre um meio-dito. Ela me saca e eu saco também. E a gente se respeita e entende. Sem falar, a gente se entende. Nunca consegui falar profundamente com ela. Não sei se sou eu ou ela quem se esconde. Provavelmente nós duas, até porque nos conhecemos muito.

Durante um tempo no trabalho ela dizia que eu era a âncora dela. Isso é bom e não é. A âncora dá a estabilidade que evita a deriva; mas também fixa alguém em algum lugar, impedindo o movimento.

Em outro momento, eu era a sua pessoa híbrida, pois exercia duas funções antagônicas. Ainda uma outra vez, eu fui chamada de sua co-piloto. Então concluo que essa era a ambivalência que regia a nossa relação.

Agora nós crescemos. Eu não quero mais ajudar a fixar ninguém, e ela já tem a sua própria âncora na bolsa ou no bolso, não importa.

Não sou mais híbrido; sou pluríbrido -- essa palavra eu inventei, mas me serve -- faço tudo o que achar importante. Ela não precisa de co-piloto. Somos ambas pilotos de nossas vidas. Às vezes com algumas aterrissagens forçadas, mas no solo com a maior alegria para chegar lá -- aonde quer que seja esse lá.



Já aconteceu de você pensar numa pessoa que já morreu, como se ela estivesse viva?

Acho que há uns que não morrem mesmo. Outros, morrem mesmo. E o grande barato é vivermos a eternidade de ser lembrado, não é? Dessa forma, legislo sobre a vida e a morte, alicerçada pela minha neurose onipotente que tudo pode. Bendita onipotência essa minha que legisla acima da vida e da morte. Já viu que essa é uma fala de egoísta para egoísta. Quem quiser, prossiga.

O auto-retrato quase me faz esquecer a eleita do escrito -- minha madrinha. Hoje, madrinha é um negócio que esta meio fora de moda? Acho que mais ou menos. Os motivos da escolha podem ser afetivos, econômicos, ou os dois juntos, o que é a glória. Ela foi uma escolha de puro afetivo. Volta e meia penso nela, batendo palmas na janela (moro no térreo). Ela vinha e a gente confidenciava como só amigos fazem. Vou vê-la outra vez, claro. Não tenho nenhuma pressa. Talvez daqui a muitos e muitos anos à frente...

Eu e a minha onipotência outra vez.



Aprendi mais essa.

Vou falar de um artista novíssimo!!!! Jerry Lewis!!!! Ele fez um filme, em que uma vizinha, passava os dias à frente da televisão e fazia tudo o que as propagandas diziam. Assim, ora pintava os cabelos,ora fazia exercicios, ora acompanhava as receitas e por aí ia. Estou igual. Iniciante no mundo dos blogs, leio tudo e experimento.

junho 18, 2001



Não seja refém do que não está em suas mãos decidir

Me disseram isso um dia. Um grande amigo, que agora não mora aqui, mas que está sempre por perto. Longe de ser uma afirmativa de acomodação, soou como uma evidência da minha não-onipotência. Há coisas que quero e que não dependem só da minha vontade...Então, luto, luto, expresso o que sinto e espero. Enquanto isso, vou misturando as outras tintas. Está com tom meio melancólico? Deve ser a chuva que caiu hoje. O gozado é que profissionalmente você é sempre pró-ativa. É pura antecipação, mas nem sempre isso funciona, não é mesmo?

Deve ser efeito da chuva... Espero.

Aliás, que chuva foi aquela? Disseram que choveu hoje, o equivalente a 30 dias. Aliás também, por por que as pessoas cobrem a cabeça na chuva? Eu faço isso porque o meu cabelo tem cãibra na chuva. Mas os outros, também têm?

Já reparou como carioca na chuva é um fracasso? Maneja pessimamente guarda-chuva. Quem está com um, anda invariavelmente sob as marquises. Sobra pouco lugar para quem, como eu hoje, estava em plena Ipanema, sem guarda-chuva, com uma blusinha fina e sandália altíssima, estilo verão.

