junho 29, 2002

Não resisti...

A foto me fez ver que há alguém lá em cima com uma luz, focando a gente aqui embaixo.



Foto: LF, o neto, o meu neto.

junho 25, 2002

sassevas sà airótsih assoN

Foto: Tom Maday. Woman in dress holds mask and old-fashioned scale.

Como conhecem meu estilo, pressuponho que se lembrem dessa foto e que a tenham observado, conforme sugeri, dias atrás. Desculpem, sou professora e o uso do cachimbo faz a boca torta. Pois então, não queria repetir a bem sucedida iniciativa da escrita coletiva, pois não quero cair no marketing que enjaula as pessoas num único espelho. Porque aí, vocês vão ficar dizendo: Quem, a Joyce, a da escrita coletiva? Portanto vamos mudar. E vamos começar pelo final, feito aqueles filmes que começam como acaba a história. Criar final para uma história que não teve começo nem meio é coisa pra gente grande. E corajosa. Vocês. Uma gente grande inicia, colocando um final; os grandes seguintes, criam as cenas anteriores, até chegarmos ao título. Acho que vai ficar super legal. Com altíssimo gabarito. Coisa para Bergman e Bertolucci nenhum botar defeito.

Inventei essa idéia maluca; tentei não me repetir; continuo na linha amigável de compartilhar: Agora eu começar escrevendo, não. O máximo que eu coloco é: Fim?

Update um: Nossa! Ficou o máximo! E olha que escrever do fim para o começo é uma complicação!

Update 2: Nossa história às avessas foi sugestão da Debby e, aceita imediatamente.


Update 3: E já tem título, sugerido pela Meg "Sempre existem fendas, brechas, janelas e portas laterais."

Update 4: Chegamos ao início, ou melhor dizendo, Claudia enviou-me um começo e o adotei imediatamente.

Update 5: Concluo que é muito difícil inventar um começo para uma história que já tem um fim determinado. Bom mesmo é desconsiderar qualquer fim que se auto-denomine determinado e criar novos começos.

Update 6: Um exercício muito difícil esse que inventei, apesar da "turma" ter dado um "banho" de competência e inventividade.


Update 7: E tem até um lindíssimo prefácio da Síntese das Antíteses."A gente escreve de trás pra frente, de ponta cabeça, de mãos para trás, de olhos vendados. Porque as palavras não têm princípio, não têm fim, não têm meio. São as teias de rede neural que ligam o que eu penso ao que você vê... Ou versa vice."



Sempre existem fendas, brechas, janelas e portas laterais...

"Ela tirou a venda dos olhos e levantou devagar...Era chegada a hora da virada. Com a mão direita segurava a mala feita na última hora. Com a esquerda prendia a bolsa, como se dela dependesse sua vida. Bem, na verdade dependia - a bolsa guardava uma passagem que usaria em poucas horas, seu passaporte e uma bússola que comprara na noite anterior, sempre quisera ter
uma, embora naquele momento soubesse onde ficava seu norte... Soltou a mala e abriu a porta que dava para a rua da liberdade. Mas antes, olhou prá trás mais uma vez... Em questão de segundos refez mentalmente a trajetória que a levou a tomar sua decisão...

Por um momento, pensou em não comer a última pitanga. Tinha medo da mudança de humor, do azedume que viria depois de tanta doçura. Queria prolongar o prazer de colher flores e provar pitangas mais doces que as da infância.
Os dias são assim, iguais e avessos. A alegria desses momentos tolos e naturais à semi-sombra de uma jovem pitanqueira, disputando frutos com passarinhos, jorrou um dia inteiro. Agora, comesse a última pitanga, seria um rio de lamúrias. Ela sabia...
Atirou longe o frutinho, e deu-lhe as costas, nem viu a festa dos coleirinhas. Submergira na sobriedade besta de sempre.
Sorte dos passarinhos...

