fevereiro 28, 2002

Onde estou?

Sempre morei no mesmo lugar. Então, a primeira coisa é romper com esse conhecido e criar uma promessa nova. Projetar 10 anos à frente, sabendo todas as respostas é previsibilidade demais para mim. E olha que sou do elemento terra!

Quero uma vida, da qual eu tenha que aprender tudo. Em que eu precise descobrir, na nova morada, aonde é que tem o pão mais gostoso; qual a farmácia mais barata; onde é que tem, aqui perto dessa casa nova, as verduras mais frescas e onde fica o jornaleiro. E quero inventar qual a cor que eu devo colocar na minha sala. Qual é a que fala mais comigo hoje? Será o azul-hortência? E quero lençõis novos, toalhas novas. Quero a minha varanda, com mesa e duas cadeiras, para tomar o café da manhã. Do que tenho, levaria a mesa e as quatro cadeiras. É pouco por tantos anos de convivência? Mas móveis não são fiéis e eles vão entender perfeitamente. E vão até gostar de uma troca de dono.

Quero acordar e estranhar tudo: a cama, o quarto, eu e você, radiantes na nova casa.

fevereiro 27, 2002

Na novela das sete

O que que aconteceu com a Regina Duarte? Como sou muito da mal informada sobre os assuntos de tv, talvez seja só impressão minha, mas ela não está com uma cara diferente?

Preferências

Eu detesto quem fala alto. E essa preferência atinge os escritos também. Cada vez mais eu gosto de ler quem escreve, falando baixinho, naquele clima de pura intimidade. O máximo essa gente que sabe dar às letras, voz de papo gostoso, que nada quer ensinar e que, justo por isso, até ensina.

fevereiro 26, 2002

Promessas são dívidas

Você já conhece a estranha mania que eu tenho de achar que você lê todos os meus escritos, certo? Pois então, lembra daquele motorista de táxi que me contou a história do viziinho que virou mendigo e que ficou me devendo o final da história? Pois então, peguei o táxi dele hoje. Ele ficou muito surpreso porque o reconheci e mais ainda por querer saber do tal do rapaz. Confirmei a minha idéia de que certas pessoas querem só passar a preocupação para os outros.

Mas então, quer saber? Ele não soube de mais nada. Nem foi procurar o irmão do rapaz para saber. Dei-lhe a segunda bronca. Acho que se ele me vê outra vez, esperando táxi, vai passar batido.

Para disfarçar, me fala que sua tia morreu. Internamente, falo para mim mesma: não entre nessa outra vez! Mas a história foi contada. O primo dele, filho dessa tia, arrumando os pertences da mãe, encontrou uma bolada de dinheiro --- só de notas que já não valem mais!!! E ele riu muito do tal do primo. Saltei do carro, antes que desse a terceira bronca nele.

Um malão esse motorista.

Retomando lá sem muita vontade

Pois então, na retomada da minha energia, a única reação possível é sair fazendo coisas, porque se não fizer, você está frito! -- expressão antiquíssima, usada quando fritura não era problema e colesterol não existia. Também esse tempo cinzento e feio e essa temperatura ora quente, ora esquisita, não ajuda em nada. As notícias também não. Oh dia! Oh Hardy Ha Ha!

fevereiro 24, 2002

Mosquitos&Tabefes&Viroses&ETC

Morar no Rio está se tornando uma heróica sobrevivência diária. Agora estamos matando mosquitos aos tabefes nas ruas, nos outros, enfim onde quer que a gente veja um. E uma dessas viroses me pegou, carregou minha energia geral, me fez dormir, mas dormir tanto nesses três dias, que estão faltando sonhos para alimentar meu sono.

Mas já já, vou dar um jeito nisso.

fevereiro 20, 2002

Lá vamos nós outra vez! É a vida começando!

Pois então, tem gentinha nova na parada! LF, o filho, e Angela, a nora (gracinha) estão grávidos!

No elevador

Já viu algum dia, uma mãe ou um pai ensinar ao filho como se anda de elevador? A não ser, claro, as regrinhas básicas de segurança, tipo, não colocar a mão ou o pé, quando a porta está fechando etc? Agora já viu alguém ensinando a alguém como se posicionar dentro de um elevador?