Péssima manhã. Amanhã vai melhorar. Cada dia melhor! Lembra? É o que está escrito no meu celular. Acho que esqueci e ligá-lo hoje.

E para não dizer que só falei de chuva e não falei de flores...





Viram a bonequinha que fiz? Parecidíssima comigo. O cachorro não, pois não tinha labrador nos modelos; coloquei um buldogue. Criei lá no Stortroopers. É o máximo!

junho 17, 2001



"Você não tem que pegar todas as bolas que jogam para você" ou "Sapos não são para serem engolidos. Pelo menos, tente partí-los"

Parece sessão de auto-ajuda? Pois não é que LF me deu um livro "Não faça tempestade em copo d'água e a vida é cheia de copos d'água" e fiquei encantada com os títulos dos capítulos? O primeiro que usei no título é de lá. O segundo não, mas bem que poderia ser. Não parei para analisar profundamente o porquê dele ter me dado o livro. Será uma dica? Será que estou dramática demais? Bem, ele negará para sempre; aliás era o que o meu pai me dizia: filha, negue sempre. Também não sei porque ele me dizia isso. Como vê, passo boa parte da minha vida sem saber porque as pessoas falam o que falam.

Mas a máxima das bolas é o máximo. Quanta energia gasta inutilmente, porque você acha que as pessoas esperam isso ou aquilo de você e aí, você sai fazendo. Resultado: fica irritadíssima, se acha usada, um objeto (às vezes sexual, às vezes nem isso), entra numa tremenda deprê. É tão bom quando é você que decide. É claro que quando a decisão é sua, há o ônus de não poder culpar ninguém pelos erros da escolha. É você e você. Dois é pouco, três é demais. Logo, se há sapos que insistem em ser engolidos -- decida-se por partí-los em pedacinhos bem digeríveis. Que mais não seja, pelo menos não vai impedir que você prove de tantas coisas boas que estão por aí, para serem provadas. Mas..., como dizia meu pai...

junho 15, 2001



Vou adorar saber de você. Me fala? Estou no joyceprado@attglobal.net




A paixão enxerta meias de seda na bagagem.

Li isso no blog afrodite. Vale muitas visitas.


Nossa! Como gostei disso! Que sensualidade provoca a idéia das meias de seda, não é mesmo? Você pode imaginar um sapato altíssimo preto, sem meia de seda, finíssima, que torneia as pernas, fazendo as não tão lindas, ficarem maravilhosas? Creio que isso faz parte de uma fantasia sedutora que faz com que nós, mulheres, possamos nos sentir absolutamente irresistíveis.

Não me venha com a história de que quem tem perna bonita não precisa de meias de seda. Não se trata de precisar. Trata-se como diz a minha mãe, de compor. Coisa antiga não é, mas funciona tal qual aquele blazer que dá uma subida na roupinha simples, básica que está por baixo.

Mas, voltando à paixão e às meias de seda. Quem viaja com os filhos para a Disney, leva meias de seda? Provavelmente não. Esse é outro momento. Agora, aquele final de semana em Buenos Aires, com a expectativa de muito tango e vinho pela frente? Alguma mulher normal esquece as meias de seda? Também provavelmente não. Esse é o momento

Por isso, gostei da frase. Pelo que ela traduz e provoca na imaginação. Ao que ela está associada. À paixão prometida. Às couraças ameaçadas. À coragem posta à prova. À vida.

Paro para fazer a mala.



Tirei e dei a você um dia de férias. Gostou?

Como foi de feriado? Bem, enquanto você pensa, vou contar como foi o meu. Saí para andar. É andar, nada de caminhar. Não sei porque as pessoas falam caminhar. Quer dizer, acho que sei sim. Diz-se caminhar para imprimir leveza e um certo ar de programa relaxante ao exercício de andar e suar ao sol. Ando todo dia, pois saí da minha hidroginástica e avó gorda, só nas historinhas infantis. Estou totalmente fora dessa. Como não/nunca sou/fui magra, tenho que fazer algum movimento. E consigo me divertir no calçadão da Urca.