Ela tentava explicar às amigas como é que tudo deu em fracasso, explicava como é que uma mulher se podia deixar enganar tanto e uma vida inteira a perseguir as fantasias que lhe impunham como se fossem dela, como se fosse esse o seu sexo e afinal não era... ela era outra mulher que não a mulher que todos queriam que ela fosse que a sua mãe e a sua avó foram, que ele queria que ela fosse. Só muito tarde ela se descobrui essa mulher inteira, serena e livre sem expectativas nem a dependência milenar das mulheres aos homens. Não, ela não mudou de sexo nem foi para freira... Apenas ficou igual a si mesma e passou a amar-se primeiro a ela... Depois foi mais fácil e verdadeiro amar os outros, inclusivé a "ele" que tanto mal lhe fizera...

E aí ela viu o dia amanhecer e quis continuar na cama: não era preguiça, era abandono.
Ficou quieta, ouvindo os movimentos da rua, sem se atrever a qualquer movimento: teve medo que seus passos pisassem caminhos errados, mais uma vez. Tentou não pensar; mesmo assim, quis chorar - mas não o fez. Ficou esperando o arrastar das horas, na infinita continuação dos minutos, descer novamente sobre a noite. Então pediu às estrelas um sono calmo, longe dos pesadelos, e que o novo sol no horizonte fosse capaz de queimar os vestígios daquele insuportável desencanto... (Debby)

Ainda em seu despertar (?) foi parar lá, há 5 anos atrás. E, por conta das máscaras ou não, sentia-se feliz ou isso era só uma peça do cenário imóvel que servia-lhe de pano de fundo? Criava os filhos; cuidava da sua casa e sua vida era protagonizada pelo cenário da sua sala. Coisas nos lugares; perfeito domínio sobre o ambiente; tudo conhecido e arrumado. O homem ao seu lado, concluia agora, ainda lhe era familiar, como peça da sua vida ou de sua sala? Não conseguia definir em que momento essa boca e esse corpo ficaram deslocados ou desfocados do seu cenário.

Sonhara ou vivera mesmo aquilo mais uma vez? Uma boca desconhecida na sua; um corpo que lhe pesava. A conhecida sensação tão cantada de ser mulher-só isso, em vez de feliz.

Acordou de súbito, ele (quem era, mesmo?) estava lá. Sentiu-se amassada, as costas reclamando do colchão. Ficou minutos deitada, dividida entre a vontade de chorar e de gritar, se rebelar... mas preferiu se repetir.

Levantou-se, pegou uma a uma as peças de roupa espalhadas pelo chão e vestiu-se. Como sempre, atentando para o mais ínfimo detalhe, cada ruga, cada pêlo, cada pequena lembrança. O homem na cama, quase um estranho, a deixava assustada.

Com o passar dos anos, na tentativa de se ajustar à realidade que a despertava diariamente, acabou achando natural descartar pelo caminho tudo que julgava como excesso, pequenas vaidades, certezas, desejos. Pensou que esse processo fazia parte de um amadurecimento pessoal e que as buscas de outros tempos já haviam perdido o significado. Talvez ainda não tivesse percebido até aquele momento, que acabou permitido que se perdessem junto com essas aspirações menores, pedaços que a traduziam profundamente e que eram vitais na sua vida. Seria possível ser feliz assim, incompleta?

Esta sempre fora sua escolha. Ela era a mulher do não. Achava que negando-se os pequenos prazeres mereceria alguma espécie de premiação divina. Ela deliberadamente escolhera a falta, o ralo, o pouco, o mínimo. Economizava sorrisos porque cria que o sofrimento purificava. Amarrava-se ao próprio cotidiano insosso como um capitão que quer afundar junto com seu navio. Era assim que ela gostava.