Pois então, hoje, andei de elevador tentando me livrar de um tufo de cabelos de uma moça que insistia em enfiá-los na minha cara; mais especificamente, no meu nariz. Não satisfeita, sacudia os cabelos como se estivesse sozinha e suas madeixas pudessem voar livremente de um lado para outro, naquele espaço restrito. Ela só não jogou a cabeça para baixo e depois sacudiu, como as moças fazem na praia, para ajeitar os cabelos molhados, porque não havia realmente espaço para ela se abaixar.

Tenho que admitir que as mulheres são piores dentro de um elevador do que os homens. Acho que, quando crianças não brincaram em espaços abertos como os meninos, então, entram no elevador e não conseguem calcular o que há de espaço para ser ocupado e sempre acabem ocupando um que já está ocupado. Uma droga!

Pensa bem, você já fica olhando fixamente para os números dos andares, para não ficar olhando para a cara dos outros, "jogando sério" com os parceiros; agora se além disso você ficar tentando tirar o seu pé debaixo daquele outro que está sobre o seu, não precisa nem ter claustrofobia para achar esse mini-trajeto um porre.

fevereiro 19, 2002

Por onde será que andam os meus músculos?

Vi a Feiticeira na tv ontem. Nossa! Que moça forte! Tenho a certeza de que ela tem músculos que eu nunca tive...

"Falou e disse"

Pois então, nesses tempos de muitas falas e poucos ditos, uso como título uma expressão antigüíssima. que a sabedoria popular inventou, que apontava para a diferença que existe entre falar e dizer. O que ele falou aqui, soou para mim como um dito cheio de sabedoria...

(...)não me seguro em mãos que me dizem menos do que "vamos", e não espero nada, nunca, menos do que ser feliz o tempo todo, e de saber que vamos continuar assim, enquanto for infinito, sem nenhum engano.(...)

e se alguém me fechar a porta, procuro outra, por que eu também sou uma passagem, e não apenas alguém sem alma, mendigando sonhos.

Viu? Esteja atento, pois não é pouca coisa.

fevereiro 17, 2002

A feliz mulher mal-casada

É o que dizia o povo da família, sempre que se refiriam à Celinha. O diminutivo já ia por conta do sentido de coitadinha que as gentes da família insistiam em aliar ao seu nome. Ela, rodeada da escadinha dos cinco filhos, mantinha o ar sereno, distante, calmo, como se tudo aquilo ao seu redor não fosse a essência e parecia, isso sim, viver no aguardo do seu clímax.

As sobrinhas do lado "estável" da família não entendiam chegar da escola e não ir para lá, em vez de irem direto para casa. Apesar do pouco dinheiro, sempre havia um bife sendo frito naquela hora -- com o melhor cheiro do mundo. E sempre havia a fome dos adolescentes, falando mais alto na hora do almoço. E cada uma das sobrinhas tinha lá as suas razões para as visitas freqüentes.

Umas iam por causa dos cinco primos que brigavam, corriam, riam pela casa pequena como se estivessem na praça. Uma ia, após o trabalho para olhar para a casa do namorado, que ficava na frente do apartamento da Celinha. Esta sobrinha ficava ali, esperando vê-lo chegar ou sair, naquele comportamento típico dos relacionamentos inseguros. E todos eram bem-vindos, numa calma de quem vive uma vida sem qualquer tipo de problema.

O que todos consideravam O problema - um marido ausente e jogador - para ela era circunstancial e, apesar da sua calma, nunca se soube de alguém que se atrevesse a soltar um mínimo comentário sobre os seus defeitos. Não se sabe como, mas ela fechava essa possibilidade com olhos absolutamente apaixonados.

A cada volta do viajante e na impossibilidade de comprar coisas novas e esperá-lo em festa, mudava os móveis de lugar: o sofá no lugar da poltrona, a mesa ia para baixo da janela e assim dava á casa um ar de novo. e se preparava para receber aquele que era a razão da sua vida.

Novamente, ninguém entendia isso. Só ela. E lá, nesses fortuitos momentos de amor, se revigorava para a próxima ausência.