É divertido você andar, desviando dos anzóis que insistem em te fisgar quando você passa. Sábados, domingos e feriados a muralha da Urca é o paraíso dos pescadores. Aliás deles e de boa parte das suas famílias. Parece que vêm todos, abandonando as suas casa e trazendo cadeiras, jornais, revistas, comida, bebida e, naturalmente os carros com os rádios com som bem alto, para que ninguém deixe de ouvir. Até concurso de pesca tem. Eles parecem se divertir e já fazem parte dessa parte do bairro. A convivência é legal, sem brigas ou qualquer confusão -- bem no espírito local. Nunca vi ninguém pescar nenhum peixe grande, mas dizem e até juram que pescam. Enfim, não acho graça no esporte.

Durante muito tempo, tive a impressão de ver a vida, em vez de vivê-la. E isso me incomodava. Hoje, continuo vendo a vida, mas me incluo no que vejo. Sabe, uma indicação de que você está deixando de viver a sua vida é quando você passa a viver a dos outros. Explico: ouça mães conversando. Elas passam a contar o que seus filhos fizeram e esquecem de falar o que elas estão fazendo. É a tal da abnegação materna levada às raias do exagero, mas que se constrói lentamente. Ouça você falando e se analise. É da sua vida que fala, ou a sua vida é viver a do outro, seja lá quem for esse outro. Não interessa.

Que legal é o Rio com 50% menos de sua população. Que cidade civilizada! Que trânsito normal! Nossa, usei duas exclamações seguidas. Graciliano Ramos. meu ídolo literário, dizia que praticamente não usava a exclamação, pois não era homem de se surpreender. Eu sou.

Não viajei e aproveitei para além da praia e das andadas por aí, aprender mais sobre o meu blog. Fiz uma boneca bem parecida comigo. Parece que já consegui colocá-la na página. Se ela não aparecer para você, me avisa? Meu foco de criar um link para os textos que sumiram da minha página foi alcançado. Que coisa tão descartável essa virtualidade. Já criei o título para o arquivo de textos: Vale a pena ler de novo? Estou ficando ótima em títulos. Eles estão agora disponíveis para quem perdeu os primeiros capítulos.

junho 12, 2001



Mudei a cor do texto!!! Uauuuuuuuuu!

Todos os efeitos especiais foram em homenagem a você, 

um dos meus poucos leitores.
Viu como inovei?

Ao mesmo tempo em que dou vazão ao meu prazer reprimido -- de escrever, aprendo a usar html. Cada dia faço uma coisinha nova, apesar da página estar sempre com a mesma cara. É que sou lenta para aprender, o.k.? Tenho um guru presencial, o Marco e um virtual, o Cris. Como vê, orientação há de sobra. Espere pelos resultados.

Vamos aos comentários dos meus poucos leitores: um disse que pensou que fosse uma página profissional. Afinal, o que que é isso, se até de um assalto bem planejado, se fala que é coisa de profissional? Estou sendo bem profissional com o meu lado pessoal-narcísico. Todo dia eu escrevo. É tal qual qualquer compromisso. Como vê, por mais que me esforce, ainda tenho uma certa dificuldade em receber críticas. As construtivas então, tendem a me derrubar completamente.

O outro leitor gostou. Meu guru presencial disse que eu devo inserir imagens. E você, que chegou agora. O que acha? Deixa pra lá. Não há nenhum 0900 para votar. Esquece.