Reconstituiu todo o dia anterior. Onde estacionara o carro. A luz que emanava do andar superior e o olhar cuidadoso, o mesmo que - como sempre dizia para si própria - era capaz de ver através do desconhecido, para trás, o passado, e para os lados, o que acontecia à sua volta. Diferente dele, que imaginava que pessoas são seres fechados como casas com portas e janelas vendadas... Ela nunca cairia nesse erro, afinal, quase todos esqueciam que uma casa é assim como a vida: as portas e janelas não se abrem só para a frente: existem sempre fendas, portas ou janelas laterais. E ela, sabendo disso, nunca deixava rastros desnecessários...Não... ela era dona, sim , pelo menos aparentemente, do seu presente, Não deixava marcas e a indiferença dele era realmente o resultado dos golpes - fatais -da rotina.

Aniversário de casamento, ele esquecera. Saiu para o trabalho com o mesmo beijo mecânico de quem diz "me esquece". Os filhos, só lembranças nas fotos, gente que ela não mais conhece. O espaço de um dia a preencher, vazio.

Acordou no meio da noite, assutada. Pareceu-lhe ter ouvido algum barulho, mas tudo estava em silêncio. Olhou para o lado à procura do amado e não o encontrou. Só então lhe veio à mente tudo que ocorrera na véspera.

Sua garganta se fechou em um nó. Tentou falar, não conseguiu. Notou que suas mãos tremiam, e que suava frio. O corpo cansado pedia socorro. Seu coração, em maremotos, pedia paz.

Sentou-se para escrever, numa tentativa de esvaziar a alma, soltar as amarras e as amarguras. Pensava na vida como uma estrada sem sentido, caminho sem direção, atalhos que não levam a nenhum lugar... Vem pensando nas despedidas: alguém que ama parece estar sempre prestes a partir e ela ainda não aprendeu a conviver com as perdas. Mas arruma as malas – as próprias -, e faz planos, sorrindo diante da novidade que a espera... Sua melancolia aumenta e ela tenta segurar o tempo, parar o ritmo das horas, conter os minutos... Inútil: essa sucessão dos ponteiros não pode, nunca, ser estancada.

E nesse momento, colocou no som mais alto que podia, aquela que era a música daquela história.

Afinal, toda a sua vida havia considerado as suas circunstâncias, mais do que a si mesma. E, se deu conta de aquela máscara era móvel. Poderia definir o nível de não-ver enquanto quisesse; da mesma forma, decidir-se por ver era sua opção agora. E viu que o que ele estava a lhe dizer com o seu amor declarado.

Sentiu-se perdida em suas escolhas. Apesar de pouco à vontade, neste momento não poderia contar com outra pessoa para ajudá-la, nem o queria. Achar a solução unilateralmente era o que ela precisava para crescer.

E então ela tomou sua decisão. Vendou os olhos e sem enxergar, pôde colocar seus instintos à postos... e eles lhe mostraram que destino não existe. O que existe são sinais que seguimos ou não. E que a conspiração é uma teia tecida com as próprias mãos."

Circuito blogueiro hoje

Raulzitofeliz. Megfeliz . Rossanafeliz. Muito bom!

O inverno boicotando o alongamento

Acordei cedo para minha aula grátis e chovia. Talvez, em outros dias, isso fosse um alívio, pois a vontade zero, assim me impelia, mas hoje, a vontade de me esticar e alcançar o céu lá no alto ficou para trás. Preciso me lembrar de que o céu está aqui embaixo, ao alcance da mão e nem é preciso me esticar tanto. Só não posso é esquecer disso.

Muda discussão muda

Você fala com você mesma, com certeza, assim como eu. E um lado, não sei qual, dizia para o outro: não ceda; não vá; não atenda. O outro lado, mudo, por pura estupefação, diante da determinação do outro lado, pensava, descrente: quero ver isso! Deixa o tempo passar e quero ver manter esta determinação toda. É deixar rolar e ver quem ganha essa muda discussão. E ver se essa discussão muda.

junho 24, 2002

A tal da tecla Pause não estava emperrada e eu muito menos! O máximo!
Cena carioca inusitada