Um assunto inusitado

Então, passei a tarde com a minha mãe, a fim de distraí-la. Pois então, minha irmã, minha prima e eu, juntamo-nos nesta empreitada. Levei-lhe de presente o conjunto P (acho que atualmente é a única na família a caber nesse tamanho), verde claro que caiu perfeito; minha prima levou os brincos, pois a mãe não fica sem eles e desandamos a falar -- dos mortos da família! Você acredita numa coisa dessas? Desde quando esse é um assunto alegre, que serve para distrair alguém? Fiquei pensando que talvez tenha sido para ela valorizar a vida, sei lá; mas ficou esquisito, apesar de não rolar nenhum clima deprê.
Isso porque na família se fala dos mortos como a gente se lembra deles. Ninguém vira santo, porque morreu. Não nos cabe julgar, apenas falamos do que convivemos. E, no final a gente reza para que todos sejam espíritos de muita luz, pois, considerando o que alguns aprontaram por aqui, devem estar precisando.

Mais um de

A poesia, escrita por seu Pai. É muito bom você publicar o que o seu pai escreve, não é não?


Felicidade Nêodo N. Dias

De ilusão?

Não...de ilusão não sofro mais.
Meu coração amorteceu bem cedo.
Se ainda o meu semblante estampa medo,
É de mim mesmo, é de meus próprios ais.

Em amores? Não...em amores já não creio.
Pois todos só trouxeram dissabor.
Como queres que eu creia no amor,
Se do amor eu guardo atroz receio?

A felicidade? Sim! Existe, eu sinto e vejo.
Quer no fulgor do sol...quer num lampejo...
Quer no percurso d'um cometa, a esmo.

Mas não a encontrarás aonde queres.
Não hás de encontrá-la nas mulheres.
Porque ela está dentro de ti mesmo!

BlogUpGrade I - Mais poesias do autor aqui. A informação é do Neodo, o filho, lá do Diário Virtual Coletivo.

Solidão?

O Diário Virtual Coletivo publicou esse artigo super interessante do Luiz Roberto Delphim, de 1996, sobre solidão. Confere.

Estou de altos!

Altos!

Nunca soube o porquê de ser no plural, mas era assim que a gente criança pedia um tempo nas brincadeiras. Sua mãe chamava e você tinha que parar; dizia Altos! E tudo bem, podia voltar depois sem problema.

Agora, a gente adulta não pode pedir Altos! pois isso é coisa de gente criança. Mas tenho que inventar uma palavra de mesmo efeito e que não tenha o peso daquele papo de namorado que pede um tempo, pois está muito confuso etc e "papo brabo" e tal. Tenho que inventar uma outra...que deixe claro para todos que é para me incluir fora (como diz ele) de tudo aquilo que eu não quero mais estar dentro: da reunião de condomínio; da palestra-tédio; de conversar com gente chata; de fingir que sei o que não sei; de ser bóia ou barco salva-vida; de ser calma, controlada e de fazer sempre tudo conforme esperado pelos outros; do domínio do alterego de plantão e isto e mais isso e mais aquilo e ainda aquilo outro ali.

Que palavra terei que inventar? Se não achar nenhuma, vai valer o Altos! da gente criança.

fevereiro 16, 2002

@joyce -- "uma organização Tabajaras"

Fui a Jacarepaguá e pude circular por essa cidade, por lugares bonitos, de média beleza e os horríveis.

Começo pelos horríveis -- São Cristovão visto de cima ou por baixo; sua glória só mesmo nos tempos da Marquesa de Santos. Ele é cinza, não é não? Aquele viaduto escureceu o que já não era lá muito claro; sumiram com as árvores. Aliás, lugar sem árvore nunca é bonito. Outra coisa que enfeia essa cidade são os ambulantes que têm aquelas barracas desarrumadas. Estava vendo hoje uma mulher numa barraca de frutas e legumes lá na Taquara. As caixas viradas, legumes estragados pelo chão -- a maior sujeira na rua. Perá aí! Tudo bem. Tudo pelo social, mas dá para respeitar o que é público? Falando em público, li no jornal que roubaram a estátua do Pequeno Jornaleiro que ficava na Rio Branco e transferiram para outra rua da cidade. Pois então, os ladrões transferiram outra vez para destino ignoradíssimo. Coisa feia!