Mudando completamente de assunto, sou mãe do Luiz Fernando. Ele é o dono do labrador -- favorito dos motoristas. Ele, o LF é casado. Sou sogra duas vezes. E, salvaram-se todos: nora e genro. Ela, a Angela é gracinha. E sem hipocrisia digo que ela seria legal, mesmo que não tivesse casado com o LF. Aliás, o apelido dele é Mengão. Na Urca, onde cresceu e está de volta, volta e meia, só o conhecem assim. É porque quando era pequeno, só vivia com a camisa do mengo -- o tal do manto sagrado. Ops! Antes que eu perca meus poucos leitores, vale a ressalva -- não sou nenhuma ardorosa fã do mengo. Tanto que viajei com o Zico para BH, ele na cadeira à minha frente e eu nem pedi autógrafo. Pedi ao Ronaldinho, em pleno ATL Hall. Só não pedi ao Michael Jordan, em Las Vegas, porque ele estava numa mesa de bacarat e quem gosta de jogo, respeita quem está jogando. Ops novamente: apontei um pequeno vício -- jogar, apesar de nunca fazê-lo, a não ser, claro quando vou a Las Vegas (só fui uma vez, mas impressiona, não é mesmo?)

Mengão é um típico leonino do primeiro decanato. Alto senso de justiça, ambicioso, sabe aonde quer chegar, mas não derruba. Pode até atropelar, mas não numa ação deliberada para tirar o tapete. Tem uma raiva reprimida que é um caso sério, quando destamponada. Normalmente é calmo, educado, gentil, na dele, como os leões que sabem que têm e podem contar com a sua força. O Caetano fala numa música do "coração galinha de leão", mas quando apaixonado é tudo firula. Bem, ele casou e me deixou o cachorro de dote.

Mudando novamente, completamente de assunto, hoje é o Dia dos Namorados. Nenhuma relação com os escritos acima, mas a minha leitora número um, a Adriana, perguntou-me: e o dia dos namorados? Para não decepcioná-la, aí vai.

Namorado vem de enamorado, amor. Que coisa mágica. Meu analista reclamava que eu esperava que as coisas acontecessem assim num pluft!, como mágica. Ele não soube ouvir o que eu dizia. Eu sempre falei de amor. Das coisas que simplesmente acontecem e que nós não temos nenhuma mágica para fazê-las parar. Estar apaixonado é um privilégio, um dom divino e a sexualidade é forma de comunicação e alegria. O máximo! Uma frase de Breton é, novamente, o máximo!!!! -- "Amor é quando você encontra alguém que lhe dá notícias suas".

Nossa, já tinha pensado nisso? Um outro que é o seu espelho? O que te reflete? E onde você se deposita como imagem e alma?

Fico por aqui.

Feliz Dia dos Namorados!

junho 11, 2001



Você não vai acreditar: eu trabalho...ainda

Creio que devo dizer que trabalho. Quer dizer, não sei bem porque tenho que dizer isso. Geralmente, há uma certa desconfiança de quem não trabalha e, todo mundo que pode, trabalha. Eu também. E gosto muito do que faço ou melhor dizendo, faço o que gosto. Sou pedagoga; hoje consultora. Estou dando a idéia de que tudo é perfeito? Menos. Tente ler de novo. As entrelinhas!!!

Enquanto isso, no ambiente de trabalho, tenho amigos que se queixaram de eu não ter feito nenhuma referência a eles. E tive que aceitar. Afinal tenho bombardeado os meus alvos e eles merecem a maior atenção.


Como vêem, meu assédio aos leitores têm trazido algum resultado

Há vários amigos, mas vou contar de duas. Nossa convivência vai diminuir daqui a pouco, por conta de circunstãncias profissionais que mudam. Mas as pessoas ficam.

Vou deixar marcas, e levo muitas também: casamentos, emagrecimentos, rompimentos, alegrias, sucessos, erros, irritações, risadas e mais risadas, o novo corte de cabelo que ninguém reparou, o pé torcido, palpites os mais variados, sobre os mais diferentes assuntos, lembranças...

Agora, ficar falando para todo mundo coisas vividas por poucos, não dá, por isso, vamos abrir o papo. Somos poucos, porém não há entre nós, uma característica muito comum na vivência em pequenos grupos -- a exacerbação dos defeitos e dos problemas. Será que é por isso que as pessoas da mesma família brigam tanto e isso as mantêm unida para o mundo externo? Quem não tem na família um cara que deu errado? E quem, além de um parente pode falar isso? -- Ninguém. Nem tente. É feito filho. Toda mãe reconhece os seus defeitos, mas ai de quem apontá-los.