Imagine-se parada num sinal de trânsito na Praça XV, às 2 horas da tarde e na calçada, dois homens jovens, um de terno e gravata e outro de roupa esporte, bem vestido, aos socos. Os livros espalhados no chão. Socos no ar, até que um acerta o olho do outro e o outro acerta a bochecha do um. E parece que nesse momento soou o gongo do término do round e os dois subitamente pararam de brigar. Pegaram seus livros no chão e já caminhando cada um para o seu lado, xingavam-se, para mim mudamente, pois o vidro fechado só me permitia ver; não ouvir. Desde que saí de escola que não via gente atracada, brigando assim. Só no Rio mesmo.

junho 23, 2002

Pausa para meditação

Já precisou apertar aquele botão que você guarda bem escondido dos outros e que se chama Pause? Pois então, dei uma apertada nele. Tomara que não emperre, e me faça hibernar mais do que o necessário.

Muitos fogos, rojões e muita claridade no céu dessa Cidade, pelo aniversário da Meglindamenteamigadetodos, aquela amiga que está sempre atenta e que fala dos nossos pequeninos feitos, como grandes acertos. Bom ter uma amiga assim. Parabéns Meglyn!

junho 18, 2002


Foto: Tom Maday. Woman in dress holds mask and old-fashioned scale.

Pois então, as escolhas... De máscara para não ver e não ser iludida pelas imagens e poder sentir o peso de cada uma delas. Hoje estou lacônica.

Estou nada; é isso: um nada cheia de tudo! De ficar pesando e pensando coisas, que valem mais pelo que não pesam. Meio confuso? Explico: o que tem peso na vida da gente? Os ditos bens materiais --dinheiro, casa, que conferem segurança e estabilidade. A família, os amores, os amigos, que conferem segurança e confiabilidade à sua auto-estima. Quando essas coisas engordam e passam a ter peso, esse extra, passa a pesar e tolhe sua escolha. Recebo um excelente convite para trabalhar fora da cidade ou do país. Vou? Não sei. Que tal essa mudança para a família? A casa fecho ou alugo? Os amigos e a consequente saudade é campo negociável. Os amores: ou vão, partem junto e passam a ser as mãos que dizem vamos; ou ficarão para trás, criando um tremendo final infeliz.

Sei lá, mas não é à toa que a gente criança fala, recitando, na hora de escolher: "Ma-mãe-man-dou-eu-es-colher-es-se-da-qui". Ou então: "Unidunitê, salamê minguê, um sorvete colerê, o escolhido foi você!" E não precisam nem das máscaras.

Mas, olha essa foto. Vou te propor uma coisa daqui a uns dias.

Hummm! tentação que não engorda e diminui a tensão ...



Foto: Brent Waltermire. Red apples in small crate.

"Pesquei" essa lá no Um sopro de vida.

É um exerto do escrito de Mario Quintana, Felicidade realista. Essa parte colhida é anterior às conclusões do autor sobre o que seria a felicidade realista e diz assim:

"(...) queremos AMOR, todinho maiúsculo.Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. (...)"

E eu não assisto televisão; se assistisse, então...

"Pesquei" mais essa lá no Um sopro de vida

"justo quando a lagarta achava que o seu mundo havia acabado, ela virou borboleta!"


junho 15, 2002

Lembra daquela brincadeira?

Um começou a história e outros continuaram. Ficou tão boa que a Claudia criou uma página, escolheu a imagem adequada à idéia e agora estão lá os créditos dos escritores. Eu a coloquei aí à esquerda com o título: Uma história a muitas mãos. Vale a pena ler de novo; com certeza, o máximo: os autores, a página e a cooperação comunitária!.

Sign in x Sign out

Ninguém me perguntou, mas refleti e envio a você, para que faça o mesmo, se quiser ou se isso ajudar de algum jeito. A leitura dos indícios que nos falam da vontade de entrar e da vontade de querer sair são algumas vezes leituras de difícil compreensão. Admitir que quer ir ou sair sempre traz uma certa indecisão. Entrar, por exemplo. Por um impulso, você entra descompromissado numa relação. Talvez descompromissado seja muito forte; digamos que ela não o ameaça; que não se constitui em nenhum perigo que o faça perder o chão.