De beleza, as matas ainda preservadas da Grajaú-Jacarepaguá e os últimos dias do trânsito civilizado às vésperas da semana em que "o bicho vai pegá" com a volta às aulas e todos os cariocas no Rio.

De média beleza, a Presidente Vargas com a pista do meio abarrotada dos carros alegóricos do desfile das campeãs de hoje à noite. Os carros de dia são médios. As luzes à noite complementam o restante da beleza.

Uns carros parecem casas de bruxas. Se eu fosse criança teria medo e ficaria procurando aquela bruxa do João e Maria aparecer e me botar na panela.

Vi um Comandante Rolim debruçado sobre uns aviões; muitos bichos no carro do circo; uns astronautas num carro muito bonito; muito dourado, muitos golfinhos -- já viu carnaval sem golfinho? -- parece uma festa do mar. Engraçado, não vi nenhuma figura egípcia -- outro tema que os carnavalescos adoram.

Aí fiquei pensando no porquê, do ano todo não ter show de samba no sambódromo, tal qual aqueles shows do Scala?

Outro pensamento: Vendo as paredes do Sambódromo cobertas com as propagandas dos patrocinadores conclui que ele fica muito menos feio com todas aquelas cores. Taí uma boa fonte para a Prefeitura, porque bonito o Sambódromo não é; vazio então é uma deprê cinzenta de cimento só.

Enfim, reformei a cidade no meu passeio e ela ficou muito melhor depois que mexi nela.

BlogUpGrade I - "...acho que a serra é a própria metáfora do Rio: linda (a vista e a mata) e horrorosa (a ocupação irregular...); sinuosa - gingada; perigosa - como mata essa avenida; abandonada..." Comentário do Claudio do Baticum

BlogUpGrade II - "...Será que agora que você deu um jeito aí, dá pra vir a Sampa desentortar esta cidade? (...) Se, ainda tiver fôlego no final do expediente, coloca umas flores nos canteiros, pelo menos onde ainda houver canteiros, pra ver se, pelo menos, as abelhas arranjam namorados..." Comentário do Claudio do Circulando




Descombinadíssimos assim

Já reparou como tem nome que não combina com o outro? Me desculpem as Carla Bárbara, as Eugênia Alessandra, as Ariadne Matilde, mas são difíceis até de falar. E quando dão para apelar para a Numerologia e nascem letras e acentos nos conhecidos, criando-se ilustres desconhecidos. Que bom que é Jorge Ben de novo. A Sandra Sá não sei se ainda é Sandra de Sá. A Lady Francisco ainda é Lady Franciscu?

Pior é que não preciso ir muito longe para esbarrar com essas coisas estranhas: meu avô, Amphilóphio; minha mãe, Arlese; meu tio, Petigard e minha tia, Clélia. Por que que inventam?

BlogUpGrade I - A crônica da semana passada da Claudia, do Afrodite tem tudo a ver com essa história: "Nome próprio é muito próprio de quem usa!"


?

Mora no Brasil? A população é enorme? 20% não tem carteirinha?

Mora em SP? Tem cachorro? Ele já pode ter carteirinha.

fevereiro 15, 2002

Futilizar é preciso!

Cansei de procurar o meu ânimo, que apesar de estar mais mais para up do que down, ainda pode subir um pouquinho. E sabe do que mais? Detesto esse meu ar de Oh! Dia! Oh! Vida! Vou para Ipa. Cabelereiro. Manicure. Comprar um presente para minha mãe pela vitória dela. Pois então, não falei nada, pois ainda estava quente, mas andei down legal por conta do tal exame que ela resolveu fazer. Afinal, aos 88, tomar anestesia geral, já dá um certo medo, não dá não? Mas ela resolveu e fez. E só perguntava ao médico quando é que podia beber outra vez. Muito bom e merece um presente, além da cerveja, estupidamente gelada, é claro! Nada de grandes tensões para hoje. Quero futilizar as coisas. E não me venham querendo trazer nada de sério, pois vou sair de banda. Se nada disso der certo, aceito o conselho do Claudio e tomo um Toddynho.