Você sabe como é: num pequeno grupo, tudo é muito evidenciado. Por exemplo, numa escola pequena, não há o conforto do anonimato. Qualquer coisinha toma proporções enormes. Já numa comunidade maior, a questão se dilui. Vivemos fugindo do anonimato, mas ele também tem lá as suas vantagens.

Bem, todo esse discurso foi para mostrar que vivemos num ambiente sadio. De time -- e isso não é coisa de americano do norte; é nosso. Lembram? Somos um povo gentil.

Elas são moças e com elas aprendi a ter mais coragem; a me manter antenada; a ouvir; a não ter todas as respostas.

Essa é uma das grandes vantagens 

de você conviver com gente jovem,
se você se deixar s u r p r e e n d e r.

Uma delas é meiga, meiga; cuidadosa com todos, tende a se esquecer dela; parece fazer parte de um staff sempre de plantão; tão gracinha que me disse hoje que eu consigo traduzir o que uma mulher pensa. Não é o máximo? Não se parece comigo nas qualidades.

A outra, às vezes meio enfezadinha, até conseguir o que quer; sabe mandar; manda mesmo; muito engraçada, sem nenhuma paciência, uma risada deliciosa, parece comigo nos pequenos defeitos.

Enfim, vamos por aí, buscar mais tinta. Adoro essa de buscar tintas e repintar o que já foi pintado.Me fala de um nascer de outra maneira. Cada dia melhor. É o que aparece no meu celular. Parece livro de auto-ajuda? Me aguarde. Conto depois. O máximo!

junho 09, 2001



Tina (disseram que eu falei tão pouco dela...)

Afinal, falei pouco da Tina -- uma amiga, que alguém muito especial lá de cima, fez com que fosse minha filha. Hoje, especialmente, ela está péssima. Já viram alguém viver inferno astral, somente às vésperas do Dia dos Namorados? Pois ela vive. Quase todo ano. Bem, como dizia a Scarlett Ohara (acho que o nome está errado, mas não importa):

- Amanhã ela resolve isso!

E pior que resolve mesmo, como vem resolvendo todas as coisas da sua vida. Ela diz que eu sou inteligente, mas não sou "safa". Acho que isso não é totalmente um elogio.

Ela também é leonina. Mulher de leão, sai de baixo. Luta, ataca, se defende, lambe a cria, mostra as garras, valente e muito corajosa.

Presta atenção, você que está aí. O @ da página não tem nada a ver com astrologia. Eu não entende nada disso. É só o que dizem os livros.

Enfim, Tina é uma casa cheia. Uma festa. Não tem mais ou menos. Ou é ou não é. Sua sinceridade é desconcertante. Para você ter uma idéia, uma lindo tailleur que comprei nunca foi usado, pois sempre me vinha à lembrança o comentário: igual a chefe de seção. Um colar e um brinco, juntos, são seguidos da pergunta: Mãe, não é muita informação?

Adoro a companhia ela. Confia em mim e confio nela. Dá para falar mais? Precisa?



A mulher não esquece quem a amou quando ela estava se achando gorda

Você, homem, sabia disso? As mulheres, com certeza já sabiam. A máxima vale para qualquer outra condição, digamos assim, desfavorável. A pele horrível; o cabelo precisando de um corte; o aparelho nos dentes; o cabelo precisadíssimo de uma escova, crespo como mar de ressaca.

Uma das grandes provas de amor que eu tive foi quando, meu noivo teve a péssima idéia de ir me encontrar, no cabelereiro, sem avisar. Me pegou de rolinho na cabeça. Pensei: acaba agora ou é para sempre. Não acabou ali.

O homem que te amou quando você estava se achando gorda, feia e horrorosa vai ter um lugar para sempre no seu coração, não é mesmo? Há maior prova de amor? Porque nós temos muito disso. Falamos todo o tempo em amor-sentimento profundo, sincero, interior. O exterior, porém, tem lá a sua importância

Se encontramos um homem que nos ama, do jeito que a gente é -- já ganhou! já ganhou! Nossa, é a glória! Você nem quer mais ser parecida com a Sharon Stone.