Aí você segue em frente...até que a vontade começa a crescer. Toma corpo, ocupa um espaço, esparrama-se incontida. O momento seguinte é você admitir que ama. Quando o ritmo dos pares é a mesma, é mais fácil, pois a pressão se exerce para os dois lados com a mesma força e estão ambos no mesmo barco. Quando aportam, as conclusões se assemelham e podem viver o seu amor. Sign in conjunto, ilimitado e irrestrito, se for amor de verdade.

Os indícios da vontade de sair correm pelo leito do mesmo rio. E nem sei se em sentido contrário. Volta a idéia da ameaça, agora não ao domínio de si mesmo, mas a ameaça muito consciente de estar aonde não quer, fazendo o que não é mais escolha, com quem não é mais o que foi; se foi algum dia. Novamente, se o ritmo dos dois é o mesmo, é mais fácil, pois o desgaste se exerce com a mesma força sobre ambos; não que isso diminua o impacto da constatação, mas há uma igualdade nas razões e sentimentos ou na ausência deles.

Pisca uma luz, duas luzes piscam, três luzes piscam, apontando para o brilho que está lá fora, em outros olhos. O que é verdade é que a motivação acabou e motivação, sentimento interno, existe ou não. Nada mais reflete o espelho opaco. Você é capaz de concluir que vai sentir mais falta da casa, do lugar, da poltrona ou do seu abajur, do que da pessoa. É capaz de levar a prestação do carro e deixar o carro. Reduz ao mínimo o que é imprescindível, como naquela música do Chico, em que ele sai com a carteira de identidade, o livro do Neruda que ela nunca leu e deixa a chave. O negócio é sair. Você pode criar uns incentivos para ver se a coisa se arrasta: reforma o apartamento, viaja, compra móveis novos, faz o jogo do contente, se entope de trabalho, foge.

Estica o tempo, na tentativa de não magoar o outro, até perceber que está magoando tanto a si mesmo que só falta você dar uma surra diária em si mesmo, para expiar uma culpa por não gostar mais. E lá isso é culpa? Disseram isso pra gente e a gente acreditou? Irreversível o que está instalado: o Sign out.

E pensar que isso serve tanto para empregos, para uma festa chata, para uma reunião insuportável, para uma conversa entediante, quanto para o amor.

Lembro que não falo de certezas, pois você sabe como as raciono, pois são poucas; são somente reflexões, pensamentos mais ou menos soltos, alguns encaixados, outros frouxos.

Um beijo.

junho 14, 2002

Eu e a minha lerdeza...

Não bastasse eu estar sempre absolutamente por fora das conversas sobre Jades, Mels, Big Brothers I, II, III,... apareceu mais um tema contagiante: a Copa. Apesar da minha costumeira lentidão, assisto aos jogos do Brasil, desde que esteja acordada, claro. Comprei uma bandeirinha (das que rasgam) e coloquei no carro e estou me sentido muito bem entrosada nas conversas -- por enquanto.

É de impressionar como a gente muda. Dizer que na Copa da Espanha, lá estava eu numa excursão, onde andei de ônibus uma distância maior do que a que separa geograficamente o Brasil da Espanha. Eu e outros tantos brasileiros compondo a torcida verde e amarela, em que um que era Prefeito de uma cidade bem desconhecida levou uma faixa que dizia: "O Povo de (não lembro de onde), está aqui". Uma ova! O Prefeito estava lá.

Fico vendo a reação das pessoas em relação às chances do Brasil. Uns, para evitarem a frustração, estão contidos, fingindo-se preparados para uma derrota a cada partida. Outros comemoram os gols e os não-gols, nas ruas, nos bares, em qualquer lugar. Mais outros, que como eu, assistem, torcem e se pudessem não ouviriam os urros do Galvão, aproveitam a entre-safra do país, para colocar em dia um monte de coisas que estava a requerer atenção e calma.

junho 11, 2002

Lembra daquela brincadeira?