As saídas
Um amigo dizia que quando uma relação vai mal, as tentativas mais comuns para tentar "melhorar" as coisas, são uma viagem, ter um filho ou reformar a casa. Sempre achei graça nessa visão em dar a um relacionamento apenas essas três saídas. Muito tempo depois é que me dei conta de essas três são também as ações que acontecem quando o relacionamento vai muito bem. Talvez por isso, alguns recorrem a elas quando as coisas não vão tão bem. Ele só esqueceu de dizer a saída quando não se tem vontade de tentar nenhuma das três.
Soltando pipa -- (Vale a pena publicar de novo)

Ou empinando papagaio, diriam outros. Ou lançando sinais de fumaça, também poderia ser. Quem sabe umas batidas de tambores? O negócio é lançar no ar, para fora de mim, sonhos, como se fossem uma pipa. Pipas-sonhos com os pés no chão, tratando de descartar brechas tratantes e, alargando as que valem a pena.

Você já ouviu algum homem dizer que encontrou a mulher que o fez Homem? Ou isso é coisa de mulher?

fevereiro 14, 2002

Escrever e ficar sem comentários deve ser igual a você jogar futebol sozinho: você chuta, dribla você mesmo, faz falta em você mesmo, faz gol sem goleiro e corre para abraçar -- a você mesmo. Muito sem graça.

O legal do blog é você levantar a bola e o companheiro marcar o gol com um comentário muito melhor do que a bola recebida. O máximo!

Foto: http://www.footballculture.net/photos.us1.html

Tsk, tsk,tsk...Das metades e dos inteiros

De que adianta se ter metade de um coração, se a mente mente para outra parte e diz para a parte tonta de amor que assim não pode, que assim não dá.

Essa mente mentirosa de verdades racionais não sabe, de verdade, nada das verdades do coração.

O outro coração, inteiro e sem divisão, não quer metades

e não acredita que a metade, mesma que inteira seja uma parte considerável do todo.

O todo é acordar, acarinhar, ir andar, é ouvir que a camisa está amarrotada, é visitar a mãe doente, é acarinhar outra vez; é viver inteiramente junto, não a metade, mas de verdade, sem meias verdades.

Na Urca, alienados como convém

O companheiro-com-muita-sorte e eu assistimos uma discussão ontem sobre leite condensado. Os dois, alienados graças a Deus não entenderam nada do que rola lá naquela casa de "gente estranha, com cara esquisita, eu não tô legal...". Era o BBB.

fevereiro 13, 2002

"Post achado não é roubado", como diz a Aninha

Pois então, falei tanto em esctita fina e tinta molhada e acabei encontrando esse post lá no Diário Virtual Coletivo, bem no viés das tintas:

"Quando ainda não exisitiam as canetas, lápis, ou essas tecnologias para escrever, os escritores, poetas e copistas utilizavam-se de penas.. que molhavam num tinteiro.. . Bom, quando alguma coisa que deveria ser escrita ou comentada não possuía importância suficiente para que se gastasse uma pena para tal, dizia-se: "Não vale a pena..".. quer dizer, prá que gastar uma pena com esse assunto? Creio que cada vez que se utilizava uma pena para escrever ela deveria gastar-se muito rapidamente, por isso o dito.. Se alguém souber, ou tiver, outra explicação, por favor, comente esse posting..."

Está aí uma pergunta que hoje não sei responder: Afinal o que é que vale a pena? Vale a pena escrever o tal do livro? Vale a pena lutar para descristalizar?

Bem, amanhã eu penso nisso, como dizia a Scarlett O Hara, que o vento não levou.

Procura aí para mim?
Apareceu aí na sua casa, o meu ânimo? Será que não está aí, escondido, junto com aqueles pés de meia que sempre somem daqui?
Triste, triste, trissssssssste...

Escrito assim, tantas vezes, parece menos triste.

Mas não é o máximo.

fevereiro 12, 2002

Um amor e uma cabana ou Para que lareira sem lenha?

Está . "VENDO UM ALQUEIRE COM CHALÉ rodeado de sossego, silêncio e muito verde..."

Não dá para resistir, ainda mais nesses tempos de lantejoulas, alegorias e sambas sem enredo. Só preciso levar meus cds, meus livros e dispensar as cabras, de pastarem solenes no meu jardim. Sonhar não custa nada. O preço altíssimo vem de não realizá-lo.