Sobre a exposição da nossa fatia narcisista que o blog propicia

Li um registro que achei ótimo. Pensou que eu fosse dizer o máximo? hahahahah! Mas vou. Pelo menos alguma vez até o final.

Bem, vamos lá. Quando o Cris me falou do weblog, levei um tempo para ter coragem para expor a minha cara, assim sem mais nem menos. Mas daí em diante, fiquei com isso na cabeça; fiz um curso de webwriting e arrisquei. Não vou resistir: ar - risquei. Coloquei ar no que estava riscado. Oxigenei. E comecei.

No início só falei para o Cris. Agora, reconheço, estou insuportável. Gosto que as pessoas leiam e, pobre dos amigos -- são o meu alvo favorito. Não sabia, acredite, que eu era tão narcisista. Pensei em fazer algo "default", intimista, para mim... e era tudo mentira. Queria é ser "custom", fora "default". É disso que fala o registro que o site aponta.

O que importa no momento é que estou gostando demais dessa história toda. Não fui menino; não tive trenzinho elétrico que apitava e passeava nos trilhos; não tive autorama; tenho o meu blog. É o meu brinquedo e, por enquanto, o máximo!

Portanto, amigos, relaxem. Sempre há a esperança de eu me cansar desse novo brinquedo.

junho 08, 2001



Passei da fase em que curava resfriado na praia

Isso denuncia que já fugi da adolescência. Por outro lado me armo da força da voz de um imortal da Academia que disse que ser jovem é poder se surpreender.

Dou uma banda no tempo e me agarro nesse mágico poder de ser surpreendida. Não sei bem o porquê da surpresa estar como indicador da juventude, uma vez que o jovem está tão imerso no viver, que não tem tempo para surpresas. Ele, simplesmente, vive.

Nós, os adultos, passamos a almejar viver apenas o que conhecemos, repetindo a cada dia, o que está sob controle. E é aí que surge o clique da frase do imortal. É aí que cai a ficha. Estar atento às surpresas e, aceitá-las, é peitar o novo. É desmontar o conhecido para montar algo novo.

A cada surpresa, tentamos puxar o freio de mão; damos um breque para respirar e tomar fôlego. Os corajosos seguem, após recuperarem o ritmo da respiração. Os outros negam e buscam justificativas racionais para se convencerem de que aquele novo afinal, não vale tanto a pena assim. Os outros Outros administram as ações inesperadas estrategicamente, sem abrir mão delas, de forma a conciliar o prazer de vivê-las às certezas já conquistadas.

É uma outra surpresa saber que há tantos outros em nós.

Na verdade o que importa é ter coragem de admitir a incômoda falta que faz a surpresa em nossa vida. "Me faz de gato e sapato..." (Rita Lee), "trocar o pneu com o carro em movimento"(Governador Mario Covas) são expressões cunhadas em contextos diferentes, mas que falam da mesma coisa: de viver as coisas como elas surgem; sem tempo para passar baton


junho 06, 2001



Hoje visitei minha mãe

Ela mora longe, em Jacarepaguá. Nossa! Como Jacarepaguá é longe, pelo menos para o carioca, acostumado a ter tudo pertinho.

Fico pensando em como eu poderia aproveitar de ter uma minha mãe. Não dá nem para avaliar a falta que é você não ter uma, numa vida em que racionamentos, ganhar mais dinheiro, resolver as emoções que não param de exigir cuidados e gerenciar resultados, ocupam a sua vida e cabeça.

As lembranças da infância falam de uma mãe na sombra, ofuscada por um pai que era mãe-confidente, educado, calmo, elegante. Hoje eu acredito que ela esperava mais do casamento como mulher e que, o que alcançou como esposa superou suas expectativas. Morou na zona sul, seu sonho de consumo. Por isso, esse negócio de morar na zona oeste, até hoje não foi bem digerido. Enfim, foi politicamente correta a sua felicidade no casamento. Nada muito excitante -- só um casamento e das "antigas".