Um começou a história e outros continuaram. Ficou tão boa que a Claudia criou uma página, agora com os créditos dos escritores e a coloquei aí à esquerda com o título: Uma história a muitas mãos. Vale a pena ler de novo; com certeza, o máximo!.

A casa.

LF, o neto, faz umas observações sobre casas, que sempre me surpreendem. Aquelas americanas, sem muros divisórios são "casas soltas". Ontem, passando pela casa que ele considera a mais bonita aqui da Urca, uma casa que é parte amarela, parte roxa e parte rosa; que não tem muro, que não tem portão, pois não tem onde segurar um portão e tem uma caixa de correio que é um golfinho, exclamou: Essa casa é bem-humorada! Adorei a observação, pois só criança faz uma avaliação estética afetiva assim, não é não?

junho 09, 2002

Oito escritores + uma costureira = um novo roteiro.

Imagine um sarau. Reunidos na sala, repleta de ouvidos atentos, unem-se escritores, lendo exertos de suas escritas. Ouça:

Joyce (a costureira) - E feche os olhos e pense ou não pense; como quiser, mas qualquer que seja a sua, se eu fosse você, pensava:

George Miguel Pereira - É infinito o momento em que se pode ser feliz.

João - Se o sonho se esvai feito fumaça...

Joyce (a costureira) - E de parênteses em parênteses, ao final, eles são tantos que ocupam sua mente, seu coração e sua fala; a parte mais importante da sua vida passa a ser o que está contido nesses parênteses. E aí, o texto tem que ser reescrito e o conteúdo deles passa a ser a sua oração principal.

Zel - Você veio pra realizar meus sonhos. Todos, até os que eu não sabia que sonhava.

Joyce (a costureira) - E afinal, do que nos fala o sonho?

Claudia - desejo, massa de ar quente em zonas ardentes.

Joyce (a costureira) - Visceral; endógeno, interior do inconsciente, à espreita da brecha que o deixa escapulir e manifestar-se.

João - Todos os fogos, o fogo!

Joyce (a costureira) - E então, daí pra frente?

Claudia - que o desejo mais especial tenha a ousadia de uma asa delta... porque eu também sou filha de Zeus...

João - E por mais que se tente ou que se faça...

Claudia - nosso compromisso é com o centro. Lá, onde podemos ser fiéis, a nós, aos outros e à qualquer ousadia de felicidade

João - E dar um tranco pra que a vida não transforme cada sonho em quimera ou em trapaça.

Ro - Faço planos e de nada tenho certeza. Faço malas para ir ao encontro de expectativas. E se? Não me abandona a conjunção que exprime condição. Durmo, acordo entre um plano e outro e ouço a voz: "e se?" sem que eu possa saber as repostas todas.

Rogerio - não adianta achar este mundo pequeno, se nunca ultrapassar a esquina, não adianta sentir medo, se não executar o plano.. meus pés já estão cansados e não querem mais ficar parados neste lugar, meu corpo quer ir ao encontro do que sente falta e tenho a certeza de que não tenho como impedir.

- a pergunta que me faço por esses dias é: — será que sou proprietário apenas de palavras ou realmente ainda tenho em mim toda essa ousadia?

Nosótão O difícil é descobrir para onde ir, feito isso é só juntar os trecos por na mala e seguir viagem.

Rogerio - agora, vou lá, me encontrar com o meu futuro, tenha ele a cor que tiver, azul, branco, negro, amarelo, verde-limão....

- E não adianta ser perfeito...

João - dois imperfeitos têm muito mais chances de imbricação que dois pretensos perfeitos perfeitos,

Rossana - Você sou eu do avesso. E eu sou o avesso de você. E no entanto somos iguais. Tua mão esquerda é a minha direita e vice-versa. O meu contrário é o meu igual.