Só para ter certeza: acabou mesmo a história de um amor e uma cabana? ("Agora eu era herói e o meu cavalo só falava inglês...")

fevereiro 11, 2002

Na dúvida -- pró réu.

Até hoje estou em dúvida entre os dois títulos: escrita fina ou tinta molhada. O primeiro, entendo como causa; o segundo, como a grande conseqüência. Pois esse é o meu grande objetivo: marcar tal qual tinta molhada. Marcar de forma que nenhum removedor retire; e manter a marca sempre com o mesmo brilho, comum à tinta molhada.

O por quê do espanto? Nunca me coloquei como one way; não na vida, menos nas relações. Afinal, qual essa de ser mata-borrão, que tirava da tinta o seu brilho, que garantia a certeza de nenhuma mancha sobre o papel, que tirava da tinta o viço e a tornava estátua indelével? Quero ser tinta fresca sempre, molhando a cada toque quem se encosta ou chega perto.

O que é que eu posso fazer se nunca tive a tendência às coisas secas, tipo esferográfica, que não brilham, nem quando escrevem? Seu único brilho vem de quando estouram e aí só causam estragos. Não quero estragos; não para mim, nem para quem chega junto. Quero ser tinta-molhada, tinta-mulher -- sempre.

BlogUpGrade I - do Claudio em resposta ao meu comentário de que complicado é conviver com a idéia de que se é tinta forte e descobrir-se tinta aquarela lavável, onde não queria ser. Mas os enganos fazem parte da vida, não é mesmo? "Ai, ai, ai... Se a gente descobre quem a gente realmente é, já é um grande passo, menina. De repente, vale como uma mudança:
- na parte da vida em que a gente viveu como tinta, pensou como tinta, achou que fosse tinta, pode acreditar: ali a gente era tinta.

- e a partir do momento em que a gente se descobre aquarela, dessa que se redesenha no movimento incontrolável da água, quase indomável mesmo para um pincel experiente, a gente não deixou de ser tinta, só ganhou o presente de poder ser, numa mesma vida, duas coisas diferentes. Olha o presente, menina! Nem todo mundo pode..."

Como sempre acontece, os comentários superam os escritos.

fevereiro 10, 2002

É Carnaval!

I

Para ser mais exata, Domingo de Carnaval e vi duas meninas fantasiadas --- de Jade. É O Clone, trazendo o Carnaval até você. (Na tela da tv no meio dese povo, a gente vai se ver na Globo!, lembra?)

II

Que coisa esquisita, criança fantasiada de adulto e, prá complicar, adulto inventado da tv. Essas mães têm cada uma. Sabe, eu acho que até as crianças estranham. E se encantam, com crianças fantasiadas de coisas de crianças. LF, o neto, me falou de uma garotinha do infantil do Colégio dele, fantasiada de Emília e disse que até a luva da mão dela era com os quatro dedos juntos e um separado; sabe como: Igual a mão de boneco de pano mesmo.

III

Dá a maior saudade dos índios, piratas, havaianas. Hoje se alguém diz que vai sair de havaiana, todos pensam que é de sandália de borracha. Cadê as bailarinas, com as sainhas de filó, sapatilas rosas, meia arrastão e o coque comum enroladinho na rede? As colombinas sumiram. E as tirolesas? Nossa tirolesa é uma fantasia muito antiga, mas era uma gracinha. O short verde com suspensórios com um galão colorido, vermelho, verde e dourado, uma camisa branca, um chapéu de Peter Pan com uma pena, meias soquetes brancas e sapato preto. Hoje, ninguém entende tanta roupa assim. Pode imaginar um destaque de escola de samba com tanta roupa? Dá para ver como antigamente isso aqui era mais fresco.

IV

Um ano minha irmã saiu de zebra. Era uma malha inteira, zebrada (claro), branca e preta que ia até o pescoço; bastante ousada, pois era colada no corpo. Na cabeça, saía um rabo de cavalo de ráfia preta -- o máximo. A fantasia era linda, apesar de quentíssima até para o Rio daqueles tempos. Fala a verdade: passa pela sua cabeça, alguém hoje, nesse calor infernal se fantasiar de zebra? Ainda corre o risco de ser processada por alguma organização protetora das zebras que deve existir por aí.