Existem lembranças mais nítidas, mas aí eu já era uma adolescente. Minha mãe fez curso de costura em plástico. Vocês não imaginam a quantidade de inutilidades domésticas que podem ser feitas de plástico para uma casa. Era porta-fósforo, porta-calcinha, porta-meias, capa de liquidificador e mais e mais e mais coisinhas para o lar. O término do curso teve direito a certificado e todos participamos da emoção do novo aprendizado materno. Como as famílias eram unidas. Hoje você faz pós-pós-graduação e a família nem curte.

Ainda uma imagem ligada às costuras é a lembrança das roupas que ela fazia para nós. Nos meus 15 anos, vi um vestido branco, de bordado inglês, com uma faixa amarelo ouro na cintura, de onde saía um ramo de flores miguet. Lindo. Só que fiquei imensa de gorda com tano babado. Aliás, desde os quinze anos que eu nunca precisei de babadinho nenhum para encher a minha silhueta.

Ela estava linda, com um vestido emprestado de uma amiga, com uma gola de peles. Naquela época, você podia usar gola de pele de verdade, sem ter o Greenpeace atrás de você. Naquele tempo, as mães faziam vestido novo para as filhas e iam com vestido emprestado. Things have changed.

Lembro de outro vestido todo de sianinhas; nem sei se ainda existe sianinha, mas era super bonitinho o galão ondulado que parecia com as ondas do mar ou, mais modernamente com as calçadas da Atlântica. Sempre me lembro dela fazendo alguma coisa -- sua forma de amor distribuído.

Lembro dela na maternidade comigo, quando nasceu o meu primeiro filho; depois chegando cedinho na minha casa para ficar com ele, enquanto eu ia dar aula, lá na casa do chapéu. Sempre trabalhando.

Muitos amadurecimentos depois, eu a desvelei e, aí a reencontrei, agora como duas mulheres que se tornam amigas, não por terem uma história comum, mas por afinidade. E foi tão bom esse reencontro. Até hoje somos amigas. Sem cobranças, sem distâncias e sem proteções. Há um grande querer bem entre essas duas mulheres que somos.

Portanto, vou mudar o título desse escrito: Hoje visitei uma amiga


junho 05, 2001



Tchau vó...Te amo

Hoje fiz uma constatação surpreendente. Na praia com o meu neto de 10 anos, entendi a diferença que há entre a relação mãe-filho e a relação avó-neto. Na praia calma, sem ondas assustadoras, ele pôde viver sem ter que me provar que era corajoso diante das ondas, e que não tinha medo.

Por outro lado, representando o papel do lugar do morto, eu que sei nadar bem, aceitei as aulas de natação como se fosse a primeira vez. E é assim que se dá a relação avó-neto: sem provas do que já existiu ou do que existe. Eu sei nadar e aceito aprender de novo. Ele tem os seus medos e os transfere para mim.

Se fôssemos mãe e filho, eu teria que ensiná-lo a não ter medo, como se isso fosse o normal. Ele teria que fingir que não o tem, como se isso também fosse o normal. Ambas as situações são mentirosas? Provavelmente, mas cada uma tem um papel fundamental na construção do eu em cada um de nós.

Avó de biquini, passando filtro solar, queimada, foge um pouco ao estereótipo de avó divulgado pela mídia. Eu sou a antítese da mídia, no entanto na construção da psique do meu neto, não abro mão de me colocar no lugar da que não sabe, da que tem que ser guiada. É engraçado. Mas sou recompensada pela despedida dele, quando a mãe chega para levá-lo para a praia com ondas, onde ele vai surfar:
Vó, tchau! Te amo! Assim, sem medir as palavras ou o efeito delas.

Nossa! O máximo! Principalmente quando existem tantas relações ditas adultas, em que muita gente grande não sabe dizer isso. Que pena!

Uma moça na praia me disse: o seu neto é tão ligado a você! Eu vejo isso nos gestos, no jeito dele falar com você. É mesmo. Eu gosto disso.