Rogerio - eu vi um mundo diferente lá fora, um mundo maravilhoso, uma terra de gigantes... eu descobri o meu lugar;

- E tem que ser delícia.

Rogerio - fecho os olhos em frente ao mar e sinto sua presença me convidando para mais uma jornada insólita.

João - então velas ao mar porque ali o vento embala e dá o rumo, e se não naufragar, certamente aportará, pois há sempre muitos portos em cada mar.

Rogerio - tenho medo de naufragar, mas nem por isso deixo de me lançar ao mar...

Nosótão Tenho certeza de que os deuses, felizes, mandam o bom vento para todos que têm a coragem de voar."

Joyce (a costureira) - E que os anjos digam: Amém, porque...

Rogerio - hoje eu não vou procurar palavras, sou todo torpor. estou completo em nós.

junho 06, 2002

Voltei à aula grátis de alongamento ou de alonga-a-mente!!!

Isso, além de me enquadrar nos parâmetros ideais definidos pelo meu médico, por qualquer médico, por todos os médicos, me fala que, aos poucos, retomo pedaços deixados pelo caminho.

Em função das circunstâncias, muitas vezes, enquanto umas partes da vida crescem, ganham corpo em sua vida; outras decrescem. Com toda a atenção requerida pela mãe, não tinha a menor vontade; para falar a verdade, nem me lembrava dessas aulas. Mas agora que a cabeça da mãe está ótima, retomei.

E me reapresentei. O professor gracinha de gente fez a festa habitualmente feita aos que retornam, mas não era isso que eu queria dizer. É que as aulas agora têm música. Lembra que eu disse que fizemos uma "vaquinha" (expressão antiqüíssima, mas a atividade em si, com a falta de dinheiro generalizada, está mais em moda do que nunca) e compramos um som? Então, foi ali que eu descobri o Secret Garden -- o top list dos meus cds atualmente.

Pois então, há muito me convenci de que sou uma gestaltista completa (devo estar usando esse termo, gestalt, inadequadamente, mas me serve) e concluo que música e ambiente são uma coisa só e que um não tem sentido sem o outro, se não combinarem. Há músicas que não combinam com espaços abertos ou com uma aula na praia. São para você ouvir sozinho ou com aquela companhia, você sabe qual. E hoje teve Adriana Calcanhotto na aula. Alguma peça estava no lugar errado: o cd ou a praia.

Me lembrou a mesma situação que contece, quando a gente ganha ou vive alguma coisa muito boa e da qual a gente gostou muito e quer, a qualquer custo, dividir com os outros. Então, você põe o cd novo para o amigo ouvir e intercala a audição com várias observações -- olha só essa parte! Saca o violino aqui. E por aí vai.

E com o álbum de fotografias? É a mesma coisa. Há coisa mais sem sentido você ficar vendo e ouvindo sobre fotos, completamente fora do seu interesse? Um dia desses me colocaram no colo três álbuns de uma viagem a um lugar que possivelmente nunca irei, cheio de umas gentes que nunca vi e fiquei recebendo as descrições detalhadíssimas, como se eu estivesse embarcando no dia seguinte para o tal do lugar e que sem as preciosas explicações, eu não conseguiria sobreviver nem por um dia. Aí, você tenta apressar a passagem das fotos e a pessoa faz você voltar, pois ela esqueceu um detalhe. Oh dia!

Tudo bem... cada vez mais implicante, mas fala sério...

junho 05, 2002

"Não basta ser pai; tem que participar."

Lembra desse anúncio do Gelol? Era um pai, assistindo ao jogo de futebol do seu filho, um garotinho. E chovia. O pai, todo molhado, aguardava o momento em que seu filho saísse do banco de reservas e entrasse no jogo. Rola o jogo, até que surge a chance. O menino entra em campo, sofre falta, o pai corre com o Gelol, massageia a perna dele, ele vai cobrar a falta e gooooooooooooolllllllllllll! E pai e filho se abraçam naquele momento de pura vitória!