V

Muitos homens se fantasiavam de cabelos grisalhos. Era um talco no cabelo e, os mais incrementados (expressão dos velhos carnavais) usavam um chapéu de comandante de avião ou de navio ou de qualquer coisa. Naqueles carnavais, parece que eles não viviam a síndrome do medo de envelhecer. Era raro o tipo do "tio" com o suéter nos ombros e os cabelos acaju -- isso é uma péssima invenção moderna.

VI

Tinham aqueles maravilhosos que se fantasiavam de árabe ou sheik. Maravilha. Era difícil ficarem feios. Eu, pelo menos achava todos lindos, pois sempre tive uma queda por homens enrolados nos panos. Na minha fantasia eram todos Omar Sharif soltos no salão, arquitetando o rapto das tirolesas, havaianas e bailarinas distraídas. E ainda era comum os que se fantasiavam de "colar de havaiana", e, pronto, sobre qualquer roupa significava estarem fantasiadíssimos.

VII

Depois, era ir para o baile, ficar com os dois braços para cima, com os indicadores apontando para o teto; cantar os refrões das músicas, namorar muito, beber nem tanto, jogar lança-perfume nas costas suadas de alguém, namorar muito, cantar emocionado "está chegando a hora", dar as últimas puladas no hino "Cidade Maravilhosa", ir para casa e dormir -- porque no dia seguinte tinha mais.

BlogUpGrade I "Eu sempre me fantasiei de eu mesmo. Por isso nunca teve graça. Nem pra mim, nem pra ninguém. (...) Eu não dançava. Abaixava e ficava ali, catando confetti, serpentina e os restos das mulheres.(...) Um dia pisaram minha mão. Doeu, eu lembro; mas saí carregado de Carnaval nos bolsos - tudo que eu havia catado no salão." O texto completo, nos Comentários e no site dele





fevereiro 06, 2002

Fernandinha e a pergunta que não quer calar

E a pergunta dela, que eu não sei responder é: Por que o Carnaval é uma festa móvel que traz atrelado 40(?) dias depois, a Semana Santa? Aceito a ajuda de todos os universitários.

Essa não!

Lá no fundo, bem lá no fundo, sempre morou um certo desconforto pela minha alienação. Afinal, nunca fiz passeata; nunca fui uma ativista ecológica comprometida com a salvação do planeta; não sou frequentadora de sessões de cinema cult; da arte só gosto ou não gosto; não sei descrever os movimentos literários do Trovadorismo até o Pós-Modernismo; não tenho a menor noção de em quantos países foi fatiado o continente africano; não assinei manifesto contra a disseminação de culturas inteiras; geralmente, não entendo nada quando os economistas falam... -- tudo isso eu concordo que me enquadre lá na categoria de cidadã alienada. Agora me chamar de alienada, porque não assisto a Big Brother Brasil, ah, essa não!

Presente
Pois então, a Meg me apresentou a Etel Frota, através de um email. Sabe o que é você conhecer alguém pelas suas letras? Pois foi assim que a conheci e agora a apresento a você, também através das suas letras.
Língua

Insano
insensato
insuficiente
apêndice verbal


Esfolado
insistes no som
que dê nome à vertigem
adjetivo à dor sem cura


Antes estivesses viajando
sabendo desse homem o sal da pele
o gosto secreto de suas dobras
a curva lisa do céu de sua boca
a dureza de seus dentes
as voltas todas de sua orelha


Assim, mudamente
sabendo a paixão

Etel Frota

fevereiro 05, 2002

O mar não está para peixe, nem para garrafas, paus, plásticos, toras, troncos ...

Ressaca até na praia da Urca. O mar está bravo, devolvendo tudo o que não é dele. O que não lhe pertence, flutua. Vi um homem que pegou emprestado do mar, um tampo de mesa; sem dúvida mais útil para ele do que para as águas.

Engraçado a personificação que se dá ao mar -- bravo, violento. Tal qual quando há trovoadas e se diz que São Pedro está empurrando os móveis. Igual aos índios nos filmes que davam aos fenômenos da natureza cara, voz e sentimentos. É antiga essa nossa forma de lidar com a natureza. É tanta beleza e força que a gente teme e treme diante dela, não é não?