Acompanho o que ele faz, vibro com o que acerta, sou solidária nos fracassos, sou uma igual. Não tenho metas. Invisto em seu futuro, confiando no que é capaz de fazer. Não há um protótipo. Há o que ele irá construir.

Não sei se todas as avós são assim, na verdade eu já queria ter sido assim com os meus dois filhos; não pude, não era ainda essa hora para mim. Resgato isso agora, com eles, os filhos e com o neto. Que bom que pude resgatar. Ainda tive tempo e lucidez para fazê-lo.
Mas, voltando aos adultos... que pena e sabemos todos que pena é raiva.

junho 04, 2001



Algumas idéias sobre a minha vida no Brasil

foi como eu descrevi esse espaço. Quando se fala da gente, falamos de todos, ou é o contrário? Em longas e maravilhosas sessões de análise, aprendi isso. Sempre falamos de nós -- portanto cuidado com os comentários feitos sobre as supostas pretensões, ambições ou desejos alheios -- quase sempre são nossos e por isso os reconhecemos, e os vemos como velhos conhecidos. O que nos causa uma certa estranheza é vê-los fora de nós, nos outros e por causa disso o denunciamos. Viajei? Pode ser, mas creio que não.
Tenho uma mãe. O pai morreu. Os dois filhos são pessoas que eu gostaria que fossem meus amigos, se não fossem meus filhos, se por acaso eu esbarrasse com eles por aí. Esse é o maior elogio que posso fazer a eles. Tomara que eles reconheçam dessa forma. Sou avó. Uma vez, escutei um padre que disse que hoje as pessoas não são; elas têm: têm filhos, têm casa, têm amor. Daí em diante, digo sou mãe, sou avó, sou mulher. Como diz o anúncio têm coisas que o dinheiro não compra... outras ele compra sim.

E sou amada. Não sei bem o porquê, mas sou. Aliás, que mágica essa história de amor, não é mesmo? Li também que amor é quando a cumplicidade permite que você se mostre frágil diante do outro; que porque a ama, entende isso. O máximo!!!!

junho 03, 2001



Moro no Rio

Mais exatamente aos pés do Pão de Açucar. Apesar do morro não ser, em minha opinião, o ponto mais bonito da cidade -- ele é batido de longe pelo Cristo, é um excelente lugar para se morar. O bairro é a Urca, um local esquecido da turbulência urbana. Temos um único restaurante, 1 supermercado, dois mercadinhos e 1 sacolão. Farmácias são duas, e fregueses não faltam. É que é um bairro que convive com as extremidades da espécie humana: há crianças e idosos. Na minha faixa etária, do meio, da meia idade, somos poucos. Acho que estou aqui, guardando o meu lugar para daqui a pouco. Exagero. O legal é você ter uma vista linda, estar quase toda cercada pelo mar e o melhor, de vez em quando ouvir o apito dos navios entrando na barra. Parece filme o som forte e longínquo do navio. Muito melhor que o de trem, que só me lembra a pressa e a Central do Brasil.

Há outras rotinas. Moramos no final do ponto do ônibus e conhecemos o despachante e boa parte dos motoristas. O cachorro do meu filho -- o cachorro que é do meu filho, melhor dizendo, é o mascote da linha. É um labrador creme, lindo, carente, que não late, amigo de todo mundo. Sua rotina é passear pela manhã, ir comer um pãozinho com os motoristas e depois voltar para casa, comer a sua ração. É o retrato de um dia-a-dia.




Estou aqui começando...de novo

Para saber de todos os meus começos, Clique aqui

Tenho a sensação de estar sempre iniciando alguma coisa e no entanto, poucas vezes sinto que cheguei ao "grande finale". As coisas, em sua maioria parecem andar mais de lado do que para a frente. Bom, melhor para o lado do que para trás.

Estamos no Outono, mas nada de folhas nas calçadas e árvores desfolhadas. Temos tido, isso sim, dias de grande calor, com direito a boa praia e tardes, essas sim de outono.