Aí, o locutor diz: Não basta ser pai; tem que participar. O máximo esse comercial, em que sempre fico com os olhos cheios d'água. Mas, como não sou da equipe de marketing do produto anunciado, por que estou falando isso tudo?

Porque ontem me convenci que não é suficiente você saber-se amada por quem você ama. Tem que participar; assistir jogo na chuva; se molhar na mesma água; massagear, quando preciso; xingar o juiz; brigar com o técnico que colocou você no banco de reserva; ser ombro para encostar a cabeça; ser o olho que diz para você, que tudo vai melhorar; ser peito para afagar o choro; ser corpo, para você ser fêmea; ser braço, perna, corpo inteiro externo e interno, para apertar forte no abraço do gol.

junho 03, 2002

Estou aqui começando...de novo.

Tenho a sensação de estar sempre iniciando alguma coisa e no entanto, poucas vezes sinto que cheguei ao "grande finale". As coisas, em sua maioria parecem andar mais de lado do que para a frente. Bom, melhor para o lado do que para trás.
O que importa no momento é que estou gostando demais dessa história toda.
Não fui menino; não tive trenzinho elétrico que apitava e passeava nos trilhos; não tive autorama; tenho o meu blog.
É o meu brinquedo e, por enquanto, o máximo!
Portanto, amigos, relaxem. Sempre há a esperança de eu me cansar desse novo brinquedo.


Foi escrevendo isso aí de cima, que comecei esse espacinho há 1 ano atrás. Para quem, como eu, pensava em somente dar conta da frustração de não ter tido um autorama, até que está durando a tal da brincadeira.

Pois então, como brincar sozinha é chato à beça, hoje tem festa para os coleguinhas da nossa
adulta-brincadeira-de-pensar-e-de-falar-daquilo-que é-o-densamente-humano: o nosso viver.





As gentes grandes do pedaço que me perdoem, mas o que importa nessa comemoração é alegria, língua-de-sogra, bolas coloridas... Só não se pode é discutir coisas ditas "sérias"; hoje não.

Amanhã, quem sabe? Não se pode ser Sininho a vida toda. Mas, qual é a sua fantasia? É só para reconhecer os amigos.
















junho 02, 2002

Desanuviando

FFF eee lll iii zzz! Pronto!

Feche os olhos e pense ou não pense; como quiser, mas qualquer que seja a sua, se eu fosse você, pensava.

Na viagem que queria fazer e que não vai fazer. Naquele mundo que você queria e que ainda não existe. Nas suas poltronas, que você não aguenta mais ver. Em tudo o que faz e que gostaria de não precisar fazer. Na viagem que fez e que foi absolutamente inesquecível. Em como você está contribuindo para esse mundo fique melhor. Em como eram bonitas as suas poltronas quando as comprou. Em quanta coisa boa que você pode fazer e que muitos não podem.

Agora, "pescado" do Perhappiness, uma parte do poema de Affonso Romano Sant' Anna, Certas coisas têm que ser pensadas e pesadas com muita precisão:

"(...)não podem deixar para depois

o amor não se adia

como se adiam o imposto, a viagem, a utopia.

o desejo sabe o que quer,

detesta burocracia

Feito depois, o amor

é murcha lembrança

do que, não - sendo, seria(...)"

Pra que isso tudo? Medo da Tinta Fresca?

As proteções modernas não são necessariamente externas; não são armaduras pesadas; não escondem o rosto -- tentam esconder o que rola na alma, se vestem camaleonicamente, na vã tentativa de camuflar a sensibilidade.

Que bom encontrar gente de peito aberto; que não tem medo de dizer como você lhe faz bem; que procura você só para dizer, olá; que entende que isso não tem que virar contrato assinado, autenticado e com firma reconhecida; que ri solto; que não tem medo de se expor ao dizer: me ajuda? Sem medo de tinta fresca; afinal, deve haver uma cor que combine com a sua pele. Se de todo, não houver combinação possível, aí, enfraquece e não dá nem para dizer olá!


Tinta fresca!