Os sumidos

Aí à esquerda estão relacionados os meus blogs favoritos. Pois então, parece que dois já não existem mais, todavia insistia em mantê-los, numa esperança de volta. Mas desisti de esperar e os tirei de lá; saem, apesar de permanecerem favoritos. Bingo!

Essa dificuldade para lidar com certas evidências é muito minha conhecida. Fico pensando em quantas coisas já se foram e em como eu finjo que ainda existem. Será que é só comigo?

É a crise.

Lembra daquele casal catador de marisco que eu acho que se aposentou? Então hoje vi uma nova versão. Um self-made-man catava sozinho. Despediu ou dispensou um ajudante e com muita técnica supria a falta de mão-de-obra para a tarefa. O barco, ancorado perto, flutuava com os remos presos. Ele mergulhava, arrancava os mariscos das pedras e encestava-os numa geladeira de isopor que trazia amarrada a um dos tornozelos, tal qual os surfistas fazem com as pranchas, sabe como? Tempos de crise.

Surpresa noturna

Pois então, ontem à noite descobri que o cachorro comeu o calcanhar do tênis novíssimo que o com-muita-sorte trouxe dos States. Estou até agora sem saber como dizer isso...Acho que ele não vai, definitivamente, gostar.

fevereiro 04, 2002

O Carnaval e as Perguntas-chave

Há uma relação carnaval-pergunta que descreve a linha do seu tempo:

Você é criança e a pergunta é: Vai se fantasiar de quê? (na maioria das vezes de índio). Você "adolesce" e a pergunta quer saber: vai pular aonde? Um pouco mais crescida, lá pelos 20, a questão é: vai sair em que Escola? Cresce mais um pouco e a pergunta constante é: vai viajar no Carnaval?

Sinal dos tempos que passam, mas, nesses tempos de fevereiro no Rio, essa última é a pergunta mais comum entre os "da gema".

Extrapolei

Reconheço. Tenho que admitir que reunir, na mesma refeição, tacos com guacamole e filézinhos com tomate e cebola, mais beiju ao forno com manteiga e parmesão -- é atingir o estágio imediatamente superior à comida a quilo.

Pior é que ficou tudo ótimo e combinaram-se todos.

fevereiro 03, 2002

Florença

A cidade de Florença, fundada pelos romanos, atingiu o seu máximo esplendor durante o Século XV, sob o domínio dos Médicis.

Dizem que é uma cidade romântica. Estou só esperando a brecha, para ir lá conferir.


Fonte: http://www.virtourist.com/europe/florence/Florence_Photos.htm

Fachadas e ETC








O que escondem as fachadas? O que elas teimam em dizer? Fiz um corte no olhar dessa cidade, olhei as fachadas das casas e ouvi o que falam...A maior conversa que rola, mudamente, entre muros e grades é o medo, a falta de segurança, as trancas, os porteitos em guaritas blindadas, num upgrade das antigas fortalezas. Onde estão as casas de cercas vivas? Para onde irão as "casas soltas", como diz LF, o neto, que assim chama aquelas casas que não se sabe onde acaba uma e onde começa a outra, tal o cenário comunitário que as une?

E olhando, pelas frestas das janelas de onde o pouco que se vê é muito, presencia-se muita representação. São vidas e histórias sustentadas por uma infra-estrutura de marketing tão forte que acaba funcionando tal qual propaganda bem feita: mesmo que você não consiga se lembrar do produto anunciado, você não esquece a música. Não importa o quê você esteja vendendo ou comprando. Tipo a música não pode parar. Acontece que não só pode, como deve. O que deve tocar é tão é somente aquela música que toca lá dentro no coração. Sem espaço para qualquer outra, certo? Por que senão vai ficar tal qual show decadente, onde as vedetes, cansadas, chapam o sorriso de cada dia, dançando e cantando para o salão vazio.

Pois então, concluo que nessa história tola de fachadas, o etc é muito mais importante e é onde rola a vida que é de verdade.

Fonte fotos:http://www.photosbyflorence.com/






fevereiro 02, 2002

Porque hoje é sábado

É dia de ficar mais loura. De não fazer nada muito importante. De curtir as lembranças da vez. De concluir que a brecha é a minha vida.

fevereiro 01, 2002

First Class: @joyce no JB Online, na coluna jackiemiller.